Sencinet vê oportunidade no backup de redes privativas

Executivo da integradora indica que substituição de sistemas MPLS por SD-WAN já é uma realidade; também comenta sobre a parceria com a Starlink, por meio da qual a empresa planeja ofertar conectividade via satélite de baixa órbita em toda a América Latina
Sencinet aponta oportunidades para redes privativas no Brasil
Luiz de Sá, country manager da Sencinet no Brasil, aponta como a demanda por redes privativas tem crescido (crédito: Divulgação/Sencinet)

A integradora de serviços gerenciados e comunicação Sencinet tem boas expectativas para o mercado de redes privativas, sobretudo no que diz respeito à atualização tecnológica e à incorporação de soluções de redundância. Segundo o country manager e CCO da empresa no Brasil, Luiz de Sá, a demanda pela migração de sistemas MPLS por SD-WAN tem contribuído para impulsionar os serviços das integradoras.

“O que você vai ver no mercado é que está havendo uma movimentação de MPLS para SD-WAN. Isso é inegável, porque é mais barato, mais flexível e há oferta abundante”, destaca, em entrevista ao Tele.Síntese, realizada nesta terça-feira, 5.

De acordo com o executivo, especificamente no Brasil, muitas empresas estão “em transição nesse momento”, optando pela adoção da abordagem que permite gerenciar o tráfego de dados e trocar informações por redes virtuais sobrepostas.

“Funciona exatamente como uma rede privativa, incluindo a segurança, com as vantagens de preço e bandas melhores”, explica. “Há uma demanda muito perceptível no mercado, de modo que acredito que em alguns anos, não sei precisar quando, vai haver basicamente uma substituição do MPLS pelo SD-WAN”, acrescenta.

Além disso, Sá sinaliza que a evolução das tecnologias móveis tem sido usada como forma de ampliar a redundância das redes privativas.

“Soluções de redundância que temos para a Caixa Econômica Federal contam com 4G e 5G. Isso é realidade, não é um projeto ou algo para o futuro”, afirma. “O quanto isso vai tomar o espaço de outras tecnologias, como fibra e satélites, não se sabe ao certo. O que está havendo é uma zona cinzenta em que várias tecnologias coexistem”, assinala.

Parceria com a Starlink

Parceira da Starlink na oferta de conectividade via satélite para o setor corporativo, a Sencinet planeja utilizar a banda larga distribuída pela empresa de Elon Musk em pacotes por toda a América Latina. Os satélites de baixa órbita terrestre (LEO, na sigla em inglês) devem incrementar os serviços oferecidos pela Sencinet, ajudando a conquistar clientes que necessitem de conexões mais rápidas e com baixa latência.

“Em torno da Starlink, temos uma série de ofertas que compõem o pacote que oferecemos ao mercado. Por isso, bancos que já são nossos clientes, como o Bradesco, se interessaram [pela conectividade via satélite]”, diz Sá. “Acreditamos que temos valor agregado [com os satélites LEO] para oferecer aos clientes”, acrescenta.

Em sua resposta, o executivo citou a conexão de agências do Bradesco no estado do Amazonas com a banda larga da Starlink realizada no mês passado, projeto por meio do qual a integradora divulgou o início da parceria com a empresa de satélites.

Além do mais, Sá destaca que a Sencinet já “está abordando clientes em toda a América Latina, do México até a Argentina”, no que diz respeito à integração da conectividade de baixa órbita em seu portfólio de produtos.

“Podemos entregar altas taxas de velocidade e baixa latência. Não é difícil ter 300 megabits [por segundo], o que no satélite geoestacionário custa caro, porque você tem uma faixa de atuação que custa razoavelmente mais”, afirma.

De todo modo, Sá pontua que a parceria com a Starlink não inviabiliza soluções geoestacionárias. Segundo ele, aplicações que demandam poucos dados ainda serão realizadas de modo eficiente por intermédio de equipamentos que ficam a uma distância maior da Terra.

“Uma aplicação de monitoramento de um oleoduto que de dez em dez minutos manda dados sobre a vazão do óleo, o geoestacionário é melhor, porque usa pouca banda e é mais barato”, exemplifica.

Starlink e concorrentes

O executivo salienta que o contrato entre Sencinet e Starlink não prevê exclusividade para nenhuma das partes. Desse modo, a integradora deve utilizar a banda larga de baixa órbita da empresa de Musk como um serviço a mais em seu pacote oferecido ao mercado.

Ao ser questionado sobre parcerias com outras operadoras de satélites LEO, Sá não revelou planos concretos, mas indicou que a integradora costuma trabalhar com mais de um fornecedor.

“Neste momento, não posso dizer se estamos dispostos ou não [a fechar outras parcerias]. Só posso dizer que, historicamente, trabalhamos com vários fornecedores”, frisou.

“Então, para nós, isso faz parte da nossa história, mas não sei se isso vai se reproduzir em contratos com outras operadoras. Isso o futuro vai dizer. A nossa função, como integrador, é integrar soluções. Às vezes, o cliente recebe uma solução melhor de um determinado fornecedor do que de outro. Estamos sempre procurando melhores opções”, complementou.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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