Semicondutores nos EUA: incentivo bilionário vai a sanção
O Congresso norte-americano concluiu nesta quinta-feira, 28, a votação da lei que destina subsídio bilionário para produção de semicondutores nos EUA, estratégia para competir com a liderança asiática no setor. A norma, conhecida como “Chips and Science” – que significa chips e ciência – agora segue para sanção do presidente, Joe Biden.
Em pronunciamento à imprensa internacional, o chefe do governo americano comemorou a aprovação pelo parlamento e reforçou o objetivo estratégico da medida. É “exatamente o que precisamos fazer para crescer nossa economia agora”, disse Biden às agências.
A lei prevê mais de 52 bilhões de dólares (aproximadamente, R$ 270 bilhões) em incentivos para empresas investirem na produção de semicondutores nos EUA e 24 bilhões de dólares em crédito fiscal para a fabricação.
A iniciativa envolveu acordos no parlamento, levando apoio bipartidário. A lei foi aprovada no Senado, nesta quarta-feira, 27, por 68 votos favoráveis contra 32 contrários. Menos de 24 horas depois, foi aprovado na Câmara, por 243 a 187.
Durante as votações, críticos ao projeto alegaram que seria necessário muito investimento para concorrer com a Ásia em um momento em que os EUA enfrenta alta inflação. Já os apoiadores defenderam a medida como um incremento na economia.
Atualmente, a oferta de semicondutores é insuficiente para a demanda de produtos. Os EUA já fabricam alguns dos tipos mais avançados de semicondutores, mas eles são produzidos em maior escala na China.
No Brasil, incertezas
Em junho do ano passado, o governo federal anunciou o fechamento da única fábrica nacional de semicondutores, o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec). A análise da liquidação está parada desde setembro do ano passado, por decisão cautelar do Tribunal de Contas da União (TCU).
Em junho, o ministro Paulo Guedes afirmou que o governo está convidando fabricantes de semicondutores a se instalarem no Brasil, sem detalhar os meios da medida.
“Estamos conversando com quem produz na Europa, na Ásia. Estamos falando: façam arranjos produtivos e tragam para o Brasil. Esse mesmo arranjo que vocês têm em Taiwan, na França, nos EUA, tragam para o Brasil. Se mais tarde tiver problemas geopolíticos ou logísticos, vocês já terão fábrica no Brasil também. Depois da resposta deles, vamos ver como fazer”, afirmou ao Tele.Síntese.
Já em julho, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, o diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação Digital, do MCTI, Henrique Miguel, reconheceu a importância da produção de semicondutores.
“A pandemia do Covid e a guerra na Ucrânia, problemas de transporte de insumos da China e demais países da Ásia, em 2020 e principalmente em 2021, causaram impactos na indústria automobilística, resultando na queda da produção global por falta de chips”, disse na ocasião.
Miguel citou o empenho de outras lideranças econômicas no setor e afirmou que, no Brasil, o governo federal defende a ampliação da cadeia de valor de semicondutores, fortalecendo as design houses, diversificando o back-end e atraindo investimentos em front-end.
*Com informações de agências internacionais