Sem definir estratégia, não há como falar em venda de ativos da Oi
Nos últimos dias aumentaram as especulações sobre uma possível venda das operações de celular da Oi. Movimento atribuído a acionistas que não só querem vender esta parcela importante da empresa, como também querem mudar o atual presidente, Eurico Teles.
E as apostas, inclusive de bancos que já atuaram em capitalizações da própria empresa, como BTG, são de que a Oi já pensaria na venda da empresa de celular, que atua em todo o país.
Além dessa alternativa, há outras especulações que ainda são comentadas a boca miúda. O mercado fala também em diferentes modelagens de venda – como por exemplo, o fatiamento da empresa, não um fatiamento territorial, mas um fatiamento funcional – ou seja, a separação do backbone, o patrimônio mais cobiçado da Oi, das suas demais estruturas de rede.
O certo é que, a depender do interesse de cada possível comprador, ou competidor, as especulações mudam. E o que há, de fato, por enquanto, são mesmo especulações.
Conforme reforçaram fontes da empresa, seria muito temerário qualquer movimento, neste momento, de venda de qualquer ativo, sem que a Oi tenha decidido qual será o seu futuro, qual o tamanho que pretende ter, quais mercados pretende se destacar.
E para definir a estratégia futura, a Oi contratou três consultorias – a Oliver Wyman, para lidar com os investimentos a serem feitos; o BCG, Boston Consulting Group para elaborar uma revisão estratégica e o Bank of America Merrill Lynch como assessor financeiro, inclusive para analisar alternativas de M&A (fusão e aquisição).
Essas consultorias apenas deram o início aos seus estudos, que deverão demorar pelo menos mais quatro meses a serem concluídos, quando então, a diretoria e o conselho de administração irão tomar a decisão sobre o futuro da empresa.
Conselho de Administração e Acionistas
O conselho de administração da Oi, por sinal, é formado por especialistas no setor (como o ex-presidente da TIM, Rodrigo Abreu), e no mercado financeiros (como seu presidente, Eliazar de Carvalho, fundador do Virtus Br Partner) e não tem vínculo direto com os principais acionistas, os fundos de investimento.
Entre os fundos de investimento, o maior é o Goldentree, que já tem participação de 16% da concessionária brasileira. Esse fundo é um dos sócios da Oi desde o início e participou das duas etapas de capitalização.
A primeira, que converteu as dívidas de mais de R$ 63 bilhões em participação acionária – perto de 70% – e a segunda etapa, concretizada no mês passado, de injeção de R$ 4 bilhões novos. Já se sabia que o Goldentree Asset Management seria um dos maiores acionistas depois das duas etapas, seguido pelo York Capital Management Global Advisors e o Solus Alternative Asset Management. E ainda os fundos Canion e Brookfield fazem parte da lista, embora não tenha sido comunicada oficialmente com quanto cada qual ficou.
E fundo de investimento é assim: com mais ou menos compromisso de investir a longo prazo, eles querem realizar lucros para seus sócios e acionistas às vezes a qualquer preço.
A Pharol, por sua vez, poderia ficar com até 7,4% das ações após a engenharia da Recuperação Judicial montada pela Oi, mas não teve bala na agulha, e acabou ficando com pouco mais de 5,5% das ações da nova companhia, o suficiente para indicar um membro no Conselho de Administração.
Eurico
Eurico Teles, presidente da Oi, de fato foi escolhido para ficar no cargo até o final deste mês, embora não tenha mandato por prazo determinado. Toda solução da Oi é atípica. Isso significa que após fevereiro, Teles só sai da direção da Oi se os membros do conselho de Administração assim o quiserem, e não se seus acionistas pressionarem pela imprensa.
Vale lembrar que os atuais fundos, acionistas da Oi, não indicam membros para o conselho de Administração porque a legislação norte-americana não permite. Assim, mesmo que queiram derrubar Teles, não têm representatividade no conselho da companhia. Podem até construir uma maioria, mas esse trabalho demanda tempo e articulação, e não ocorrerá até o final deste mês, como se especula.