Sem definir estratégia, não há como falar em venda de ativos da Oi

A direção da Oi e seu conselho de Administração só decidirão sobre venda de ativos depois que as consultorias contratadas concluírem seus estudos, o que vai demorar ainda mais quatro meses. Entre as especulações, há também a tese do fatiamento da rede fixa da empresa. Tudo especulação.

Nos últimos dias aumentaram as especulações sobre uma possível venda das operações de celular da Oi. Movimento atribuído a acionistas que não só querem vender esta parcela importante da empresa, como também querem mudar o atual presidente, Eurico Teles.

E as apostas, inclusive de  bancos que já atuaram em capitalizações da própria empresa, como BTG, são de que a Oi já pensaria na venda da empresa de celular,  que atua em todo o país.

Além dessa alternativa, há outras especulações que ainda são comentadas a boca miúda. O mercado fala também em diferentes modelagens de venda – como por exemplo, o fatiamento da empresa, não um fatiamento territorial, mas um fatiamento funcional – ou seja, a separação do backbone, o patrimônio mais cobiçado da Oi, das suas demais estruturas de rede.

O certo é que, a depender do interesse de cada possível comprador, ou competidor,  as especulações mudam. E o que há, de fato, por enquanto, são mesmo especulações.

Conforme reforçaram fontes da empresa, seria muito temerário qualquer movimento, neste momento, de venda de qualquer ativo, sem que a Oi tenha decidido qual será o seu futuro, qual o tamanho que pretende ter, quais mercados pretende se destacar.

E para definir a estratégia futura, a Oi contratou três consultorias – a Oliver Wyman, para lidar com os investimentos a serem feitos; o BCG,  Boston Consulting Group  para elaborar uma revisão estratégica e o Bank of America Merrill Lynch como assessor financeiro, inclusive para analisar alternativas de M&A (fusão e aquisição).

Essas consultorias apenas deram o início aos seus estudos, que deverão demorar pelo menos mais quatro meses a serem concluídos, quando então, a diretoria e o conselho de administração irão tomar a decisão sobre o futuro da empresa.

Conselho de Administração e Acionistas

O conselho de administração da Oi, por sinal, é formado por especialistas no setor (como o ex-presidente da TIM, Rodrigo Abreu), e no mercado financeiros (como seu presidente, Eliazar de Carvalho, fundador do Virtus Br Partner) e não tem vínculo direto com os principais acionistas, os fundos de investimento.

Entre os fundos de investimento, o maior é o Goldentree, que já tem participação de 16% da concessionária brasileira. Esse fundo é um dos sócios da Oi desde o início e participou das duas etapas de capitalização.

A primeira, que converteu as dívidas de mais de R$ 63 bilhões em participação acionária – perto de 70% – e a segunda etapa, concretizada no mês passado, de injeção de R$ 4 bilhões novos. Já se sabia que o Goldentree Asset Management seria um dos maiores acionistas depois das duas etapas, seguido pelo York Capital Management Global Advisors e o Solus Alternative Asset Management. E ainda os fundos Canion e Brookfield fazem parte da lista, embora  não tenha sido comunicada oficialmente com quanto cada qual ficou.

E fundo de investimento é assim: com mais ou menos compromisso de investir a longo prazo, eles querem  realizar lucros para seus sócios e acionistas às vezes a qualquer preço.

A Pharol, por sua vez, poderia ficar com até 7,4% das ações após a engenharia  da Recuperação Judicial montada pela Oi, mas não teve bala na agulha, e acabou ficando com pouco mais de 5,5% das ações da nova companhia, o suficiente para indicar um membro no Conselho de Administração.

Eurico

Eurico Teles, presidente da Oi, de fato foi escolhido para ficar no cargo até o final deste mês, embora não tenha mandato por prazo determinado. Toda  solução da Oi é atípica. Isso significa que após fevereiro, Teles só sai da direção da Oi se os membros do conselho de Administração assim o quiserem, e não se seus acionistas pressionarem pela imprensa.

Vale lembrar  que os atuais fundos, acionistas da Oi, não indicam membros para o conselho de Administração porque a legislação norte-americana não permite. Assim, mesmo que queiram derrubar Teles, não têm representatividade no conselho da companhia. Podem até construir uma maioria, mas esse trabalho demanda tempo e articulação, e não ocorrerá até o final deste mês, como se especula.

 

 

 

 

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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