Schroeder: Oi não deve vender ativos no Brasil para sair da recuperação judicial

O CEO da Oi Marco Schroeder disse hoje que a empresa nem deve vender ativos brasileiros - embora na oferta da recuperação judicial os sócios tenham apresentado uma lista de bens à venda, entre eles as redes de fibras, os datacenters e até operações móveis - nem deve aceitar novos investidores (rejeitando também a oferta dos bondholders e o bilionário egípcio).

 

Logo OiApesar de a Oi ter apresentado em seu processo de recuperação judicial a proposta de venda de diferentes ativos para equacionar a sua dívida (entre eles, a companhia havia citado operações móveis, redes de fibra óptica, data center e imóveis), o presidente da operadora, Marco Schroeder, afirmou hoje, 19, que não acha necessária a venda de ativos no Brasil, no máximo das empresas que estão na África e no Timor Leste.

Segundo o executivo, não há qualquer negociação em curso.  Quanto ao interesse da América Móvil pelo backbone de fibra e a operação de celular de São Paulo, demonstrada hoje, 19, pelo seu CEO, José Félix, Schroeder disse que continua a “vender serviços para todos”.

Na semana passada, em entrevista ao Tele.Síntese, o novo acionista da Oi, Nelson Tanure, dizia que era contrário a venda de bens brasileiros, apresentada antes de seu ingresso na companhia. Hoje, o CEO da Oi confirma esse novo entendimento. “Não acredito em venda de ativos neste momento dentro do Brasil. Mas dentro de dois ou três anos”, afirmou ele. Para ele, o objetivo da empresa deve ser o de negociar a dívida.

Segundo Schroeder, nem mesmo o ingresso de um novo sócio investidor seria necessário neste momento. Isto porque, explicou, a empresa teria que “parar toda a negociação da dívida para tratar do novo sócio”.

“Não trabalhamos com o cenário de novos investidores no momento, nem com qualquer aporte de recursos públicos”, afirmou. Com isso, o empresário descarta também a oferta dos bondholders, que teriam se associado a um bilionário egípcio para capitalizar a empresa.

Regulação

Para ele, seria importante que a regulação mudasse rapidamente pois, com isso, a Oi teria mais condições de se capitalizar melhor. “Ninguém hoje consegue se remunerar corretamente neste setor. A Vivo mostrou que tem um retorno de capital de 7%, para uma taxa Selic de 14%. Se essa empresa estivesse devendo para  banco brasileiro, não conseguiria. Como tem sócios de fora, tem mais calma. Mas o setor como um todo precisa buscar um reequilíbrio econômico”, disse Schroeder.

Para ele, ao contrário de seus concorrentes, se o projeto de lei 3453, que muda o marco legal de telecom não for aprovado este ano, a Anatel deveria promover ela própria mudanças regulatórias mais profundas – como por exemplo, alterar desde já o Plano Geral de Metas de Universalização.

Conforme o executivo,  o consultor financeiro, PJT, contratado antes da reestruturação para servir de advisor da empresa já não trabalha mais para a companhia. Segundo Schroeder, a contratação dessa consultoria foi feita para a negociação direta com os credores, principalmente do mercado internacional. Hoje a realidade é outra. “É natural que busquemos um consultor financeiro que possa nos apoiar nessa nova realidade, e que conheça profundamente a legislação brasileira”, disse.

Investimentos

A Oi já investiu nos primeiros seis meses do ano mais o que realizou no mesmo período do ano passado,  disse ele, sem no entanto abrir os números.

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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