São Paulo é única cidade brasileira entre os 100 clusters de inovação mais avançados do mundo

Capital paulista fica na 72ª posição do Índice Global de Inovação em 2023; ranking mostra cidades e regiões do Leste da Ásia na liderança entre os clusters de ciência e tecnologia espalhados pelo planeta
São Paulo é única cidade latino-americana em ranking de inovação em ciência e tecnologia
São Paulo é única representante latino-americana em ranking de inovação de ciência e tecnologia (crédito: Freepik)

A cidade de São Paulo é a única cidade brasileira e latino-americana a figurar entre os 100 clusters de ciência e tecnologia mais avançados do mundo em 2023. Prévia do Índice Global de Inovação (IGI), divulgada nesta quarta-feira, 20, pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (WIPO, na sigla em inglês), aponta a capital paulista na 72ª posição.

Segundo a WIPO, nos últimos cinco anos, São Paulo foi responsável por 42 pedidos de registro internacional de patentes e pela publicação de 1.406 artigos científicos, em média, por 1 milhão de habitantes.

Apesar dos números, a metrópole caiu duas posições no ranking geral em relação a 2022, ficando entre Dallas (71ª posição), no estado norte-americano do Texas, e Helsinque (73ª), capital da Finlândia – veja o top 10 internacional abaixo.

Pelo índice que mede a intensidade das pesquisas de ciência e tecnologia em relação à densidade populacional, a capital paulista aparece na 98ª posição, sem alteração na comparação anual.

Patentes

No que diz respeito às aplicações de registro de patentes, lideram as solicitações internacionais a partir de São Paulo a Braskem (8%), a Natura Cosméticos (4%) e a Dow Global Technologies (3%).

Tecnologia médica e química fina orgânica são os temas mais presentes nos pedidos de patentes paulistas – cada um é representa 10% das aplicações. Em seguida, aparecem categorias como outras máquinas (8%), química molecular (6%), química de materiais básicos (6%), farmacêutica (6%) e manuseio (5%).

Conforme o relatório, 23% dos pedidos de patentes de São Paulo são aplicados em parceria com inventores de Rio de Janeiro, Porto Alegre e Nova York.

Publicações científicas

A WIPO ainda mostra que a Universidade de São Paulo (USP) é responsável por mais da metade (51%) dos artigos científicos publicados, seguida pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), com 12% e 5%, respectivamente.

Os temas que lideram as publicações são cirurgia (7%), biologia aplicada (7%), química (7%), tecnologia (6%), medicina clínica (6%), matemática e física (6%) e biotecnologia e bioquímica (6%).

Além disso, o relatório destaca que 45% dos artigos científicos publicados em São Paulo são feitos em colaboração com outras organizações, sobretudo localizadas no Rio de Janeiro, Nova York e Boston-Cambridge.

Ranking internacional

O indicador de inovação mostra que os principais clusters de inovação do mundo estão no Leste da Ásia. Os cinco polos mais avançados, por exemplo, ficam no Japão, na China e na Coreia do Sul.

O ranking aponta Tóquio-Yokohama (Japão) na liderança, seguido por Shenzhen-Hong Kong-Guangzhou (China e Hong Kong), Seul (Coreia do Sul), Pequim e Xangai-Suzhou (China).

O primeiro representante do Ocidente – San Jose-São Francisco, na Califórnia (Estados Unidos) – aparece na sexta posição. Confira o top 10 na tabela a seguir.

Posição no ranking Cluster País
1 Tóquio–Yokohama Japão
2 Shenzhen–Hong Kong–Guangzhou China/Hong Kong
3 Seul Coreia do Sul
4 Pequim China
5 Xangai–Suzhou China
6 San Jose–São Francisco, CA EUA
7 Osaka–Kobe–Quioto Japão
8 Boston–Cambridge, MA EUA
9 San Diego, CA EUA
10 Nova York, NY EUA

Vale destacar que o primeiro cluster europeu na lista é Paris, na 12ª posição.

Dentro do top 100, na divisão por país, a China encabeça o indicador com 24 clusters, à frente dos Estados Unidos, com 21. Também se destacam a Alemanha, com nove, e Japão, Canadá, Índia e Coreia do Sul, todos com quatro polos municipais ou regionais de pesquisa e inovação.

“Os clusters de ciência e tecnologia estão entre os componentes mais críticos para o desempenho inovador de qualquer economia. Ao reunir a ciência, as empresas e os empreendedores, estas cidades ou regiões são capazes de construir um ecossistema que traduz ideias científicas em impacto no terreno”, diz Daren Tang, diretor-geral da WIPO.

“Também é encorajador verificar que estes clusters de ciência e tecnologia estão crescendo a um ritmo particularmente rápido nas economias emergentes”, complementa.

O índice global classifica a capacidade inovadora de países em todo o mundo. O relatório completo de 2023 será lançado no dia 27 de setembro.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

Artigos: 1137