República Central-Africana desiste do Bitcoin como moeda oficial
A República Central-Africana anunciou que deixou de categorizar Bitcoin como moeda oficial do país. Inspirada no projeto pioneiro de El Salvador, território localizado na América-central, o país subsaariano oficializou a criptomoeda como parte de sua economia em abril de 2022. Um ano depois, após o posicionamento contrários do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Comissão Bancária da África Central (COBAC) e da Comunidade Monetária e Econômica da África Central (UMAC), o país deixou de aderir à política.
Baseado no projeto proposto por Nayib Bukele, presidente salvadorenho e investidor agressivo, a adesão da Bitcoin como moeda oficial por ambos os países busca tornar pequenas economias mais independentes do mercado financeiro internacional. Agora, mais uma vez, El Salvador segue sozinho com a estratégia.
Em entrevista para o Tele.Síntese, Luiz Persechini, economista, comentou sobre o caso. “Muitas vezes países muito pequenos ou com algum tipo de bloqueio possuem dificuldade de se financiar externamente, não conseguindo realizar empréstimos a um custo interessante. Assim, em teoria, financiar-se por criptomoedas garantiria maior controle a nação que cédulas emitidas por outro país”.
O especialista também aponta que a escolha pela Bitcoin trata-se de uma jogada de marketing do presidente, apoiada no amplo conhecimento do ativo no mercado financeiro. “Ele espera mostrar que El Salvador é aberto a investidores de criptomoedas, consequentemente aumentando o interesse pelo país”, afirma.
Em seu Twitter, Nayib Bukele comenta frequentemente sobre o criptoativo e sua expectativa de prosperidade econômica para o país a médio e longo prazo com a aquisição de Bitcoins. No início de 2022, o governante publicou que ao menos dois países adotariam a estratégia, mas a previsão não se cumpriu. Atualmente, o principal obstáculo enfrentado para a adesão da proposta consiste na volatilidade presente na criptomoeda, desvalorizando mais de 50% desde 2021.
“Grandes economias não aceitariam criptomoedas como moeda oficial. Um dos fatores de segurança para qualquer país é o controle da moeda e sua emissão, assim o governo adotar criptoativos para integrar a economia acaba por ferir esses princípios. O posicionamento global que vemos e deve intensificar-se é a adoção de propostas como a do Real Digital, como vem sendo discutida no Brasil.” finaliza Persechini.
Ettory Jacob é estagiário de jornalismo da Momento Editorial