Rede Helium: o que é e como está sendo implementada no Brasil

Conexão usa o protocolo LoRaWAN e soma mais de 6 mil pontos de acesso na América Latina segundo a empresa BrDot, que importa os equipamentos para o Brasil.

Existem no Brasil iniciativas explorando comercialmente diferentes redes para entregar serviços de internet das coisas. As grandes operadoras móveis trabalham com tecnologias NB-IoT e Cat-M, provedores e integradoras revendem LoRA, Sigfox, Zigbee. Recentemente, novas empresas tentam a sorte por aqui com o Helium, um modelo criado nos Estados Unidos em 2013.

Em resumo, a rede Helium é wireless, descentralizada e utiliza protocolo LoRaWAN (Long Range Wide Area Network), baseado em blockchains, com amplo alcance e baixo consumo de energia nas conexões. De diferente, há o modelo de negócio. Qualquer pessoa pode comprar um ponto de acesso e instalar em casa para uso próprio e de terceiros. A depender do volume de tráfego, o dono do ponto é pago.

O protocolo de rede é voltado principalmente para IoT e tem proporcionado diversos projetos ao redor do mundo. No Reino Unido, por exemplo, a empresa Dragino Tech usa a rede para monitoramento de agricultura. Nos EUA, a empresa do Arizona Secure Tool aplica a conexão em soluções de segurança, por exemplo.

Rede Helium no Brasil

(Crédito: Freepik)

Uma das entusiastas da tecnologia no Brasil é a BrDot. Fundada em julho de 2021, a empresa trabalha junto à Nova Labs – empreendimento dos fundadores da Helium – para difundir a rede na América Latina. Tornou-se a importadora e distribuidora dos equipamentos por aqui, que operam na banda não licenciada de 900 MHz.

Recentemente, a empresa firmou parceria com a Parlacom, que atua em soluções de M2M e IoT no Brasil, e vai oferecer soluções de internet das coisas baseadas na conectividade Helium.

Rodrigo Junco, co-founder da BrDot, explica o panorama da tecnologia no país. “Temos já uma quantidade importante de gateways no Brasil e na América Latina, aproximadamente 6 mil pontos de acesso já em funcionamento”, afirma.

Para Junco, um dos diferenciais da tecnologia é o modelo de negócio. “A rede Helium é uma rede sem dono. Não existe um poder centralizado, como são as soluções de telecom hoje no mercado, onde você tem uma gestão única”, diz.

Clóvis Lacerda, CEO da Parlacom, conta que já acompanha a tecnologia de perto nos EUA e vê a descentralização na prática.

“Eu tenho já aqui nos Estados Unidos alguns amigos que têm o gateway da Helium. Você pode comprar um gateway, instalar na sua casa e ele já começa a propagar com sinal que permite que as soluções de IoT possam se conectar nessa rede. Você faz o investimento no equipamento mas você participa de uma forma de monetização do investimento que você fez, além de permitir que esse ecossistema monetizado e gateways espalhados possam dar acesso a áreas que não têm cobertura das estruturas tradicionais de IoT”, explica.

Ambos destacam, porém, que a parte de monetização ao dono de um gateway é uma iniciativa da Helium Foundation. Defendem, acima de tudo, o padrão e seu modelo descentralizado, independentemente da estratégia tomada para massificar a tecnologia.

Helium e 5G

(Crédito: Freepik)

Sandro Tamman, diretor executivo da Parlacom, defende o potencial da rede Helium para aplicações IoT como forma de complementar o 5G e destaca que o intuito é ampliar a conectividade com a colaboração ao invés de competir no mercado.

“O 5G está sendo implantado agora com 3,5GHz, exige uma quantidade de antenas muito elevada. A gente sabe que ainda é um pouco inviável ficar instalando uma quantidade de antenas muito grande”, pontuou o diretor.

Outro ponto que coloca o 5G, por hora, limitante, é o difícil acesso, na visão de Tammam. “Assim como o 4G e o 3G foram no passado, o 5G vai ficar restrito aos principais nichos e bairros das cidades, os que dão mais rentabilidade para as operadoras”, opina.

“Já a rede LoRaWAN tem um espectro muito amplo. É um LPWA, você consegue, com baixa potência, atingir áreas muito grandes, então, você entra complementando. Se onde esse gateway estiver ligado você tem um ponto de 4G, uma fibra, ou uma internet via rádio, pode ampliar a cobertura para atingir o campo, as fábricas, indústrias. O LoRa vem para essa última milha”, explicou.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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