Brasileiro já usa mais o celular para acessar a internet do que para falar, diz SindiTelebrasil

Em outubro deste ano, a receita média (Arpu) com comunicação de dados das operadoras foi de 62% contra 38% de voz. E a tecnologia 4G já está em 95 milhões de aparelhos, contra 92 milhões da WCDMA (3G). Mas a 2G só acabará se preço do smartphone cair.

As operadoras de celular brasileiras já têm mais receita com o acesso à internet do que com o tradicional serviço de voz. Conforme o SindiTelebrasil, no terceiro trimestre deste ano, o Arpu (conta média de celular) registrou 62% com dados e 38% com voz. O presidente da entidade, Eduardo Levy, estima que no próximo ano essa relação deverá se ampliar para pelo menos 80% e 20%.

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Esse desempenho se deve também ao forte crescimento da tecnologia 4G (que estimula o usuário a acessar mais os dados do que a 3G). Segundo o balanço da entidade, em outubro deste ano os aparelhos de celular com a LTE já somavam 95 milhões, contra 92 milhões da tecnologia 3G (WCDMA, apenas). Para Levy, a tecnologia 2G (que não traz o acesso à internet), embora também tenha caído muito – havia 52 milhões de devices em outubro do ano passado, e agora são 36 milhões de aparelhos no país), ainda deverá se manter, se não for barateado o smartphone. “ O preço do smartphone tem que cair, pois é a barreira residual para a migração do 2G”, afirmou o executivo.

Fistel

O setor defende também a isenção dos impostos – neste caso, o mais importante agressor são as taxas do Fistel (que também se desdobraram em taxas para o audiovisual (Condecine) e para a EBC (CFRP) – para que a IoT (Internet das Coisas) avance no país. “Com a tributação atual, o desenvolvimento da IoT está comprometido”, vaticina o executivo. Segundo Levy, cada sensor de IoT deverá apurar uma receita anual de R$ 12,00, e terá resultado negativo de R$ 2,29 no primeiro ano de pagamento de todas as taxas setoriais e ICMS , e depois resultado positivo de R$ 1,51 por chip funcionando.

Desempenho

 

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A receita bruta das operadoras do setor apresenta queda, voltando para os patamares de 2013, aponta o SindiTelebrasil, e os investimentos encolheram ainda mais. Até setembro deste ano, as operadoras apresentaram receita bruta de R$ 169 bilhões, contra R$ 172 bilhões de setembro de 2016, ou queda de 1,3%.

investimentos-teles-sinditelebrasil-2017Os investimentos, por sua vez, caíram 3,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Até setembro, as prestadoras de serviço investiram R$ 16,9 bilhões, contra R$ 17,4 bilhões de setembro de 2016. Levy observa que esses são valores nominais, sem considerar a inflação, o que significa que os investimentos e o faturamento são ainda menores.

PLC 79

Para ele, esses números confirmam que somente a aprovação do PLC 79 (que permite as concessionárias migrarem para o serviço privado, pagando pelos bens reversíveis em investimentos em banda larga) poderá criar um novo período de crescimento de investimentos no país.

Para Levy, o fato de o projeto não ter sido sequer avaliado este ano pelo Senado Federal pode ser responsabilidade do próprio setor de telecom. “ A indústria não teve a capacidade de mostrar a importância do projeto para o país”, admitiu. Ele espera que em 2018 essa questão se reverta.

E avalia que, se o PLC 79 era visto por alguns segmentos como aquele que iria atender a Oi, esse assunto, para a concessionária, “já passou”. “Sabemos é que novos investidores, como a China Telecom, avisaram que querem a aprovação do projeto para dar maior sustentabilidade ao setor, visto que as receitas das concessões de telefonia fixa estão despencando e isso afeta a todas as concessionárias”, concluiu.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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