Procura por 5G impede queda do setor de telecomunicações em 2022

Abinee aponta que quantidade de telefones celulares vendidos deve cair neste ano, embora receita aumente em razão da demanda por dispositivos que suportam a quinta geração de internet móvel
Procura por aparelhos 5G impede queda no faturamento do setor de telecom
Procura por smartphones 5G, mais caros do que outros modelos, fez a receita das vendas aumentar (crédito: Freepik)

O setor de telecomunicações deve terminar o ano de 2022 no empate. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o faturamento da atividade deve atingir R$ 46,5 bilhões neste ano, ante R$ 44,5 bilhões registrados no ano passado. A alta de 4%, no entanto, deve ser suprimida pela inflação, uma vez que, em termos reais, o faturamento não deve avançar nem retrair.

As estimativas para o ano vigente foram compartilhadas pela Abinee em conferência com jornalistas, nesta quinta-feira, 8. Contudo, 2022 não foi de todo perdido para a indústria de telecom. Ao desmembrar os dados, nota-se que a área de infraestrutura deve crescer, em termos reais, 5%.

A projeção de vendas de telefones celulares aponta queda de 5% em número de unidades que devem chegar às mãos dos consumidores. Estima-se que 40,084 milhões de aparelhos, entre smartphones e celulares tradicionais, sejam vendidos neste ano. Em 2021, foram comercializados 42,164 milhões de dispositivos. Por outro lado, a receita deve crescer 4%.

“A queda no número de unidades vendidas e, ao mesmo tempo, o aumento da receita se justificam porque os consumidores buscaram aparelhos mais sofisticados, com 5G”, explicou Luiz Carneiro, diretor de Dispositivos Móveis de Comunicação da Abinee.

Segundo Carneiro, ao fim deste ano, mais de 100 aparelhos com suporte a quinta geração de internet móvel devem estar homologados pela Anatel, o que melhora a expectativa de vendas para o próximo ano.

“Devemos ter aparelhos partindo de R$ 1.300. Os modelos com preços mais baixos vão aparecer em função da demanda por 5G”, sinalizou.

Além disso, a associação indica que, neste ano, as vendas de smartphones no mercado não oficial – o chamado “mercado cinza” – deve atingir 3 milhões de unidades, o equivalente a 8% do setor. Vale destacar que, em 2018, esse tipo de comércio respondia por 2% dos aparelhos vendidos.

Ainda sobre o setor, a Abinee projeta que a indústria de telecomunicações cresça 2% em termos nominais em 2023, com o faturamento chegando a R$ 48,988 bilhões.

SETOR ELETROELETRÔNICO

O faturamento do setor eletroeletrônico como um todo deve chegar a R$ 220,4 bilhões neste ano, superando em 4% o registrado no ano passado (R$ 211,3 bilhões). Entretanto, em termos reais, ou seja, descontando a inflação projetada em 6%, a indústria elétrica e eletrônica deve ter queda de 2%.

A produção, da mesma forma, deve cair 4%. O número de empregados, por outro lado, deve passar de 263,7 mil, em dezembro de 2021, para 270 mil ao fim deste ano. O incremento de 6,3 mil trabalhadores representa uma alta de 2% na força de trabalho. Estima-se que a capacidade instalada fique em 80%, ligeiramente acima do ano anterior (79%).

Segundo a associação, a demanda interna por semicondutores e módulos fotovoltaicos deve puxar a alta nas importações. Com isso, o déficit na balança comercial de produtos elétricos e eletrônicos deve passar de US$ 34,4 bilhões, em 2021, para US$ 39,3 bilhões, ampliando o saldo negativo em 14%.

“Foi um ano difícil, de muitos desafios, no qual enfrentamos inúmeras dificuldades por falta de componentes e matérias-primas. A expectativa era melhor no segundo semestre, mas não se confirmou. Depois de muitos anos, temos um decréscimo de 2%”, resumiu Humberto Barbato, presidente executivo da Abinee.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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