Planos da Viasat para o Brasil incluem banda larga residencial e internet em avião
O gerente geral de Wifi Comunitário da Viasat na América Latina, Kevin Cohen, em entrevista ao Tele.Síntese diz que os planos da empresa na parceria com a Telebras são ambiciosos. Depois de atender aos 15 mil pontos do Gesac e 50 mil comunidades (em 2 anos), pretende levar banda larga residencial internet para os aviões.
Explica que a empresa não disputou o chamamento público lançado pela estatal porque “não fecha a conta”. A sua proposta é a melhor, defende, porque vai atingir as comunidades remotas. E tem confiança na Justiça e no Tribunal de Contas da União de que o acordo será liberado. Leia os principais trechos da entrevista:
Tele.síntese – Onde a Viasat atua hoje?
Kevin Cohen – A Viasat tem 32 anos desenvolvendo tecnologia satelital, com sede em San Diego. 26 escritórios espalhados pelo mundo. Temos 5 mil empregados, 4 satélites. Viasat 1, que lançamos em 2011, 140 BGPs, com cobertura no Canadá, EUA e norte do México. Com 600 mil assinantes residencias nos EUA, para internet. Ano passado, depois de SGDC, lançamos na Guaina Francesa o Viasat 2 com 2 vezes mais capacidades, que cobre Canadá, EUA, México, Centro América e Caribe. E na Europa temos Jointe-venture com a Eutelsat
Tele.Síntese – Ouvi falar que o acordo com a Eutelsat acabou
Cohen – A Joint-venture ainda existe, mas eles decidiram atender a próxima geração com outro satélite para a Europa, mas temos naquela região mais de 100 mil assinantes. Estamos lançando também constelação de satélite. O primeiro será em 2020, com cobertura em 1/3 do globo. Em 2021 chegará na Europa e o plano é alcançar a Ásia. Toda a tecnologia está desenvolvida por nós. Desde satélite, chip, modens.
Tele.Síntese – E a experiência do projeto Wifi comunitário?
Cohen – Com o Viasta 1, instalamos um piloto de banda larga nas comunidades rurais onde não tem nada, perto da cidade de Monterrey, no México. Há 6 meses lançamos o serviço próprio de Wi-fi comunitário e hoje já temos mil comunidades no México e pretendemos chegar 3 mil este ano. Em 2014 compramos uma empresa que operava rede de pontos de acesso pelo mundo. Com essa tecnologia de Wi-fi e o serviço satelital, podíamos dar serviço de alta qualidade a comunidades remotas. E também no ar, quando já atendemos nove companhias aéreas.
Tele.Síntese – E porque se interessaram pelo mercado brasileiro?
Cohen – Noss interesse é levar nossa aprendizagem do Wifi comunitário. O mercado brasileiro é muito maior do que o do México. Estimamos que 40 a 50 mil comunidades pequenas sem conexão de banda larga ou de serviço celular poderão ser atendidas. Nosso plano é levar a tecnologia que temos e o know how ao Brasil. Também iremos atender ao projeto de Gesac, já sabemos como operar rede de mihares de assinantes. Nos Estados Unidos fazemos 30 mil instalações por mês.
Tele.Síntese – Quais são os planos, então?
Cohen – Gesac, primeiro; segundo Wi Fi comunitário e depois levar serviço residencial que temos nos estados Unidos, pois temos know how.. Porque o SGDC é único em banda ka sobre 100% da população brasileira em todo o território brasileiro.
Tele.Síntese – Você fala que a tecnologia permite também fazer telefonia móvel. Têm planos para prestar o serviço celular no Brasil com esse acordo?
Cohen – Nosso plano é mais identificado ao WI Fi fixo. Instalamos uma antena em uma lojinha e essa loja revende o serviço com código de acesso, ele é o pequeno empreendedor. aí, aparece no portal do tablet, do smartphone e a pessoa coloca o código e passa a ter acesso à internet, por hora, por aplicativo ou dados. O serviço é muito customizado, conforme as necessidades das pessoas.
Tele.Síntese – O presidente da Telebras, Jarbas Valente, afirmou que a Viasat fez a melhor proposta, com o maior retorno financeiro para a Telebras. E o modelo de negócios se sustenta de que forma, já que vão atuar nas comunidades remotas e pobres?
Cohen – A Telebras recebeu proposta de todos os concorrentes . E algumas foram parecidas com a nossa, mas nós propomos levar banda larga às comunidades remotas e os outros não têm essa experiência. Temos investido mais de 2 anos e dezenas de milhões de dólares na tecnologia Wifi. Levar serviço WiFi comunitário cumpre a função social do SGDC. Outras poderiam dar serviço residencial ou empresarial, mas ninguém tem o Wifi comunitário.
Tele.Síntese – Mas onde está o dinheiro?
Cohen – Internet é quase um direito básico e humano. Existem muitas pessoas nas comunidades, e se recebermos 10 reais por pessoa por mês, a gente pode cumprir com missão social e missão econômica.
Tele.Síntese – Como é a parceria com a Telebras? Vão atender ao governo federal?
Cohen – Não. A Telebras vai atender ao governo federal, mas teremos um revenue share (compartilhamento de receita). O governo federal paga à Telebras e nós fazemos as instalações, ajudamos a operar os serviços no Gesac. Logo teremos compartilhamento na receita também com o WiFi comunitário.
Tele.Síntese – A Viasat terá revenue share com o serviço ao governo federal que a Telebras for prestar? Ou vai vender equipamentos?
Cohen – Não vendemos nada. É tudo revenue share. Instalamos e fazemos todo o investimento, nas estações terrestres, investimos nas antenas nas comunidades remotas e no Gesac e fazemos o investimento e compartilhamento do revenue share.
Tele.Síntese – Então, vocês vão chegar em uma comunidade remota, lá no Amazonas, vão instalar o equipamento, e terão a receita de onde?
Cohen – Das pessoas que moram lá.
Tele.Síntese – Vocês, então, vão vender diretamente para as pessoas?
Cohen – Sim. E dessas receitas tem o revenue share com a Telebras.
Tele.Síntese – Nesse modelo, vocês vão vender também para os governos locais?
Cohen– Pode ser no futuro outra fonte de receitas.
Tele.Síntese – E essa venda justifica? Entendo que só poderiam atuar, então, nas áreas remotas?
Cohen – Não. Podemos atuar em todas as áreas. Por exemplo, no serviço residencial.
Tele.Síntese – Em uma capital também?
Cohen– Também. Podemos vender como varejo a internet residencial, como fazemos nos EUA.
Tele.Síntese – Isto está no modelo de negócios da Viasat para o Brasil?
Cohen – Uma parte do modelo de negócios. Primeiro, Gesac; segundo Wifi comunitário; terceiro, serviço residencial. Quarto, serviço no ar. Mas a ideia é de fazer mil instalações por mês no Wi-Fi comunitário e o GESC antes de lançar outros tipos de serviço.
Tele.Síntese – Qual a meta com o Wifi comunitário?
Cohen – Nossa meta é chegar até 50 mil comunidades em dois anos. Depois da liminar.
Tele.Síntese – Porque não disputaram o chamamento público da Telebras?
Cohen – Muito fácil de explicar. O chamamento público não tinha os requisitos básicos para atendermos, porque fazemos os investimentos nas estações terrestres, e só se pode utilizar toda a capacidade da banda Ka para levar o serviço. Se tiver que compartilhar com pequenas operadoras ou com várias operadoras, não fecha a conta para ninguém.
Tele.Síntese – Não entendi
Cohen – Tem um investimento para estações terrestres e é um investimento muito alto. O chamamento público tinha várias franjas de porcentagem de capacidade e nós queremos levar outra proposta, como também fizeram os outros concorrentes. Tínhamos pensado outro modelo, não era interessante o chamamento público. Não queremos operar em condições econômicas, mas ajudar o povo brasileiro.
Tele.Síntese – Vocês viriam com esse projeto sem contar com o satélite da Telebras?
Cohen – Nosso plano é ficar com a Telebras. Eles são nossos parceiros. Temos confiança na Justiça e no TCU.