“Jornada Pix sem redirecionamento é porta de entrada para inovações”

Em entrevista ao DMI, Gustavo Lino, diretor-executivo da INIT, fala sobre os pontos positivos da regulamentação do Banco Central para o Pix por aproximação, o que deve possibilitar outras inovações, como o ‘Click Pix’ e as transações por aproximação entre pessoas físicas
“A jornada sem redirecionamento é uma porta de entrada para inovações que irá replicar no arranjo Pix a experiência de sucesso que se vê no cartão”, diz Gustavo Lino, da INIT | Foto: Divulgação

No início de agosto, o Banco Central (BC) publicou as resoluções nº 406 e nº 407, regulamentando o Pix por aproximação. Na prática, isso significa que a jornada de pagamento por essa modalidade será feita sem redirecionamento, isto é, ao pagar um produto ou serviço com Pix não será mais necessário o redirecionamento para o aplicativo do banco ou a carteira digital. A transação será realizada diretamente no ambiente do comerciante.

O Pix por aproximação será obrigatório para as instituições detentoras de conta que movimentam 99% das transações de iniciação de pagamento já a partir de novembro. Já para as demais instituições, a obrigatoriedade de disponibilizar a funcionalidade é janeiro de 2026.

Para saber mais sobre essa mudança na jornada de pagamento via Pix, o DMI, portal de informação sobre o sistema financeiro digital e de crédito do Tele.Síntese, conversou com Gustavo Lino, diretor-executivo da Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamentos (INIT), instituição que reúne 14 associados, entre eles, Google e Mercado Pago.

De modo geral, quais são os principais impactos da implementação da jornada de pagamento sem redirecionamento para o Pix?

Além do Pix por aproximação, a jornada sem redirecionamento também deve possibilitar a compra via Pix com um clique no mundo online (Click Pix). Outro ponto importante, e pouco falado, é que o pagamento por aproximação também poderá ser feito de celular para celular, facilitando ainda mais as transações entre pessoas físicas.

Quantos iniciadores de transação de pagamento (ITPs) se beneficiam dessa nova regulação? Essas empresas precisaram ou precisarão fazer alguma adaptação para que a jornada de pagamento seja sem redirecionamento?

Hoje são 33 ITPs homologados no Open Finance e prontos para operar. Para ofertar a jornada sem redirecionamento é necessário que eles passem por um processo adicional de homologação e certificação para garantir a conformidade com o padrão de segurança internacional FIDO2. Esta é uma tecnologia que já vem embarcada de forma nativa nos dispositivos, tanto mobile quanto desktop. Trata-se de uma fundação em rocha firme para a construção de inovação em matéria de autorização de pagamento em ambiente online e offline.

Há impactos para esses ITPs em termos de investimentos?

Não, os impactos em termos de investimento para a implementação da jornada sem direcionamento não são significativos para as instituições. Há, inclusive, soluções de mercado para auxiliar as instituições, caso optem pela terceirização.

Por outro lado, a alteração traz oportunidades para o mercado?

A jornada sem redirecionamento surge como uma porta de entrada para uma série de inovações que o Open Finance trará para o usuário e que irá replicar no arranjo Pix a experiência de sucesso que se vê no cartão. Quando unirmos jornada sem redirecionamento, transferências inteligentes, Pix recorrente e Pix automático, veremos isso de forma completa e atendendo cada vez mais usuários. Dessa forma, a jornada sem redirecionamento representa uma forma adicional de recebimento por parte das empresas, o que pode trazer novos usuários para suas plataformas e, consequentemente, um aumento de receita.

E para os consumidores? Quais as principais vantagens?

Além da facilidade para realização de pagamentos e outros benefícios já citados, um ponto importante é a inclusão digital de usuários que representam uma parcela considerável da população bancarizada, mas ainda sem acesso a cartão de crédito ou com limite muito baixo. Essas pessoas ainda têm dificuldades para realizar compras online, seja no e-commerce ou aplicativos de streaming, transporte, alimentação.

Em relação à segurança, há algo com que os consumidores devem se preocupar ou ficar mais atentos?

Além das camadas de segurança do Pix, que deve ser feita utilizando métodos seguros como senhas, biometria (impressão digital ou reconhecimento facial) ou autenticação por dois fatores, o Open Finance traz camadas adicionais de segurança e exigência de mais certificados para garantir a higidez das transações. E como dito anteriormente, essa mudança traz ainda novos requisitos de segurança e exigência de certificado de segurança internacional específico. Dessa forma, pode-se falar que o fluxo da jornada sem redirecionamento é ainda mais seguro que os fluxos tradicionais.

Vale ressaltar também que todas as instituições participantes do Open Finance são devidamente autorizadas pelo BC e estão sujeitas à regulação sobre segurança cibernética e antifraude, ou seja, elas devem obedecer a todos os critérios do regulador para estabelecer um fluxo de pagamento e compartilhamento de dados seguro para o usuário e todo o ecossistema.

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Simone Costa

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