Parte da indústria de eletrônicos planejou reduzir P&D em 2022, diz IBGE
Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a indústria de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos se destaca no pequeno grupo de 3,2% das empresas brasileiras que planejaram diminuir os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) neste ano (16% das companhias do ramo) – enquanto que em 2021 este mesmo segmento liderou o dispêndio em P&D entre as outras categorias fabris (66,6% das companhias do setor).
Os dados são da inédita Pesquisa de Inovação (Pintec) Semestral, referente ao ano 2021, divulgada nesta quinta-feira, 15. O estudo tem por objetivo a construção de indicadores básicos da indústria, com recortes setoriais e nacionais. Nesta primeira edição, os resultados mostram impactos da pandemia de Covid-19 e as tendências nas diversas áreas da economia.
As conclusões obtidas mostram que do setor de informática, eletrônicos e ópticos faz parte da minoria (10,2%) das empresas que enxergaram oportunidades durante a pandemia. No entanto, as inovações implementadas em produtos no ano de 2021 foram aplicações que já eram realidade em outros países (saiba mais abaixo).
A amostra levou em conta 1,4 mil empresas, pertencentes às indústrias extrativas e de transformação, com 100 ou mais pessoas ocupadas, com sede no Brasil. Foram consideradas instituições do cadastro central do IBGE ,incluindo parte das companhias beneficiadas com incentivos fiscais pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI), por meio da Lei do Bem.
Taxa de inovação
A taxa de inovação – medida pela participação percentual do número de empresas que implementaram inovações de produto ou processo de negócios em relação ao total de empresas investigadas – mostra que no ano de 2021, 70,5% das empresas introduziram algum produto novo ou substancialmente aprimorado, ou incorporaram algum processo de negócios novo ou aprimorado para uma ou mais funções de negócios da empresa.
Entre todas as categorias de indústria extrativas e de transformação, a fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos apresentou a segunda maior taxa de inovação, com 86,5%. O primeiro lugar foi do setor de produtos químicos (87%) e o último de produtos de madeira (42,6%).
O relatório do IBGE destaca que há “uma relação de proporcionalidade direta em relação ao tamanho das empresas”, uma vez que as faixas de menor porte, de 100 a 249 pessoas ocupadas, tiveram menor taxa de inovação (66,6%) que a observada nas demais faixas, de 250 a 499 (75,3%) e nas empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas (76,7%).
Inovação para quem?
Quando se trata de inovações de produto, a fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos brasileira implementou em 99% das ações novidades que já estão em uso em outros países e em 41,7% dos casos novidades que ainda não eram executadas no mercado nacional.
Os resultados dos produtos inovadores foram:
- Melhores que o esperado: 19%
- De acordo com o esperado: 51%
- Abaixo do esperado: 10%
- Ainda é cedo para avaliar: 19%
Já para inovações em processo de negócios, a fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos brasileira lidera com 79,2% em taxa de inovação. Em segundo está a indústria de produtos químicos (73,7%) e em último indústrias extrativas (41,2%).
O setor de eletrônicos inovou mais em atividades de marketing e práticas de gestão. Veja as funções completas abaixo:
Parcerias e startups em baixa
De acordo com a Pintec Semestral 2021, 41,7% empresas inovaram em produto ou processo de negócios por meio de algum tipo de arranjo cooperativo em 2021.
Na indústria em geral, a parceria com fornecedores foi a mais frequente para 35,3% das empresas inovadoras. Em seguida, aparecem os clientes e consumidores (31,2%), Consultores ou empresas de consultoria (28,1%) e Infraestrutura de Ciência, Tecnologia e Inovação (25,7%).
Já entre as parcerias menos frequentes, a interação com startups é a menos comum na indústria brasileira, ocorrendo em apenas 8,7% dos casos gerais. Menor até mesmo que a cooperação com outra empresa do mesmo grupo de atuação (16,1%) e concorrentes (9,1%).
No setor de eletrônicos, as parcerias com as startups é um pouco melhor que nos outros segmentos, mas ainda não a ponto de se destacar. Veja:
Obstáculos à inovação
A Pintec 2021 mostra que 59,1% das empresas inovadoras apontaram ter enfrentado alguma dificuldade para realizar suas atividades inovativas em 2021. Isso ocorreu mais entre as empresas de menor porte,100 a 249 funcionários ( 67,6%).
Já as empresas que não inovaram em produto, nem em processo de negócios e que também não tiveram projeto incompleto ou abandonado, uma proporção bem menor de empresas (33,9%) respondeu ter encontrado dificuldades ou obstáculos para inovar. O maior motivo declarado para esta situação foram: instabilidade econômica (31,3%) e capacidade limitada dos recursos internos (29,4%).
A pesquisa do IBGE não trouxe recorte específico para área de eletrônicos quanto ao tipo de obstáculo enfrentado.
Sustentabilidade
A pesquisa também analisou quantas empresas publicaram relatórios de sustentabilidade em 2021 e chegou ao percentual de apenas 12%. Entre elas, 81,8% eram empresas inovadoras em produto ou processo de negócios.
Os setores com maior proporção de empresas com relatório de sustentabilidade são: bebidas (30,1%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (24,8%), produtos de madeira e metalurgia (ambas com 22,4%). De acordo com o IBGE, “ a maior incidência em tais setores pode estar relacionada a práticas obrigatórias específicas, como as impostas pela legislação, por exemplo, as quais são voltadas para o tratamento de águas e efluentes, resíduos sólidos, entre outras”.
Entre os 27 segmentos da indústria analisados, o setor de eletrônicos aparece em 8º lugar no ranking, com 19,1%.
Acesse a íntegra da pesquisa neste link.