Para se consolidar, IoT vai precisar de modelos de negócios inovadores
Os modelos de negócios que vão nortear o desenvolvimento do mercado de Internet das Coisas é que vão definir a escala e a consolidação dessa área, alertam especialistas. Isso pode ocorrer com parcerias entre estados e iniciativa privada, entre empresas, ou mesmo no ecossistema de negócios setoriais. Em termos de conectividade, não é preciso esperar pela 5G para que IoT avance, há muito que ser explorado nas redes atuais e em implantação. Segundo Vinícius Garcia de Oliveira, coordenador do estudo em IoT do CPqD, 70% das conexões que vão alimentar essas plataformas serão de curto alcance, como Wi-Fi e bluetooth.
“Precisamos exercitar modelos viáveis economicamente, com sustentabilidade. Existem inúmeras formas possíveis para isso”, comentou Oliveira. Ele citou como exemplo a inclusão dos provedores regionais de menor porte que estão prestando serviços em áreas consideradas não rentáveis e que poderiam “iluminar” operações de IoT em regiões mais afastadas. Para Ricardo Mansano, diretor da Huawei, a gestão pública precisa olhar para formas de efetivar parcerias público-privadas que incentivem a utilização de IoT nos projetos de smart cities, por exemplo.
Durante debate sobre o tema realizado no 19 Wireless Mundi, Oren Pinsky, diretor de novos negócios da Qualcomm, reforçou que o modelo de negócios é o que gera a oportunidade de que sejam “puladas gerações” para alcançar determinados objetivos. Como exemplo, ele cita países africanos que de um período sem qualquer telefonia passaram para uma grande conectividade móvel que permitiu inúmeros serviços, como m-payment. “O Brasil teve várias oportunidades de permitir que as escolas fossem conectadas. Não conseguiu e os modelos propostos ficaram para trás. Agora, todos os alunos estão conectados via smartphones”, observou.
Na avaliação de José Paulo de Oliveira, diretor de Setor Público da Cisco Brasil, soluções capazes de sustentar novos modelos de negócios são a parte mais importante do processo de avanço de IoT. Ele considera que há áreas chaves para a transformação digital, como governo, cidades inteligentes, segurança e aplicação da lei e cibersegurança. “Hoje, 39 milhões de contribuintes usam os serviços do governo eletrônico, 99% dos órgãos federais já possuem website, 93% dos estaduais também e 74% estão presentes nas redes sociais”, analisou. A camada de rede que vai sustentar essa evolução, para ele, é fundamental e precisa ser inclusiva, como aconteceu com a evolução da Internet.
No que diz respeito à conectividade, Pinsky considera que a tecnologia 5G será responsável por dar grande impulso ao mercado de IoT. “A 5G muda tudo no cenário de IoT e o cabo perde a importância atual a não ser no backhaul que irá garantir o transporte dos dados”, afirmou. Mas há controvérsias. “A 5G precisa mais de IoT do que IoT precisa da 5G”, contrapôs Oliveira.
Segundo o executivo que coordena o estudo de IoT que servirá como base para a elaboração do Plano Nacional de IoT, há um universo de conexões que serão endereçadas pela tecnologia 4G, e outras auxiliares, que ainda podem ser explorados. “Temos um longo período e um espaço fértil para aproveitar as tecnologias que já estão presentes”, finalizou.