Para especialistas, educação financeira leva a mais inclusão

Especialistas do setor disseram que a melhora na educação financeira dos clientes é um fator chave para o desenvolvimento da economia
Digital Money Meeting - Painel 7 | Educação Financeira e Inclusão no Brasil. Evolução da educação financeira
Digital Money Meeting – Painel 7 | Educação Financeira e Inclusão no Brasil. Especialistas abordaram como a evolução da educação financeira pode melhorar essa inclusão

Tomar decisões financeiras está cada vez mais difícil. Os mercados financeiros tornaram-se mais complexos com a existência de novos canais de distribuição e produtos, o que aumentou o risco para os consumidores, exigindo mais competências e conhecimentos. Infelizmente, a falta de conhecimento financeiro básico ainda atinge muitas pessoas, expondo-as a riscos de cair em golpes e limitando suas oportunidades. Por isso, é fundamental pensar em como educar a população para melhor utilizar o sistema bancário e financeiro.

Essa foi uma das visões apresentadas em painel no Digital Money Meeting nesta terça-feira, 4. No evento, Elias Sfeir, presidente executivo da ANBC, disse que o sistema financeiro evoluiu, “ele permite cada vez mais acesso para que as pessoas tenham cidadania e exerçam seu bem estar. Diversos programas governamentais buscam promover a educação financeira, é o caso da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), entre outros”. Mas lembrou: “O consumidor educado financeiramente é um consumidor melhor”.

Banco Central e a educação financeira

Há diversas formas de promover a educação financeira através de programas do governo. Mas, além disso, muitas empresas tem diversos programas que também visam ajudar seus clientes a aprenderem a movimentar seu dinheiro de forma correta e estar sempre atentos a possíveis golpes.

O Banco Central publicou a Resolução Conjunta n° 8 de 21/12/2023 com a intenção de impulsionar as empresas a oferecer essa educação financeira para seus clientes. Ela dispõe sobre medidas de educação financeira a serem adotadas por instituições desse setor, instituições de pagamento e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.

Para Fernando Lamounier, sócio e executivo da Multimarcas Consórcios, isso alavancou projetos que estavam tímidos mas e tiveram que sair do papel . “O Banco Central considera que uma empresa teria, no momento de compra do cliente, o entendimento dessa pessoa, portanto repassa às empresas essa responsabilidade sobre a educação financeira”, afirmou.

Lamounier ainda aponta os três pilares dessa resolução do Banco Central, são elas: organização e planejamento do orçamento pessoal e familiar; poupança e resiliência financeira e prevenção ao superendividamento. “Fazer com que os clientes aprendam de fato sobre educação financeira não é apenas sobre disponibilizar o conteúdo, seja vídeo, e-mail ou curso. É garantir que o conteúdo chegue para o cliente de forma palatável e que esteja sendo consumido”, completou o executivo.

Empresas pela educação financeira

Amaury Martins de Oliva, diretor de sustentabilidade, cidadania financeira, relações com o consumidor e autorregulação da Febraban, lembra que há uma série de iniciativas com mais de 10 ou 15 anos em  da educação financeira. A questão dialoga com a erradicação de pobreza e redução da desigualdade.

Porém o diretor aponta alguns desafios: “Uma pesquisa da Febraban com o Banco Central sobre a saúde financeira do brasileiro apontou que cinco mil consumidores – de 33% a 34% – declararam que gastam mais do que ganham. Além disso, poucos se sentem aptos ou seguros para reconhecer produtos financeiros e investimentos”, afirmou.

Oliva ainda citou a atuação da Febraban, em conjunto com os bancos, em quatro eixos principais para ajudar o público: a repactuação de dívidas, que é um um alívio financeiro. São feitos mutirões de renegociações com um olhar para a educação financeira; as boas práticas dos bancos, sistema de autorregulação bancária, que orienta sobre cheque especial, oferta responsável de crédito; a promoção de finanças sustentáveis inclusivas, a empresa incentiva empreendedorismo e pequeno comércios; e as ações de educação financeira, com o objetivo de mudar a forma que se lida com dinheiro. Aqui temos como exemplo o portal de conteúdo da Febraban e plataforma de educação financeira.

Felipe Natale, superintendente jurídico, ESG e educação executiva da ABBC, reforçou que o advento do pix, entre outros fatores, levou à entrada de novos players e bancos digitais no mercado. Melhoraram o acesso ao sistema financeiros junto com a tecnologia, mas trouxeram desafios. Tem uma limitação de conhecimento, apesar do grande aumento da inclusão. “O risco de superendividamento por falta de informação e o aumento de fraudes e golpes foram algumas das preocupações que a ABBC teve nos últimos anos. Com isso, a entidade pensou na educação financeira como forma de mitigar esses riscos”, pontuou.

Fabio Sene Egashira, gerente de segurança e fraudes da Claro Pay, pontuou que a empresa busca o público com pouca taxa de bancarização e educação financeira escassa. Portanto a empresa “busca comunicar de forma simples por todos os processos financeiros envolvidos. Toda jornada de contratação é muito simples. Mostra tudo de forma transparente: quanto gasta, quanto recebe, quanto tempo demora pra quitar o empréstimo”, afirmou.

Evolução da educação financeira

A evolução da educação financeira é fundamental para reduzir a taxa de sucesso dos fraudadores. Isso porque quem não tem familiaridade com o funcionamento do setor financeiro fica mais vulnerável a cair em um golpe.

E não há idade para aprender. Os executivos ressaltam que existem projetos para todas as idades, desde adolescentes, crianças, menores em situação de vulnerabilidade até idosos que não tem familiaridade alguma com esse setor ou com as tecnologias .

Os executivos participaram do Digital Money Meeting, evento promovido pelo Tele.Síntese.

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Gabriel Gameiro

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