Pagamentos com cartões somam R$ 965 bilhões e crescem 11,4% no 1º trimestre
Os pagamentos com cartões somaram R$ 965 bilhões no primeiro trimestre deste ano, alta de 11,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, informou a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira, 15.
As transações com cartões de crédito totalizaram R$ 635,2 bilhões, avançando 14,4% em termos anuais. Em menor volume, os pagamentos com cartões pré-pagos alcançaram R$ 88,5 bilhões, crescendo 27,9%. A modalidade débito registrou leve baixa de 0,4%, ficando em R$ 241,2 bilhões.
Na avaliação de Giancarlo Greco, presidente da Abecs, dois fatores contribuíram para o aumento das transações com meios eletrônicos no período: a taxa de desemprego, na casa dos 7,9%, e o crescimento do comércio.
“Isso, obviamente, contribui para que a indústria [de cartões] seja mais um grande instrumento de acesso ao consumo e à inclusão na economia”, afirmou.
Os dados da associação também mostram que, no intervalo de janeiro a março, 10,8 bilhões de transações com cartões foram feitas no País. A quantidade representa alta de 11,3% ante o mesmo período de 2023 e recorde histórico do setor para um primeiro trimestre.
Nos três meses iniciais de 2024, o volume de pagamentos cresceu em todas as modalidades – crédito avançou 13,3%; débito, 2,9%; e pré-pago, 25,6%. Em média, foram feitas 120 milhões de transações por dia.
A modalidade crédito registrou o tíquete médio mais elevado do período (R$ 136,48), mais do que o dobro do débito (R$ 61,42) e quase quatro vezes superior ao pré-pago (R$ 40,25).
Internacional
Os gastos de brasileiros no exterior, por meio de cartões emitidos no Brasil, somaram US$ 3,8 bilhões (R$ 18,9 bilhões) no primeiro trimestre, alta de 33,3%. No sentido inverso, os gastos de estrangeiros no Brasil cresceram 18,1%, totalizando US$ 1,6 bilhão (R$ 7,9 bilhões). “É um período em que se tem robustez nos gastos em função das férias. O crescimento em dólar foi bastante significativo”, avaliou Greco.
Desse total, os pagamentos realizados nos Estados Unidos e na Europa representam 81,3% das transações feitas por brasileiros com cartões no exterior – o montante foi de R$ 7,7 bilhões em cada localidade. Em toda a América, sem os Estados Unidos, os pagamentos somaram R$ 2,2 bilhões, um incremento de 45,6% ante o mesmo período do ano passado.
Comércio eletrônico e NFC
Segundo a Abecs, no primeiro trimestre, as compras efetuadas por meio do comércio eletrônico cresceram 18,4%, movimentando R$ 225,3 bilhões. O crédito representou 96,5% das transações (R$ 217,4 bilhões) remotas.
No entanto, vale destacar que o débito foi a modalidade que mais cresceu (19,6%) na comparação anual. Em cinco anos – de 2019 a 2024 –, o uso do débito em transações online avançou 454,7%.
“O débito vem crescendo acima do esperado. Isso se materializou no ano passado, com o débito sem senha e o débito online”, explicou o presidente da Abecs.
O balanço também mostra que os pagamentos por aproximação alcançaram o valor de R$ 305,3 bilhões no intervalo de janeiro a março, crescendo 56,8%. A quantidade de transações usando a tecnologia NFC totalizou 5,1 bilhões, um avanço de 43,2% na comparação anual. Por dia, são feitos, em média, 57 milhões de pagamentos por aproximação.
Em linhas gerais, nas compras presenciais, o uso da tecnologia de aproximação, levando em conta cartões e outros meios (smartphones e smartwatches, por exemplo), já representa 57,7% do total. Para se ter ideia do avanço, em março de 2022 e de 2023 a modalidade alcançava 29,5% e 45% das transações.
“O NFC vem ganhando espaço e isso é reflexo do incentivo do ponto de venda. A tendência é que tenha cada vez mais espaço na indústria como um todo”, disse Greco. “A representatividade da modalidade pode ser ainda maior, à medida que mais produtos estiverem no mercado”, acrescentou.
Rio Grande do Sul
Na coletiva de imprensa, o presidente da Abecs disse que a entidade ainda não tem nenhuma avaliação do impacto das enchentes no Rio Grande do Sul sobre o setor de meios eletrônicos de pagamentos.
No entanto, ainda que não tenha revisado as previsões para o ano, indicou que, “com certeza, vai ter impacto, porque é um estado com uma participação robusta na economia”. Com base nas projeções divulgadas em março, a associação estima que as transações com cartões cresçam de 8,5% a 10,5% neste ano.
Greco também disse que, até o momento, nenhuma credenciada ou subcredenciada que atua no território gaúcho apresentou notificação sobre dificuldades para manter os negócios em operação. Ele também afirmou que a entidade está avaliando a adoção de regras mais flexíveis para o setor de cartões no Rio Grande do Sul.
“Regras de chargeback podem ser revistas. Estamos olhando o que precisa ser ajustado em relação ao momento que o estado vive”, sinalizou.