Ouvidoria da Anatel divulga dados sensíveis das operadoras

Para fazer uma análise do nível de competição do mercado brasileiro, a Ouvidoria da Anatel divulga a receita líquida das maiores operadoras, por serviço de telecomunicações, informação que só o regulador tem acesso.

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O relatório de 130 páginas divulgado esta semana pela Ouvidoria da Anatel acaba cometendo deslizes graves com as próprias informações a que tem acesso por atuar em uma agência que regula pelo menos 5% do PIB brasileiro. Confesso que não sei bem qual é o exato papel de uma ouvidoria de agência reguladora – para mim todas as ouvidorias teriam que agir como ombudsman, ou um canal de comunicação entre o cidadão, os agentes regulados e o representante do Estado- mas parece que suas atribuições são bem maiores, quase como um Estado dentro da agência, pelo que se apreende do documento divulgado.

Pois bem, ao se ler o documento e se alcançar quase a sua centésima página constata-se que a Ouvidoria passa a fazer uma análise da “Perspectiva Econômica” e os Resultados Econômicos do Mercado de Telecomunicações brasileiro. E aí é que a surpresa surge pulando para fora das páginas como um Saci Pererê.

Para fazer essa análise, a Ouvidoria avisa que vai usar o ROL – ou Receita Operacional Líquida dos principais grupos econômicos. Ainda alerta que não pôde acrescentar os dados de 2016, porque  não estavam disponíveis.

Ora, seria apenas mais um relatório a encher páginas, pensei comigo, pois números agregados da ROL das operados todo o mercado, analistas e jornalistas que acompanham o setor o conhecem a cada trimestre,  na divulgação dos balanços das empresas de capital aberto.

Mas qual surpresa, quando se avança na leitura e se descobre que a  Ouvidoria resolveu apresentar os números da ROL por SERVIÇO de telecomunicações. Isso, o mercado nunca soube, porque, acredito, são informações competitivas.

Somente com acesso aos dados do regulador, disponibilizados por esse documento,  é que passamos a saber até mesmo os resultados da SKY, que não divulga nenhum número aqui no Brasil. Assim, passo a reproduzir o que a Ouvidoria já liberou para o público em geral:

Receitas com a Acesso a Internet

Conforme os dados guardados pela Anatel e divulgados no relatório, surpreendentemente, o grupo Oi, até 2015, é o segundo colocando em receitas de acesso à internet (ou seja, mesmo com baixa velocidades, a capilaridade das redes da Oi ainda valem muito).

O grupo América Móvil, primeiro colocado teve receita líquida, entre 2012 a 2015, R$ 19, 64 bilhões com o serviço de acesso a internet e a Oi, R$ 16,109 bilhões. O grupo Telefônica/Vivo fica em terceiro lugar com R$ 10,8 bilhões.

Telefonia Móvel

Quando se fala do mercado de telefonia celular, a posição de mercado, por receita líquida, se inverte bastante, conforme os dados do relatório, e Telefônica/Vivo e TIM nadam de braçada frente as outras concorrentes.

Conforme a Ouvidoria da Anatel, nos anos de 2012 a 2015, a Vivo registrou receita líquida com a telefonia celular de R$ 86,4 bilhões; e a TIM de R$ 70 bilhões. A Claro fica em terceiro lugar, bem atrás das líderes, com R$ 54,9 bilhões e a Oi na lanterna com apenas R$ 27,1 bilhões.

TV por Assinatura

No segmento de TV paga, a surpresa não é a confirmação do duopólio entre a SKY, controlada pela AT&T; e a Claro, controlada pela América Móvil, mas é saber que a SKY tem maior receita líquida do que o grupo Claro. Conforme o documento da Ouvidoria, a SKY registrou de receita líquida entre 2012 e 2015 no Brasil R$ 33,1 bilhões e o grupo Claro R$ 32,9 bilhões.

Telefonia Fixa

Na telefonia fixa, talvez a maior surpresa que o relatório traz é saber que a TIM já apurou  R$ 12,3 bilhões de receitas com a telefonia fixa nos últimos quatro anos

A seguir as tabelas publicadas

PS: Contestações dos números devem ser feitas à Anatel. A autora só os está reproduzindo….

Portal-TeleSintese-Tabela-32-Receita-operacional-liquida

Portal-TeleSintese-Tabela-31-Receita-Operacional-liquida

Portal-TeleSintese-Tabela-33-Receita-operacional-liquida

Portal-TeleSintese-Tabela-28-Rol-por-grupos-economicos-com-servicos-de-acesso-a-internet

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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