OpenAI rebate Elon Musk: “Queria controle total ou fusão com Tesla”

Apoiada por troca de e-mails, nota assinada por cinco fundadores da desenvolvedora do ChatGPT diz que empresário concordou em tornar a empresa uma organização com fins lucrativos e que haveria limitações para código aberto
OpenAI rebate acusações de Elon Musk: "Queria fusão com a Tesla"
Fundadores da OpenAI dizem que Elon Musk buscava fusão com a Tesla ou ter controle total da startup (crédito: Divulgação)

Poucos dias após Elon Musk entrar na Justiça contra a OpenAI, alegando que a criadora do ChatGPT se desviou da sua finalidade e agora busca auferir lucros, a startup especializada em Inteligência Artificial (IA) rebateu o bilionário.

Em comunicado, cinco fundadores da empresa, incluindo o CEO, Sam Altman, dizem que o empresário – que também participou da fundação, mas deixou a empresa em 2018 – concordou em tornar a organização uma entidade com fins lucrativos, tendo em vista que a construção de sistemas de Inteligência Artificial Geral (AGI, na sigla em inglês) – modelo em que máquinas desempenham diversas funções cognitivas humanas – requer investimentos volumosos.

Além disso, conforme trechos de e-mails divulgados pela OpenAI, Musk queria ter controle total da startup, ideia descartada pelos demais fundadores. Então, o bilionário apareceu com outra proposta, sugerindo fundir a empresa com a Tesla, fabricante de carros elétricos da qual é CEO.

A nota, divulgada na terça-feira, 5, é assinada por cinco fundadores da OpenAI: Greg Brockman, Ilya Sutskever, John Schulman e Wojciech Zaremba, além de Altman.

“Estamos tristes por ter chegado a esse ponto com alguém que admiramos profundamente – alguém que nos inspirou a almejar mais alto, depois nos disse que iríamos falhar, abriu um concorrente e depois nos processou quando começamos a fazer progressos significativos em direção à missão da OpenAI sem ele”, afirmam os fundadores da OpenAI.

Com ou sem lucro

No processo movido no tribunal de São Francisco, na Califórnia (Estados Unidos), Musk alega que a OpenAI quebrou o acordo de fundação, o qual previa que a startup se comprometeria com o desenvolvimento de tecnologias que beneficiassem a humanidade. Em vez disso, segundo ele, a empresa busca auferir lucros, sobretudo para a Microsoft, uma de suas principais investidoras.

No comunicado, a OpenAI diz que, no fim de 2015, Altman e Brockman tinha planejado levantar US$ 100 milhões para financiar os projetos da empresa. Musk, no entanto, indicou que seria preciso um compromisso inicial de financiamento de US$ 1 bilhão “para evitar parecer desesperado”.

Os números passaram longe das pretensões de Musk. A empresa conseguiu US$ 90 milhões com doadores, além de US$ 45 milhões aportados pelo bilionário.

Em 2017, o grupo de cientistas percebeu que “construir AGI exigirá grandes quantidades de computação” – em outras palavras, muito mais do que conseguiriam levantar como uma organização sem fins lucrativos.

Quando as conversas para tornar a OpenAI uma empresa com fins lucrativos começaram, Musk disse que queria ter o controle da companhia ou que ela poderia ser fundida com a Tesla “como sua vaca do dinheiro”. A ideia do empresário era tornar a startup uma concorrente da DeepMind, do Google.

“Elon logo optou por deixar a OpenAI, dizendo que nossa probabilidade de sucesso era 0 e que planejava construir uma AGI concorrente dentro da Tesla”, diz trecho do comunicado. “Em dezembro de 2018, Elon nos enviou um e-mail dizendo ‘mesmo arrecadando várias centenas de milhões não será suficiente. Isso precisa de bilhões por ano imediatamente ou esqueça’.”

Código aberto

No processo, Musk também afirma que a OpenAI deveria desenvolver modelos de IA de código aberto. Os fundadores remanescentes da empresa contestam esse compromisso.

Em uma troca de e-mails em 2016, Ilya Sutskever escreveu que “à medida que nos aproximamos da construção da IA, fará sentido começar a ser menos aberto”.

Adicionalmente, argumentou que a palavra “open” (aberto) no nome da empresa “significa que todos devem se beneficiar dos frutos da IA depois de construída, mas é totalmente normal não compartilhar a ciência”. Musk, por sua vez, respondeu ao e-mail dizendo apenas “sim”.

Resposta

Mostrando não concordar com o comunicado, Musk usou a sua página no X (antigo Twitter) para, de certa forma, rebater os fundadores remanescentes da OpenAI.

Nesta quarta-feira, 6, ele publicou uma foto de Sam Altman segurando o crachá da empresa. Todavia, em vez de OpenAI, a identificação diz “ClosedAI” (IA fechada, em tradução livre). O empresário ainda escreveu “corrigido”.

https://twitter.com/elonmusk/status/1765415187161464972

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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