Open Source é oportunidade, diz André Novo

André Novo, do SAS, vê o Open Source como uma oportunidade para a integração com os sistemas da empresa, que aposta também em Cloud.
Open Source é oportunidade, diz André Novo
Para André Novo, do SAS, o metaverso ainda é uma incógnita. Crédito: divulgação

André Novo, recém-nomeado Country Manager do SAS, tem como desafio de estreia no novo posto a realização das metas orçamentárias de 22 em apenas nove meses, tendo em vista que este ano o país terá eleições gerais, quando os negócios se tornam mais difíceis de serem fechados.  Maior empresa de software com capital fechado no mundo, o SAS está completando 46 anos no mercado de analytics. Desde 1996, está presente no Brasil, com escritórios em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF), atuando em setores como finanças, telecomunicações, varejo, energia, governo, educação, entre outros. No início do ano, anunciou um novo executivo para comandar a operação brasileira.

Com mais de 35 anos de experiência no mercado de tecnologia e passagem por empresas como Unisys e NCR, André Novo passou a ocupar a posição de country manager do SAS no Brasil em janeiro, após atuar, por três anos, como diretor de vendas na companhia.

O executivo acumula 13 anos no SAS Brasil e como diretor de vendas, foi responsável por setores como finanças e governo. Desde meados de 2020, compartilhou a liderança da operação brasileira do SAS com Luiz Riscado, diretor de vendas para telecomunicações, bancos e varejo.

Entre os desafios à frente do SAS está o de executar o ano de 2022 em nove meses, porque ele prevê que, por conta das eleições, é possível que haja um atraso nas decisões. Além do impacto na vertical de governo, porque algumas contratações não podem ocorrer em ano eleitoral.

Para , entre os desafios éticos da inteligência artificial está  a urgência de se evitar vieses de toda ordem. Quanto  à nova buzzword do momento, o Metaverso, ele é cético, lembrando que já tivemos a experiência do Second Life. “Na dúvida, não vou comprar nenhum terreno”, diz Novo.

DMI: Assim que assumiu, em janeiro, você disse que seu objetivo era dar continuidade aos excelentes resultados da empresa no país. Não há nada que precise melhorar? Como se posiciona frente ao Open Source?

André Novo: Sempre há alguma coisa para melhorar e contribuir. A empresa vem de dois anos com resultados bastante importantes. A primeira missão que tenho é que esses resultados continuem acontecendo. Há muito o que melhorar. Fizemos uma parceria com a Microsoft e várias soluções do SAS foram migradas para o ambiente Azure. Continuamos a investir nessa parceria. Cloud é um dos segmentos em que crescemos bastante, mas precisamos trabalhar forte para manter esse crescimento.

Também trabalhamos com Open Source, que não identificamos como ameaça, mas como oportunidade. Temos um ambiente de modelagem que pode conciliar coisas desenvolvidas em SAS e as que são desenvolvidas em Open Source e entregar para o cliente o melhor dos dois mundos.

Há muita coisa para fazer em todas as frentes, e também com o Open Source. Mas o time está ganhando; não é que não se deve mexer, mas vamos mexer aos pouquinhos sem estragar o que já está funcionando.

DMI: Como é a parceria com a Microsoft?

André Novo: Estamos investindo há bastante tempo em soluções na nuvem, que rodam em diferentes provedores. O que temos com a Microsoft é uma parceria mais estreita, em que passamos a oferecer soluções em cloud diretamente usando a plataforma Azure. Além disso, estamos desenvolvendo soluções integradas com as da Microsoft dando ao cliente o benefício das duas empresas. – Open Source.

DMI: Como o SAS está estruturado no Brasil em termos de unidades de negócio e verticais?

André Novo: Nós temos uma estrutura de vendas segmentada em quatro times. Um deles é de strategic account, voltado ao atendimento dos grandes bancos privados, as empresas de telecomunicações e as de varejo. Outro grupo é o de finanças, bancos (exceto os maiores), seguradoras e serviços financeiros. O terceiro é o time de governo, que inclui os bancos públicos federais e estaduais. E. por fim, o grupo de multi industry que tem um pouco de cada segmento, mas de contas menores. Ainda temos o grupo de inside sales, para contas bem pequenas; além do grupo que cuida de indústrias onde não temos foco principal: agricultura e manufatura.

Depois temos os times de pré-venda e de serviços, que se reportam a mim  e, por meio de uma estrutura verticalizada, respondem lá para fora. Em termos de produtos temos focos em algumas soluções: risco, prevenção à fraude e  customer intelligence. Uma das principais coisas que o SAS faz é transformar dados em inteligência, informações para que as empresas possam tomar decisão.

DMI: A empresa tem produtos como o SAS Cloud for Intelligent Planning, voltado ao planejamento logístico de varejistas e fabricantes de bens de consumo. Que outros produtos você destaca?

André Novo: São vários. Algumas áreas como a de prevenção à fraude tiveram crescimento muito grande. Principalmente neste mundo de pandemia, criou-se uma tempestade perfeita para os fraudadores. Cada vez mais estamos atuando em meio digital. Há o roubo de identidade e as empresas precisam saber que o funcionário é de fato quem diz ser e isso é cada vez mais difícil, uma vez que estamos trabalhando de forma remota. Esse mundo de prevenção à fraude e à lavagem de dinheiro tem cada vez mais importância. Temos uma atuação forte com bancos, seguradoras, governo e empresas de telecomunicações.

DMI: Ainda na área de riscos, o SAS tem alguns serviços como o de simulações de riscos climáticos. Que outros produtos existem nessa linha?

André Novo: Trata-se de um software de análise de riscos climáticos porque, cada vez mais, os governos têm demandado este tipo de gestão de riscos. Há uma regulamentação do Banco Central que deve entrar e vigor este ano. Em relação ainda aos produtos de riscos, além do risco de crédito, endereçamos risco regulatório devido ao IFRS17 (seguradoras) e IFRS9 (bancos).

DMI: O que você considera como seu principal desafio à frente do SAS? E o que esperar de 2022, um ano com Copa do Mundo e eleições presidenciais?

André Novo: Quando fui anunciado como country manager, esse foi um dos pontos que coloquei para o time: é como ter que executar um ano em nove meses. A questão das eleições interfere diretamente na vertical governo, porque algumas contratações não podem ocorrer em ano eleitoral. Além disso eleições sempre promovem uma letargia no mercado como um todo. Vários processos decisórios podem ser postergados porque as empresas querem entender o que vai acontecer. A partir de outubro, por conta das eleições, é possível que haja um atraso nas decisões. Por isso temos de resolver tudo até setembro. Copa do Mundo também pode contribuir para que as coisas atrasem bastante.

Além do desafio de fazer 12 meses em nove, tenho uma preocupação grande das pessoas ao ambiente de trabalho. O SAS sempre presou por ter um bom ambiente de trabalho. O fato de as pessoas estarem afastadas, sinto que cada um carrega um peso diferente. Nossa preocupação é recriar um bom ambiente de trabalho com resultados importantes para a saúde das pessoas e para a empresa.

DMI: Vivemos a era dos dados e do analytics e open source em todas as áreas. Este é o melhor momento para o negócio do SAS, que sempre foi um pioneiro?

André Novo: Eu não tenho dúvida disso. O ponto importante a destacar é que há também vários entrantes e óbvio que a concorrência aumenta. A vantagem do SAS é que faz isso há mais de 40 anos. Desde o advento do big data, o que estamos fazendo hoje é analisar a quantidade de dados que foram acumulados.

DMI:  Quantos funcionários o SAS tem hoje e quais os riscos da formação do novo profissional no Brasil? Como se pode suprir esse grande gap de mão de obra?

André Novo: Temos mais de 200 funcionários. O SAS nasceu no ambiente acadêmico e, de fato, identificamos o problema do gap de formação, pois temos nossas demandas e dos clientes. Estamos cada vez mais nos aproximando dos ambientes universitários com eventos de formação de professores e com disponibilização de software para ajudar nessa formação. É nossa forma de contribuir para que tenhamos cada vez mais cientistas de dados e cientistas de dados que conheçam SAS.

DMI: Como se incorporar em um mercado de trabalho que no futuro vai estar em constante mutação?

André Novo: O nosso mundo sempre foi de mutação. Quanto mais a pessoa se adapta, mais tem chances de sobreviver. O cientista de dados tem formação em ciência da computação, tecnologia da informação e se especializa procurando entender como a inteligência vai ser aplicada no resultado de negócio. Antes, o profissional que fazia modelos estatísticos recebia uma encomenda de uma área de negócio que ele não conhecia; hoje cada vez mais precisamos de gente que esteja próxima da área de negócio para agilizar o processo.

DMI – De que forma o analytics pode ampliar o acesso à bancarização do brasileiro?

André Novo: Sim, principalmente quando consideramos a área de customer intelligence, que visa a entender o que a pessoa desbancarizada está procurando e como o banco pode dar uma resposta para a pessoa que está fora do sistema financeiro. Ele faz isso pegando dados da população em geral e das pessoas que entraram na instituição.

DMI – Quais as principais tendências no campo da inteligência artificial?

André Novo: Hoje a IA faz com que os sistemas aprendam com mais reflexão. Antes os sistemas de prevenção a fraude funcionavam com regras. A IA veio para ajudar os sistemas a se recalibrem e reinterpretem os dados, sem que seja preciso reprogramá-los. Assim, é possível identificar se aquilo que o sistema apontou como uma fraude realmente é uma fraude ou vice e versa. E o sistema vai se reprogramando para as próximas análises. A parte de customer intelligency também é importante para realizar ofertas de acordo com as preferências identificadas na navegação.

DMI – O que considera como desafio ético da IA?

André Novo: O viés é o principal desafio, em aplicações como recrutamento e o próprio carro autônomo. O mundo de IA vai errar algumas vezes até conseguirmos tirar os vieses dos modelos e análises que vamos fazer.

DMI – Como avalia o metaverso e o Open Source?

André Novo, Country Manager: Quando ouvi o tema pela primeira vez, me lembrou muito o Second Life, que foi um modismo há alguns anos. Hoje há um investimento grande das empresas, mas vale dizer que o Metaverso não é muito diferente do que já existe no mundo dos games em que as pessoas podem interagir e até comprar roupa para seus avatares. A diferença é a transformação disso em transações comerciais. Não sei se é modismo. Como há bastante investimento, pode ser que perdure. O Facebook está colocando bastante dinheiro. Mas, na dúvida, não vou comprar nenhum terreno.

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Da Redação

A Momento Editorial nasceu em 2005. É fruto de mais de 20 anos de experiência jornalística nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e telecomunicações. Foi criada com a missão de produzir e disseminar informação sobre o papel das TICs na sociedade.

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