Open Banking faz um ano apto a entrar no Metaverso
O Open Banking completa um ano hoje, 1 de fevereiro, com quase 96,3 milhões de chamadas de APIs, comunicações bem sucedidas entre duas instituições financeiras diferentes para pegar um dado ou realizar alguma transação, segundo levantamento do Open Banking Brasil, organização que reúne os participantes do sistema.
A plataforma começou a ganhar tração quando as detentoras de contas foram obrigadas a participar, permitindo o usuário compartilhar seus dados e fazer pagamentos. Houve uma verdadeira explosão de chamadas, que passaram de 12,7 milhões, em novembro, para 84,4 milhões em dezembro.
Isso mostra o apetite do usuário para usar o Open Banking e a tendência é que esse número cresça muito na medida em que o projeto esteja pleno de todas as suas funcionalidades, afirma Rogério Melfi, gerente de Open Finance da TecBan e coordenador do gupo de trabalho do Open Banking na ABFintech.
“O que não temos ainda são grandes produtos tipo ‘canivete suíço’, que juntam diversas soluções em um único aplicativo, como um Guia Bolso, para o usuário ter mais vantagens e potencializar o crescimento da plataforma. Nenhum grande banco lançou ‘aquele’ aplicativo onde o usuário consulta todos os saldos de contas. O próprio PicPay, que comprou o Guia Bolso, não juntou ainda a solução dele falando assim: olha o Guia Bolso PicPay”, observa Melfi.
Compartilhar com finalidades
As fintechs, segundo ele, estão optando por um caminho muito mais inteligente de colocar o cliente no centro, entender as melhores vantagens e oferecer algo em troca dos dados, como uma oferta de crédito diferenciada. “Compartilhar os dados por compartilhar, o usuário não vai querer, pois faz parte do hábito compartilhar algo com uma finalidade específica”, disse.
Na sua opinião, as propagandas veiculadas pelos grandes bancos na TV acabam sendo mal aproveitadas, pois não oferecem contrapartidas para os usuários da plataforma.
O open banking, cujos objetivos são promover a concorrência no sistema financeiro, incentivar a inovação, aumentar a eficiência do sistema e a cidadania financeira, só vai alavancar na medida em que as instituições financeiras forem aportando valor à plataforma com experiências melhores para os usuários.
Um dos benefícios indiretos do Open Banking, segundo Melfi, foi ajudar outros reguladores. “Em paralelo ao Open Banking, a Susep começa a regular o Open Insurance, com outro cronograma para as seguradoras, já tem conversas da Anbima com a CVM de um Open Investment para as corretoras e bolsa de valores”, disse.
TecBan
Há mais de dois anos imersa em soluções de Open Banking as a Service, a TecBan tem apoiado mais de 30 empresas entre bancos de grande porte, cooperativas, fintechs e bancos digitais para ingressar na plataforma. Em parceria com a inglesa Ozone, entrega aos clientes uma integração com a plataforma aberta seguindo as normativas estabelecidas pelo Banco Central. Para isso cobra um fee pelo volume de transações realizadas, que segue a mesma metodologia de precificação do Banco 24 horas.
Segundo Melfi, que lidera o projeto Open Finance na TecBan, já foram realizadas parcerias com fintech para explorar o consumo de dados, ajudando os bancos a consumirem melhor as informações. “Tem cliente que está compliance com o Banco Central mas não sabe como trazer dados de outras instituições para gerar mais valor.”
Em dezembro, a empresa de tecnologia bancária entrou no mercado de seguros, com o Open Insurance, para atender as seguradoras. Além do Open Banking regulado, a empresa esta extrapolando para o Open Insurance e consumo de dados. Também estão no radar outras verticais de mercado, como o Open Health.
Próximas fases do OB
Conforme o Melfi, é esperado novos ajustes no cronograma do Open Banking para este ano, o que aliás já é um consenso do mercado. “Haverá uma série de entregas que deverá ser ajustada. O Open Banking pavimenta a infraestrutura para tornar o sistema financeiro brasileiro mais inteligente e instantâneo, como o usuário espera. Não precisa ter tanta pressa no momento”, observa.
A meta agora, segundo ele, é preparar o OB para a próxima geração. “Como o sistema encontra-se hoje, já pode estar dentro do Metaverso. Se não houvesse as APIs isso não seria possível”, concluiu.