Oliveira: A revolução da tecnologia GPON

Qualidade superior, velocidade de conexão e altas taxas de transmissão foram fundamentais para suportar a sociedade nesse momento de pandemia.

Por Ricardo Oliveira*

Você já se perguntou como estaríamos passando por essa pandemia sem o GPON? A Passive Optical Network com capacidade Gigabit é a tecnologia que permite ter o chamado FTTx (fiber to the Home, Building, Cabinet, Network etc.), que tanto nos ajuda nesse período de “home office”, quando existe a necessidade de uma infraestrutura com qualidade superior, velocidade de conexão e altas taxas de transmissão de dados para atender as demandas de trabalho, estudo , saúde, compras e lazer, assistindo de forma contínua a conteúdos OTT ou mesmo as populares Lives.

A aposta das operadoras na expansão do FTTX

Há cerca de dois anos mencionei em artigo publicado aqui no Tele.Síntese que o FTTx iria crescer (Expansão do FTTX Impacta o desenvolvimento Econômico do Brasil) pois havia demanda e investimento programado, e foi exatamente o que aconteceu!

Hoje vemos as operadoras adquirindo cada vez mais equipamentos da linha de GPON com o objetivo de expandir sua capilaridade, crescer o número de HP (home passed) e aumentar suas velocidades de transmissão.

É possível analisar de forma mais clara, quando observamos que no último ano, por exemplo, a Oi mudou seu foco para fibra com o objetivo de alavancar seus diferenciais competitivos. A Claro já está com presença em mais de 70 cidades com serviço de FTTH, com velocidades de até 500Mbps e continua seu plano de crescimento. A Vivo, com a aquisição da GVT em 2015, ganhou força neste mercado substituindo tecnologia xDSL pelo GPON com metas agressivas de ter aproximadamente 15 milhões de HPs, ainda em 2020. E a TIM, com o conceito TIM LIVE, investe no projeto GPON e quer chegar ao final de 2021 com cerca de quatro milhões de HPs.

Vemos as operadoras tier one focando em GPON, não só para ofertar melhor acesso, como para disponibilizar os serviços de qualidade e não perder market share para os ISPs (Internet Service Providers). O Brasil sendo um país continental, tem ainda um longo caminho para chegar à cobertura nacional em FTTH. Apesar do investimento e na expansão da fibra, aumentando a cobertura em novas cidades, o Nordeste tem apenas 22% de redes com fibras, enquanto somente o estado de São Paulo tem 70%.

ISPs – parceiros ou concorrentes?

Mas como teria sido a realidade do home office sem a presença de ISPs? Podemos afirmar que essas empresas estão ofertando serviços de fibra onde as chamadas tier one não tinham presença?

Segundo a ABRINT, o mercado ISP deve crescer entre 25% a 30% no ano 2020, ou seja, o mesmo crescimento do ano anterior. Este crescimento impulsionou toda esta aceleração no investimento perante as gigantes telcos.

Hoje em dia os ISPs correspondem a cerca de 25% do market share de acesso de fibra. A grande diferença entre eles é que os ISPs focam em dar um serviço de fibra a quem não tem, enquanto as tier one focam em trocar sua rede de cobre por fibra até a casa do cliente, deixando o espaço dos novos clientes para os ISPs.

Este mercado atua de forma rápida e objetiva, normalmente com estruturas pequenas, de forma a resolver o problema do cliente, com oferta de internet veloz e com tratamento mais próximo. Com isso, provocou muitas mudanças trazendo novas oportunidades para os vendedores de GPON. São milhares de operadoras, ágeis e com modelos de negócio inovadores, que movimentam muito negócio na aquisição de equipamentos de fibra.

A aprovação da entrada dos ISPs para o leilão das redes 5G no Brasil demonstra que este mercado está cada vez mais forte e pode acelerar a cobertura total do 5G no futuro. Podemos concluir que foi a concorrência que gerou oportunidades e acelerou todo o processo de inovação das redes de fibra ótica no Brasil, que hoje é considerada a rede melhor estruturada da América Latina.

Influência no futuro?

De acordo com pesquisa realizada pela Faculdade de Economia e Administração da USP em parceria com a Fundação Instituto de Administração, há um grande potencial de expansão do trabalho home office no Brasil. Isto leva-nos a pensar que pode ser mantido, quer em regime permanente, ou parcial, onde provavelmente iremos ter as pessoas indo ao escritório esporadicamente e trabalhando quase sempre em seus lares.

Com isto, existe a tendência das pessoas mudarem suas residências para fora dos grandes centros urbanos, em busca de melhor qualidade de vida e custos mais baixos. Porém, isso só será possível se nessas cidades houver internet estável e de qualidade que não comprometa o trabalho. Podemos afirmar que a concorrência dos ISPs ajudou na oferta de serviços melhores, baixando o valor da internet e aumentando a qualidade e a capilaridade.

*Ricardo Oliveira é Gerente de Marketing da Open Labs

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