Objetivo do Drex é facilitar investimentos, diz coordenador do BC
O coordenador do Projeto de Criação do Drex no Banco Central (BC), Fabio Araujo, afirmou que o real digital (Drex) tem como objetivo tornar os investimentos mais acessíveis à toda a população. Araujo citou um estudo recente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) que mostrou que opções de investimentos em mercado de capitais e em títulos públicos tradicionais não encabeçam a lista de preferência dos brasileiros.
“Basicamente, o brasileiro investe na poupança. Em segundo lugar, em bet, o que está sendo amplamente discutido. Em terceiro lugar, cripto. Por que o cripto tem essa vantagem? Um ponto fundamental do mercado cripto é a experiência do usuário. É simples você chegar lá, comprar sua criptomoeda. Esse ambiente [do Drex] que a gente está construindo é para trazer essa facilidade [de investimentos] para as pessoas”, explicou.
Descentralização
Araujo também afirmou que o Drex não vai trazer mais controle da autoridade monetária sobre a vida financeira dos brasileiros. O coordenador do projeto do BC observou que a estrutura da moeda digital do país é descentralizada.
“A visão de que o Drex é centralizado, eu tendo a discordar disso. Os participantes operam nós e as informações não são centralizadas pelo BC. Se você coloca em cima dessa pseudoanonimidade [que já existe na rede] uma solução de ZKP [solução de privacidade de prova de conhecimento zero], aí é que o BC tem menos condições de saber quem está fazendo o quê. O sistema permite visões macroeconômicas e tendências gerais, mas individualmente, quem tem como reconciliar essa informação é o banco, da mesma forma que hoje”, explicou.
De acordo com Araujo, a forma de aumentar a descentralização do Drex é trazer mais participantes para o projeto. Atualmente, o piloto do real digital, que está na segunda fase, tem a participação de 16 consórcios de empresas. Até o final deste mês, estão abertas as inscrições de empresas interessadas em submeter propostas de casos de negócio para a implementação própria através de smart contracts na plataforma do piloto.
“A gente tem que trabalhar para que as fintechs, as startups entrem nesse mercado. Que você tenha, como cidadão, a alternativa de usar o serviço do banco A, da fintech B, da instituição de pagamento C”, disse.
Próximos passos
O coordenador do projeto contou que o BC pretende divulgar ainda este ano os resultados da primeira fase do piloto do Drex. Já o primeiro semestre de 2025 será voltado para testar os casos de uso propostos pelos consórcios.
Araujo participou de um painel sobre o Drex nesta terça-feira, 19 de novembro, em São Paulo. O painel fez parte da programação do Criptorama, evento de cripto organizado pela Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABcripto), que acontece também nesta quarta-feira, 20.