O que os investidores precisam saber sobre venture capital

Aventura controlada: O que os investidores não sabem (mas precisam saber) sobre o dinâmico mundo do venture capital em 2022
O que os investidores precisam saber sobre o venture capital - Crédito: Divulgação
César Bertini, sócio e investidor da Smart Money Ventures – Crédito: Divulgação

*Por César Bertini

O crescimento no número de startups e valores investidos nelas nos últimos anos é notório. Dados sobre esta expansão são fornecidos no relatório publicado pelo programa Google for Startups. O programa promoveu uma pesquisa comparando os dados do ecossistema de startups desde 2016 até 2021. Participaram cerca de 250 empresas, dentre elas cinco unicórnios: Creditas, Loggi, Loft, Nubank e QuintoAndar.

O balanço destaca uma taxa de crescimento médio anual de 108% dos investimentos nestas startups. No entanto, o que mais chama a atenção é a nota dada para a percepção de evolução do ecossistema: de uma média de 1,7 em 2016 para uma nota 4,0 em 2021. Apesar disso, a nota 4,0 em uma escala que vai até 10 ainda é muito pequena.

O espaço disponível de potencial é enorme e os investidores possuem um papel fundamental para a promoção do ecossistema. Para isso, eles precisam saber, e fazer, o que muitas vezes não sabem e não fazem. Podemos extrair do relatório que o acesso a capital e aos fundos de investimento ainda é um ponto com nota abaixo de cinco. Mas o espaço para evolução é enorme e os investidores precisam intensificar algumas práticas que valem ouro nos momentos anteriores à “assinatura do cheque”:

Invista tempo conhecendo os founders e o time! Para isto, entenda quem são, seus históricos, conhecimentos, como se relacionam com outras pessoas. Converse com quem já trabalhou com eles e identifique os seus pontos fortes e os pontos que você pode ajudá-los. Atualmente, já temos vários founders com experiência de sucesso (e insucesso) com aprendizados importantes para seus novos empreendimentos. 

Aposte naquilo que você conhece! Cuidado em investir em teses que estão na moda. Startups de Inteligência Artificial, Blockchain e AgriTechs estão na “boca de todo mundo”, mas você conhece o suficiente para saber qual é o potencial e o risco que está correndo? Você sabe avaliar estas teses? Busque informação e educação antes de investir. Uma sugestão é encontrar pessoas de referência em quem você possa “colar”, olhar os movimentos de investimento que fazem e até mesmo investir com eles.

Venture Capital é um processo de financiamento em estágios! É preciso buscar diminuir o risco de execução de uma startup através do investimento em rodadas sucessivas e entender com clareza qual é o próximo estágio de investimento e o real potencial da startup chegar até lá. 

Apaixone-se mais pela capacidade de execução do que pela ideia: O sucesso está mais ligado à capacidade de execução, transformando a ideia em realidade. Entender como o caminho será construído é mais importante do que somente se apaixonar pela ideia do mercado gigantesco. 

Não tente ser um sniper de unicórnios! O sucesso está na construção de uma carteira de startups e não em encontrar “aquela startup”. Cuidado quando achar que você precisa investir muito em uma startup, pois “esta vai dar certo”. 

Defina o limite do seu risco! Venture capital e private equity PE devem representar um percentual entre 10% e 20% (para os perfis mais agressivos) do seu patrimônio global. Por se tratar de um investimento de longo prazo, as variações de taxas de juros não devem influenciar tanto as suas decisões de curto prazo.

Foque no crescimento e não em metas! Lembre-se que, por definição, startup é crescimento. Não perca tempo cobrando dos founders as metas para você investir. Não cobre uma boa “calibragem da bola de cristal” das metas. As startups são uma entidade em busca de um modelo de negócio replicável, sustentável e lucrativo. Ou seja, prepare-se, pois muitas mudanças ocorrerão ao longo da jornada e a sua “fissura” por alcance de meta poderá levar a startup a fazer as piores escolhas. A única meta é encontrar uma máquina de crescimento sustentável.

Colaboração é chave! Busque investir com outras pessoas e fundos que tenham clareza onde podem contribuir para a startup. Vemos este movimento de colaboração fortalecido até mesmo em fases de investimentos mais avançadas (Series A, B, C,etc.) contando com a participação de vários fundos. 

Como o responsável pela gestão do portfólio SMV, tenho refinado e aplicado na prática cada uma das iniciativas acima ao longo dos nossos cinco anos de existência e dezenas de startups geridas. Por liderarmos um pool com mais de 80 investidores, um dos nossos maiores ativos é exatamente a força desta rede que traz consigo conexões, credibilidade, conhecimento específico, capital e abertura de portas.

O nosso foco de 2022 permanece no aprofundamento da participação dos nossos investidores membros do K-Pool como “Portfólio Partners”, que aportam suas smarts (competências) somadas ao money (capital), conforme seu interesse, conhecimento e disponibilidade. A atuação ocorre de forma organizada no mapeamento de 10 áreas de conhecimento que promovemos para auxiliar na evolução das startups do nosso portfólio e do ecossistema ao qual todos nós fazemos parte.

Em 2022, reforçamos a sugestão para que aprofunde o acompanhamento e a gestão do seu portfólio entendendo as suas demandas e provocando um efeito de rede multiplicador através dos impactos nas suas startups, sendo elas as propagadoras de impacto e evolução no ecossistema como um todo.

*sócio e investidor da Smart Money Ventures  

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Redação DMI

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