O crédito chega para entregadores e motoristas de app
Entregadores e motoristas de aplicativos como Uber, 99, Rappi, iFood entre outros, que somam 11 milhões de profissionais no país hoje, subancarizados na sua maioria, passam a ter acesso a crédito de forma simples, rápida e gratuita, por meio de uma plataforma que promete revolucionar o modelo de crédito no país.
O projeto Finanças para motoristas e entregadores, foi um dos nove finalistas do LIFT Lab 2022, Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas, coordenado pelo Banco Central e a Federação Nacional de Bancos (Fenasbac), anunciados no LIFT Day, realizado na semana passada.
Desenvolvido pela startup Plific, o projeto para entregadores e motoristas utiliza o histórico e um modelo matemático preditivo para análise de dados combinados a partir do histórico financeiro de contas bancárias e aplicativos, além da variável comportamental das escolhas do usuário nas suas decisões de consumo.
“O problema do modelo de se pensar o crédito no Brasil exclui os profissionais autônomos da Gig Economy, arranjo alternativo de emprego temporário, que oferecem seus serviços por intermédio de uma plataforma como Ifood, Uber, 99, Rappi entre outras”, afirma André Luiz de Souza, COO da Plific.
O modelo tradicional de se analisar crédito no país, segundo ele, é baseado em cinco pilares: pagamento de crédito que o usuário possui desde o pagamento das faturas de cartões e outros, consultas por serviços de fornecimento de crédito, histórico e pagamento de dívidas, crédito contratado e tempo de uso desse crédito.
O mercado de Gig Economy
O mercado de Gig Economy surgiu com a crise de 2008 e, atualmente, é formado por 500 milhões de pessoas no planeta e movimentará globalmente US$ 455 bilhões até 2023, conforme estudo realizado pela Mastercard.
No Brasil, são mais de 32 milhões de pessoas que trabalham nessa área, segundo pesquisa da XP desenvolvida em parceria com o Instituto Locomotiva.
A Plific surge com a missão de resolver o problema de crédito desses entregadores na América Latina, para gerar transformação e não dívidas.
A solução oferece conexão com os principais bancos e contas de aplicativos do país, sem fórmulas e com gráficos simples, que comunicam o necessário para uma vida financeira saudável. Além de 100% gratuita, a plataforma oferece insight sobre o comportamento financeiro diário, anual e mensal do usuário. A tecnologia é baseada no desenvolvimento de um score de crédito alternativo.
A jornada no LIFT Lab
Do ambiente Lift do Banco Central até hoje, a empresa já conseguiu obter mais de 200 mil dados transacionais da carteira de aplicativos dos usuários, assim como de suas transações financeiras e bancárias.
Atualmente, conta com mais de 1.700 usuários beta e mais de 13 soluções financeiras e profissionais de Gig Economy conectados aos cinco maiores bancos do país, fintechs e aos cinco maiores aplicativos.
“Estamos na onda perfeita e no tempo certo”, diz Souza, ao se referir às inúmeras possibilidades de negócios que surgirão a partir do Open Finance. “Novos modelos de crédito e produtos financeiros poderão ser criados para os que foram esquecidos por muito tempo desse mercado”, diz.
Marketplace de seguros
A empresa iniciou os testes com 50 usuários em agosto de 2021 e, dois meses após, chegou ao final do LIFT Lab com a entrega do escopo do score de crédito com 50 mil dados transacionais coletados. Em novembro de 2021, colocou o sistema de interoperabilidade e, em dezembro, começou a expandir as conversas, iniciadas no Rio de Janeiro, com os usuários de São Paulo, além de estabilizar a conexão com o Serasa Score.
Entre os diferenciais da plataforma da startup constam a sincronia de contas de Gig e bancária, insights individuais aos usuários e o score Plific. A startup planeja entregar a API para o consumo de dados, nos próximos dois meses, permitindo que outras soluções de créditos se conectem à plataforma para oferecer seus serviços.
Está previsto também a criação de um marketplace com produtos e serviços para conectar os participantes da Gig Economy com preços acessíveis e conta digital para concentrar os recebíveis. “Isso permitirá que os usuários da plataforma executem apenas o seu trabalho, enquanto cuidamos de seu lado financeiro”, conclui.