O coronel Elifas Gurgel poderá voltar para a Anatel?

Elifas Gurgel integra a equipe de transição do governo Bolsonaro e já chefiou centro de Telemática do Comando Militar do Sul, além de ter sido secretário do Ministério das Comunicações.

O ex-presidente da Anatel, Elifas Gurgel do Amaral, é um dos integrantes da equipe de transição do governo Bolsonaro, que atua no Centro do Banco do Brasil, (CCBB), em Brasília.

Ele está cuidando  da análise do Ministério da Ciência e Tecnologia e de suas estruturas vinculadas. Conforme fontes próximas a ele, ainda não há uma definição clara de como ficará, afinal, a estrutura do MCTIC, que dependerá da palavra final do presidente eleito. A fusão da pasta com as universidades públicas já foi descartada ontem por Bolsonaro. Mas novas mudanças poderão ocorrer.

Há quem comente no mercado que Gurgel seria o nome do próximo governo para a Anatel. Para isso, teria que haver, porém, uma ação orquestrada no Parlamento para que o nome indicado pelo atual ministro, Gilberto Kassab, fique esquecido nos corredores do Senado Federal e deixe de ser analisado pelos atuais senadores, para que o nome de Gurgel seja apresentado na próxima legislatura.

A sabatina de Moisés Moreira, atual secretário de Radiodifusão, indicado por Kassab e pelo presidente Michel Temer, está prevista para ocorrer no próximo dia 20 de novembro (que não é feriado em Brasília), mas,como o Senado é uma Casa política, nada garante que, mesmo sabatinado, seu nome seja referendado.

Elifas Gurgel foi guindado para a Anatel em 2004, por indicação do atual presidente do Senado, e então Ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, de quem era o secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica (mesmo cargo do atual indicado). Assumiu a presidência por um curto período (de abril a novembro de 2005), quando terminou seu mandato.

Durante a sua gestão, houve uma decisão controversa em relação a uma frequência de trunking outorgada para a empresa que tinha como  porta-voz o marido de Erenice Guerra, que mais tarde tornou-se chefe da Casa Civil do governo petista. A decisão de Gurgel teve o respaldo da Procuradoria da Anatel e do TCU, mas posição contrária dos técnicos da agência, e acabou sendo cassada em 2010, pelo então presidente João Rezende. 

O retorno de Gurgel à Anatel pode não ser assim tão atraente para o executivo, tendo em vista que a presidência da agência reguladora  foi ocupada pelo servidor de carreira, Leonardo Euler, com o trabalho intenso do PMDB de Temer. Mas com o seu vasto currículo, Gurgel poderá também ser um forte candidato para a Telebras, se ela não for vendida, ou se sua estrutura passar para a área da Defesa.

Quem é

Depois que deixou a Anatel, Elifas Gurgel virou um entusiasta do projeto dos carros elétricos. Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras na arma de Artilharia (1978), Elifas Gurgel é coronel da reserva. No Exército, Chefiou o 1º Centro de Telemática de Área, Organização Militar responsável pelas Telecomunicações e Tecnologia da Informação do Comando Militar do Sul (RS, SC e PR).

Integrou o grupo que desenvolveu a urna eletrônica, utilizada nas eleições brasileiras a partir de 1996. E foi diretor de Tecnologia da Informação do Superior Tribunal Militar – STM.

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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