Novas aplicações criarão demanda para os nove cabos submarinos que chegam ao Brasil até 2018, afirmam operadores

A maioria dos novos lançamentos ocorre entre os anos de 2017 e 2018 aqui no Brasil. E os operadores que já estão presentes também continuam na disputa.

O Brasil contará, nos próximos dois anos, com pelo menos nove novos cabos submarinos de nova geração que estarão ligando o seu território ao demais continentes. Esse excesso de oferta poderá, em um primeiro momento, provocar até uma “bolha” de investimentos. Mas na avaliação dos operadores qualquer possível excesso de oferta será rapidamente consumida pelo crescimento do número de aplicações  IP e de vídeo.

Esta é a aposta dos operadores que debateram hoje, 18, no Futurecom, o futuro do segmento. Embora com modelos de negócios diferentes, os operadores acreditam que haverá demanda para ocupar toda a capacidade de terabytes que estará disponível, mesmo com o novo desafio de os maiores “consumidores de banda” – os grandes provedores de OTT – terem resolvido construir a sua própria infraestrutura transcontinental.

” A verdade é que nem as OTTs conseguem prever com precisão qual será a demanda por banda das suas novas aplicações”, afirma Erick Contag, CEO da Globenet, operadora que está no mercado brasileiro desde 2000.

A Seaborn, que lança seu primeiro cabo transoceânico ligando São Paulo a Nova Iorque no próximo ano, também não teme os competidores que estarão chegando no mercado brasileiro. Para o CEO, Larry Schwartz, os investidores aprenderam com a bolha de 2000. ” O financiamento dos atuais cabos é completamente diferente. Nós acreditamos muito no mercado brasileiro, com a perspectiva de um player que vai ficar aqui no mínimo 25 anos”, afirmou.

Antônio Nunes, CEO da Angola Cables, por sua vez, assinala que o cabo que estão construindo e que vai ligar o Brasil ‘a África será também a rota mais curta para o tráfego africano chegar à Ásia, o que por si só justifica os investimentos. E a empresa, além de ser operadora do cabo,  irá agregar valor à oferta brasileira e, para isso, está construindo um datacenter em Fortaleza.

Já para Rafael Ruiz, COO da Telxius, a empresa quer continuar a ser um provedor de infraestrutura. Por isto, aliás, assinalou, é  que a Telefónica, sua controladora, segregou as companhias. “O vídeo em 4K, 8K, a realidade ampliada, virão consumindo toda a capacidade que oferecermos e é por isso que queremos continuar assim”, completou.

A Algar Telecom, por sua vez, explicou seu diretor Marcelo Nunes, resolveu entrar na parceria com o Google para construir o cabo Monet para consumo próprio. “Fizemos as contas e constatamos que os investimentos em nossa própria infraestrutura justificavam os gastos com o aluguel de outras redes”, afirmou.

Já para o presidente da Padtec, Manuel Andrade, o importante é que o brasileiro está disposto a pagar mais para ter mais banda com mais qualidade. ” NO final, o consumidor final é quem será o principal beneficiário” concluiu.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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