Nelson Tanure, comprador na bacia das almas, poderá mandar na Oi?

Tanure gosta que comprar empresas que enfrentam muitas disputas acionárias. Na aquisição da Intelig, realizou muitos lucros. No fechamento dos jornais Gazeta Mercantil e JB, deixou de pagar muitas dívidas.

A coluna Radar desta semana informa que o empresário Nelson Tanure – velho conhecido do mercado de telecom e de mídia – começou a se movimentar na direção da Oi, e já teria nada  menos do que 6% de suas ações através da Bridge, a gestora de seus recursos.

Fontes do mercado comentaram ao Tele.Síntese que a intenção do empresário seria na verdade chegar a 20% das ações com poder de voto na concessionária brasileira para poder ter plenos poderes de mando. Por isso estaria negociando com o fundo canadense Ontario Teachers Pension, que tem mais de US$ 170 bilhões em ativos.

O empresário é craque em comprar empresas com dificuldades financeiras não para reestruturá-las e saneá-las, mas para enxugá-las a todo o custo e tirar o máximo que puder para si.

Intelig, a primeira aquisição no setor

Em 2008 viu uma boa oportunidade com a empresa de longa distância Intelig, que estava à venda há quatro anos. UBS/Pactual e Deutsche Bank eram detentores da dívida da operadora, mas amargaram vários anos e tiveram que recorrer à justiça para poderem recuperar algum dinheiro do novo comprador, já que Tanure negociou a aquisição da operadora na bacia das almas diretamente das operadoras  National Grid, Sprint/Nextel e France Telecom que estavam às turras nessa mal-fadada experiência brasileira.

Os banqueiros tinham assumido da dívida dos operadoras junto ao principal fornecedor de equipamentos, a Alcatel-Lucente, no valor à época, conforme o mercado, de US$ 100 milhões.

Assim que assumiu o controle da empresa, criada para disputar o mercado de DDD e DDI com a Embratel, Tanure  começa uma verdadeira “limpa” de executivos da Intelig. Os banqueiros recorreram à Anatel contra a transferência de controle da operadora, mas agência aprovou a operação, por alegar que “não se envolvia em briga de sócios”.

Em 2009 Tanure, em um empreendimento muitíssimo lucrativo, vende a operadora que comprou por alguns tostões (os valores não foram revelados ) para a Telecom Italia por R$ 750 milhões e uma participação na TIM Brasil.

Aí começaram os problemas para os sócios italianos.

Afundou os títulos Gazeta Mercantil e JB

O empresário tinha muitas ambições no mundo jornalístico e havia comprado  os títulos Gazeta Mercantil e JB. Os dois tradicionais jornais sucumbiram à sua gestão ( o JB mantém ainda um portal) deixando para trás uma pesada dívida trabalhista e tributária.

Nesse processo, a justiça de primeira instância chegou a bloquear as ações da TIM pertencente ao grupo (em nome da JVCO Participações) até que fossem pagas essas dívidas (só para os trabalhadores da Gazeta a dívida somava, em 2009, mais de R$ 240 milhões).

 

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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