Navarro dirige palestra ao futuro presidente da República: o país que queremos
Um dos keynotes speakers da Futurecom nesta quarta feira, 17, o presidente da Telefônica Brasil, Eduardo Navarro, quebrou o protocolo e dirigiu sua palestra aos dois candidatos que disputam a presidência da República, um dos quais será eleito no próximo dia 28 de outubro. Ao futuro presidente perguntou: que país nós queremos? E disse que não quer um país com um índice de homicídios dos mais elevados do mundo, com uma fila dos SUS que chega a um milhão de pessoas, com a volta do aumento da mortalidade infantil registrada neste ano, com baixos índices educacionais. Para superar esse cenário, afirmou ele, o país vai precisar adotar massivamente as tecnologias digitais.
Em sua exposição, Navarro mostrou que as telecomunicação já fizeram muito pelo Brasil. Universalizaram a telefonia fixa e massificaram o telefone celular, investiram R$ 900 bilhões desde a privatização em 1998 — são o terceiro setor que mais investe depois de petroléo e gás e energia —, e recolheram R$ 1,2 bilhões em tributos. A receita do setor é de cerca de 4% do PIB e o percentual de investimento sobre a receita é de cerca de 20% independente do comportamento PIB – se sobre ou cai. Um percentual, lembrou Navarro, acima da média mundial que varia entre 14% e 16%.
De acordo com o presidente da Telefônica Brasil, o setor tem condições de fazer mais pelo país. “O Brasil de ontem não é o de amanhã. O tempo não se mede mais em anos, mais em meses e mesmo em dias. O tempo se acelera. Quem não se transforma, é transformado. A vida média das empresas foi reduzida de 65 anos para 15 anos”, observou.
Essa radical transformação que afeta a vida de todos pode ser observada nessas eleições, disse ele, com o papel que as redes sociais estão desempenhando.
Pacto digital
Para ele, o novo presidente tem que priorizar as tecnologias digitais para resolver problemas sociais nas áreas do transporte público e mesmo individual (telemetria, carros autônomos), da educação (ensino a distância, banda larga), da saúde (telemedicina, cirurgias remotas, prontuário eletrônico), da agricultura (agricultura de precisão, campo conectado, sensores), segurança (inteligência), logística(rastreamento inteligente).
Ele lembrou que o setor, que investe muito, mais que em outros países, poderia fazer mais pelo Brasil se não tivesse que atender obrigações ultrapassadas na telefonia fixa, como investimento em orelhões dos quais 75% não recebem nenhuma chamada.
Navarro chamou ainda atenção para dois pontos que considera muito importantes. O primeiro, o fato de que 50% dos empregos atuais serão afetados pela automação e de que essa mão de obra precisa ser retreinada. “E não estou falando só de operários qualificados, mas de advogados, jornalistas, até de reguladores”, observou. Além disso, disse que 65% do que as crianças aprendem estão desalinhados com o que farão no futuro.
A segunda preocupação levantada por ele diz respeito à privacidade e segurança dos dados do cidadão, pois está se criando uma enorme massa de dados a partir do mundo digital, das redes sociais, das compras eletrônicas. “Os dados dos cidadãos precisam ser protegidos, os algoritmos têm que ser construídos de forma responsável”, disse. Ele lembrou que recentemente o país aprovou sua lei de proteção de dados, mas ainda precisa de definir a criar a autoridade reguladora. E defendeu, como já proposto pela Telefônica, a construção de uma pacto digital no país, cujo primeiro desafio e conectar e capacitar todos os brasileiros.