Na China Mobile, 400 milhões de planos 5G vendidos, mas só metade em uso
Uma revelação feita ontem, 2, por Gao Tongqing, vice-presidente executivo da China Mobile durante o Mobile World Congress, obriga a reflexões sobre o real alcance da tecnologia 5G no globo. Segundo o dirigente, dos 401 milhões de pacotes 5G vendidos pela operadora até agora, apenas 200 milhões estariam realmente sendo usados, nos devidos aparelhos compatíveis à tecnologia. Ou seja, apenas metade dos que já compraram os pacotes 5G da operadora conseguiu trocar o aparelho, o que significa que, da base total de usuários da empresa somente 20% teria o acesso à nova tecnologia.
Em sua apresentação, Tongqing não avançou nas reflexões sobre quais seriam os motivos desses números tão discrepantes – se falta de aparelhos por falta de chips; se o preço dos novos aparelhos continua inacessível para a maioria dos chineses; se os usuários ainda não perceberam ganhos efetivos nos serviços do 5G que o estimulem a trocar de aparelhos, ou qualquer outra razão.
Se mirarmos para o Brasil, que começará a ofertar o serviço nas capitais brasileiras a partir de julho deste ano, esses riscos poderão ser ainda maiores, e precisarão ser monitorados de perto pelo órgão regulador, a Anatel, e até mesmo pelos formuladores de políticas fiscais. Isso porque, aqui no Brasil, ainda há um ingrediente adicional para aumentar o preço dos aparelhos celulares 5G. É que a Anatel decidiu que o serviço deveria começar como uma “Ferrari”, ou seja, com o padrão Stand Alone (SA). A maioria dos países que já tem o 5G consolidado em seus mercados começou com o padrão Não Stand Alone (NSA), ou DSS, que, por fazer uma transição mais suave da quarta para a quinta geração, teve a seu dispor uma quantidade muito maior de aparelhos mais baratos.
Agora é que os celulares SA começam a ser homologados na Anatel, e mesmo assim, o leque de opções ainda é muito restrito e caro.
Apesar de o número de clientes ser menor do que o imaginado – mas mesmo assim, já são 200 milhões – a China Mobile já conta com uma base de 700 mil estações rádio base 5G instaladas. Somando a infraestrutura das duas outras operadoras – a China Telecom e a China Unicom – o país fechou 2021 com 1,4 milhão de sites de 5G instalados, o que já representava uma cobertura de 80% das cidades chinesas.