Ministério das Comunicações pode cair no colo do PT
Pouco se fala sobre o prováveis nomes para o Ministério das Comunicações, enquanto começam a ser anunciados aqueles que vão integrar o primeiro escalão do próximo governo. Embora o Grupo de Transição das Comunicações seja formado, em sua maioria, por integrantes e simpatizantes do PT e do PSOL, há segmentos do próprio PT que entendiam que, a exemplo do que ocorreu durante os primeiros mandatos do governo Lula, essa pasta iria integrar a relação das áreas que se somariam na composição da coligação multipartidária.
Esse raciocínio tem como sustentação não apenas os ministros de Lula que conduziram a pasta durante seu governo, mas também devido a própria trajetória interna do PT que, na composição da disputa interna das tendências, tinha a prática de indicar o diretor para a área de comunicação da corrente minoritária.
No governo Lula, foram ministros das Comunicações o ex-deputado Miro Teixeira (à época do PDT), o ex-senador Eunício de Oliveria (à época do PMDB); e o ex-senador Hélio Costa (também do PMDB).
No governo Dilma, ao contrário, assumiram dois petistas históricos – Paulo Bernardo e Ricardo Berzoini – que iniciaram a vida política no movimento sindical. Por fim, assumiu ainda a pasta o reeleito deputado André Figueiredo, não do PT, mas também histórico no PDT.
Novo governo
No novo governo, três nomes do PT são os mais falados para assumir a pasta, mas dois são os mais forttes: Edinho Silva, um dos coordenadores desta campanha de Lula, ex-secretário da Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto no governo Dilma é um dos nomes fortes para assumir o posto. Talvez um problema seria ele deixar a prefeitura de Araraquara em definitivo.
O ex-mionistro Paulo Bernardo é também um nome forte para voltar a assumir a pasta. Neste caso, pesa a seu favor o fato de os mercados tanto de telecomunicações como de radiodifusão já o conhecerem, afastando, assim, rumores e fake news sobre ” controle da mídia” ou “ampliação intervencionista” da estatal Telebras.
O deputado Paulo Pimenta é o outro nome petista também citado. Ele conhece bastante o setor, e tem posições bastante firmes sobre alguns temas setoriais, entre eles, o das cotas para o audiovisual brasileiro, que também foram defendidas no GT de Comunicações.
Embora sob a alçada do ministério estejam duas estatais – Correios e Telebras – o fato é que muitos partidos não se interessam pela pasta. Isto porque a Telebras até hoje é deficitária; e os Correios, embora tenha uma capilaridade importante e empregue milhares de pessoas, ainda terá que ter revertido o início do processo de sua privatização.
E, no mais, o Ministério das Comunicações não tem quase mais qualquer papel operacional no setor de telecomunicações. Depois que define a política pública, cabe à Anatel regular e tocar os programas. E, com a realização do leilão do 5G no ano passado, ainda vai demorar pelo menos uns bons três ou quatro anos para que um novo processo de venda de espectro de grande vulto seja organizado.
Há muito a ser feito para garantir o acesso universal à sociedade do conhecimento e à universalização da internet. Mas o MCom passa a ser uma pasta muito mais de formulação estratégica, e talvez por isso, acabe mesmo caindo no colo do PT.