Metereologia precisa do INPE ativo e forte, diz Climatempo
A metereologia é uma área científica que dá a largada com a aquisição de dados. Quanto mais informações processadas maior a capacidade de assertividade e qualidade dos prognósticos. Na área pública, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) tem um papel importante nesse movimento, principalmente para a área agrícola. “Por isso precisamos de um INPE ativo e forte”, disse João Castro, gerente de produtos da Agroclima Pro, serviço de tecnologia do Climatempo que integra dados de suas estações metereológicas e das demais do país para a partir da análise dos dados entregar previsões para seus clientes.
Segundo o executivo, o INPE conta atualmente com cerca de 500 estações metereológicas por todo o país. Mas quando esse número é comparado com o principal concorrente brasileiro no mercado agrícola internacional, a diferença é grande. A rede do governo americano tem 1.218 estações metereológicas de alta precisão. Quando se soma a isso as estações privadas, o número no país pode chegar para algo entre 15 mil a 20 mil estações.
“Há um gap e um longo caminho a ser percorrido”, disse Castro que, ao mesmo tempo, recohece que houve avanços na área de metereologia brasileira principalmente na iniciativa privada, reunindo dados de sensoreamento remoto, satélites e radares, A Climatempo está instalando o seu terceiro radar.
A chegada da inteligência artificial para o processamento e detalhamento dos dados ajudou muito na evolução dessa área. A Climatempo lançou em 2017 a primeira versão de sua primeira plataforma com IA em um ponto experimental. Dois anos depois chegou a segunda versão que foi testada em 175 pontos experimentais. A solução vem sendo testada para entrar em atividade em pouco tempo.
Castro particiou hoje do painel Previsão Climática: Desafios e Soluções,do Agrotic 2020. Silvio Steinmetz, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, também presente, falou sobre formas de atuação no Rio Grande do Sul para beneficiar as previsôes climátias para a lavoura, citando como exemplo o arroz e a soja.
A Embrapa participa das reuniões realizadas pelo Copaergs (Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado) que antes das culturas de outono/inverno e primavera/verão reúne metereologistas e agrônomos para que, ao final, possam distribuir as informações obtidas para os produtores.
Ele considera que esse mercado enfrenta o desafio de reduzir a variabilidade climática na agricultura e aumentar os índices de acertos pra ganhar a confiança. Ele também citou o trabalho que vem sendo feito pela Faculdade de Metereologia de Pelotas de produzir mapas de fácil entendimento para o agricultor.
Pedro Leite da Silva Dias, professor do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, considera que a qualidade da precisão evoluiu muito. Entre os fatores para isso, ele ressaltou o surgimento de computadores mais robustos e velozes capazes de rodar métodos de previsão já desenvolvidos. “Esse foi um salto tremendo”, ressaltou.
Da mesma forma, considera que há um avanço muito grande com a aplicação da Inteligência Artificial nesse processo. “O que antes fazíamos estudos baseados em estatísticas, agora o fazemos com redes neurais”, observou.
O Agrotic 2020 foi encerrado hoje. O evento é promovido pela Momento Editorial em parceria com a EsalqTec.