Mercado de ISPs: 60 milhões de casas atendidas em 5 anos

Em painel do INOVAtic Sudeste 2022, representantes do setor de telecom compartilharam experiências nos negócios entre empresas provedoras de internet e traçaram expectativas para os futuros modelos de negócio.
(Crédito Freepik)

Especialistas debateram, nesta quarta-feira, 6, as visões de futuro no mercado de ISPs no Brasil. Entre as tendências apontadas estão a fusão de empresas com base menor de clientes e a expansão dos serviços.

O debate ocorreu durante painel do INOVAtic Sudeste 2020, evento promovido pelo Tele.Síntese, que reúne representantes das maiores empresas do setor com objetivo de debater o cenário de mercado e suas tendências. A participação é gratuita e a exibição online (saiba mais abaixo).

Marcio Cachapuz, Diretor de Vendas e Marketing da OIW, afirma que tem “percebido o crescimento da oferta de banda”. ” Estamos verificando uma a corrida para o incremento da capacidade das redes e da capacidade de formalização das redes”, afirma Cachapuz.

Marcio Cachapuz, Diretor de Vendas e Marketing da OIW (Foto: INOVAtic Sudeste 2022)

No mesmo sentido, Rodrigo Leite, co-fundador e Managing Director do Brasa Capital, comentou sobre a importância de frequente atualização das tecnologias e como o cenário favorece fusões para que os negócios se complementam.

“Essas fusões entre iguais é para todo mundo se armar de forma mais potente. Na verdade, nessas fusões você tem um que é super B2B, está bem capitalizado, e quem está 100% B2C fala que precisa dessa pareceria. Ficar parado é um pouco preocupante”, afirma Leite.

Fusões no mercado de ISPs

Ele afirma que a Brasa Capital tem uma visão otimista no mercado. “A gente acha que os acessos oficiais [de banda larga fixa], que hoje são 40 milhões, na verdade, representam 50 milhões de acessos como um todo. Muitas coisas desses 10 milhões [de diferença] se oficializam nos próximos dez anos e, com mais algum crescimento, a gente chega a 60 milhões de acessos oficiais em cinco anos”, disse.

Na visão do diretor, as empresas que hoje detém cerca de 6 milhões de acessos , e  que estão atrás das líderes Claro, Oi e Vivo,  devem ficar com um terço do mercado futuro de 60 milhões de home passed.

” Já existe uma série de conversas entre consolidadores acontecendo. Uma parte dos 20 milhões de acessos das  grandes operadoras, que devem crescer entre 15% a 20%,  vai estar dentro de  uma rede neutra de uma forma ou de outra”, opina Leite.

Rodrigo Leite, co-fundador e Managing Director do Brasa Capital (Foto: INOVAtic Sudeste 2022)

Ainda de acordo com o especialista, 10 a 15 milhões de acessos devem ficar nas mãos de players pulverizados. “É muito difícil você tirar do mercado um pequeno por competição. Muitos não estão conseguindo ser vendidos por uma questão de falta de demanda para compra, ou não querem ser vendidos, e tem muito provedor pequeno, que está nascendo ainda”, afirmou o diretor.

Ao comentar sobre as tendências de mercado para os ISPs, Cachapuz destaca que o Brasil sofre com “variáveis” que podem impactar no desenvolvimento dos negócios em curto prazo.

“O Brasil ainda precisa de um processo de organização. Passamos por uma pandemia e, logo em seguida, crise econômica mundial, somada a uma guerra. Isso acaba gerando uma série de variáveis’, alerta Cachapuz.

Rede neutra como aliada

Rafael Marquez, Diretor de Marketing da V.tal (Foto: INOVAtic Sudeste 2022)

Para Rafael Marquez, Diretor de Marketing da V.tal, “a consolidação do mercado de provedores é um caminho sem volta” assim como “o modelo de rede neutra veio para ficar”.

“Quando a gente tem um mercado com 10, 15 mil provedores, fora os grandes, há uma competição muito ferrenha. Acredito muito que a rede neutra pode ajudar demais o provedor a focar  tanto em investimento, quanto em atenção dedicada à experiência do cliente”, disse o diretor.

Marquez destaca a qualidade da entrega e atendimento ao cliente como essencial. “Acho que, neste jogo, vai ganhar quem cuidar melhor do cliente. O mercado e a sociedade, como um todo, estão cada vez mais exigentes. A internet, com cada vez mais velocidade, menos latência. É um jogo que só tende a ficar mais desafiador e é preciso segurar o cliente pela qualidade de serviço”, afirmou o diretor.

“Quando a gente convida o ISP para começar a experimentar o serviço de rede neutra é, justamente, para o ISP pegar esse investimento que antes estava indo para a parte de infraestrutura, que o cliente não vê, e dedicá-lo para prestar serviço diferenciado. Isso é o que vai reter o cliente, fazer o investimento onde o cliente vê”, disse Marquez.

INOVAtic Sudeste 2022

Totalmente virtual, o INOVAtic Sudeste reune ISPs do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, mostrando o panorama do setor na região. Para participar, basta se inscrever no site do evento.

Nesta quinta, 7, último dia de evento, haverá paineis sobre o mercado secundário de espectro, além  do Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações. Veja a programação completa neste link.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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