Itália quer 6 bi de euros pela TIM Brasil, após vitória da extrema-direita

A vitória da coligação de extrema-direita na Itália, com 44% dos votos nas eleições gerais realizadas ontem, 25 de setembro,  poderá acelerar a venda das operações brasileiras TIM Brasil
TIM Brasil a venda com extrema-direita no poder. Crédito-Freepik
A coligação liderada por Giorgia Meloni venceu as eleições com 44% dos votos. Crédito-Freepik

A vitória da coligação de extrema-direita na Itália, com 44% dos votos nas eleições gerais realizadas ontem, 25 de setembro,  poderá acelerar a venda das operações brasileiras TIM Brasil. É o que informa o noticiário italiano. No domingo, o periódico Data Stampa publicou notícia dizendo que estariam abertas as negociações para a venda da operadora brasileira e que seu preço deve variar entre  5 bi a  6 bi de euros (entre 25 a 30 bilhões de reais).

Conforme o jornal, não seria apenas o novo governo, que passará para a extrema-direita –  que teria interesse em vender as operações brasileiras,  mas também o maior sócio privado – a francesa Vivendi – estaria defendendo a sua venda.

A vitória sem surpresa de Giorgia Meloni, primeira-ministra que vai liderar a bancada da extrema-direita formada pelos partidos Irmãos da Itália, La Liga (de Matteo Salvini) e Força Itália (de Silvio Berlusconi) foi precedida ao longo dos últimos meses por depoimentos de dirigentes da coligação defendendo um novo modelo para as telecomunicações italianas e a venda da TIM Brasil.

A TIM Itália há muito está bastante endividada, ( dívida líquida de cerca de 23 bilhões de euros, ou mais de R$ 115 bilhões) mas chegou a recusar uma oferta de compra feita por um dos maiores fundos globais. O KKR,  em novembro do ano passado chegou a oferecer 12 bilhões de euros pelo grupo. Mas as negociações não avançaram, e, em março deste ano, a oferta foi retirada, tendo em vista que a direção não abria ao fundo os dados para a realização da due dilligence e, para piorar, a TIM Itália apresentou resultados bem aquém dos esperados, com prejuízo de € 8,6 bilhões de euros no ano passado.

Labriola

Com a indicação do ex-CEO da TIM Brasil, Pietro Labriola, para a TIM Itália, o executivo chegou a anunciar em março deste ano  um novo plano para o grupo, que previa a separação de ativos, mas preservava a TIM Brasil como peça importante do novo planejamento.

Mas a coligação vitoriosa ao governo italiano tem outros planos. Embora a TIM seja uma empresa privada, o governo tem participação nos rumos da operadora, com golden share, ações com poder de veto, além de o fundo de pensão estatal ter uma importante participação na empresa. Assim, os integrantes do novo governo parlamentarista anteciparam  os novos planos para a maior operadora de telecom italiana.

Em agosto deste ano, o Tele.Síntese reproduziu  matéria publicada na Itália, na qual Alessio Butti, dirigente do principal partido da extrema-direita, o Irmãos da Itália, para o setor de tecnologia da informação e comunicações (TICs) afirmava que iria vender a TIM Brasil, caso eleitos, para diminuir a dívida da operadora, e reformular os planos para o futuro da empresa, que não deveria estar focada nos serviços, mas sim na infraestrutura.

Disse ele:

“Estamos profundamente convencidos de que precisamos vender a TIM Brasil. Por quê? Porque não temos como garantir o investimento necessário para a TIM Brasil, uma operadora essencialmente móvel, que também precisa de muito dinheiro direcionado ao 5G. O Brasil tem área territorial igual à de toda a Europa. Com a venda da participação na TIM Brasil, cabe ressaltar, poderíamos reduzir bastante a dívida da companhia“, afirmou.

Butti afirmava ainda que o plano industrial do Grupo TIM será revisto. Em vez de vender a infraestrutura, como planejado por Labriola, a ideia é vender a unidade de serviços – toda a carteira de clientes corporativos e pessoas físicas. Segundo ele, a infraestrutura tem mais valor como negócio do que o atendimento aos usuários. Com isso, a empresa se consolidaria como de atacado.

Como resultado, a Itália passaria de quatro para três competidores no varejo. A carteira seria negociada com Vodafone, WindTre ou Iliad, as outras principais rivais no segmento móvel.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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