Investimentos em startups brasileiras despencam 86% no 1º trimestre de 2023, aponta Distrito

Fuga de capitais se deve ao contexto macroeconômico e à falência do SVB; no entanto, não há indicação de que aportes volumosos retornem tão cedo ao País, avalia CEO da plataforma
Investimentos em startups despencam no 1º tri de 2023
Levantamento do Distrito mostra que investimentos em startups minguaram no 1º tri de 2023 (crédito: Freepik)

Os investimentos em startups brasileiras despencaram 86% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, informou a plataforma de inovação Distrito, nesta segunda-feira, 3.

O levantamento mostra que, de janeiro a março deste ano, os aportes no País somaram US$ 247 milhões (aproximadamente R$ 1,25 bilhão). No entanto, no primeiro trimestre de 2022, o setor nacional de startups recebeu uma injeção de US$ 1,7 bilhão (R$ 8,61 bilhões). A pesquisa também indica que a quantidade de aportes também diminui sensivelmente, de 306 para 91 rodadas.

Na comparação setorial, o Inside Venture Capital Report, título do relatório do Distrito, aponta que, apesar da quebra do Silicon Valley Bank (SVB) em março, até então um importante parceiro das empresas de tecnologia nos Estados Unidos, as fintechs foram as startups que mais receberam recursos no Brasil no primeiro trimestre (US$ 112 milhões, ou R$ 567,20 milhões).

Também se destacaram os setores de supply chain – impulsionado pela rodada de investimentos na Daki – e de energytech, os quais levantaram US$ 51,1 milhões (R$ 258,78 milhões) e US$ 48,6 milhões (R$ 246,12 milhões) em montante de capital, respectivamente.

“Os números deste trimestre foram afetados tanto pelo contexto macroeconômico global quanto por episódios como a falência do Silicon Valley Bank e o medo de uma crise bancária em uma grandeza semelhante ao que vivemos em 2008. Tudo isso fez com o que os investidores segurassem ainda mais os seus caixas, principalmente no mês de março”, avaliou, em nota, Gustavo Gierun, CEO do Distrito.

Além disso, o executivo pontuou que “os números volumosos que vimos em 2020 e em 2021 não devem reaparecer no horizonte”, embora tenha dito que “não devemos seguir com um cenário de escassez de capital por muito tempo”.

Segundo a plataforma Distrito, diante da fuga de capitais, as empresas têm incrementado seus caixas com operações de dívida e com estruturação via fusões e aquisições (M&A).

O primeiro grande sinal de que as startups estavam enfrentando problemas financeiros foi a onda de demissões que atingiu diversas empresas no início deste ano. Na ocasião, ao avaliar o cenário, o presidente da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), Diego Perez, sinalizou que restariam às empresas “andar de lado para não parar de vez” em 2023.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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