Infraestrutura de ISPs: os impasses e as vantagens da separação estrutural

Especialistas comentam sobre novos modelos de negócios para provedores de pequeno e médio porte. Debate faz parte de painel do INOVAtic Sudeste 2022.

A separação estrutural é um dos caminhos possíveis para a infraestrutura de ISPs no futuro. Pelo menos é essa a visão de especialistas ouvidos no painel ‘Novos players e novos modelos de negócio’ no INOVAtic Sudeste, nesta quarta-feira, 6.

O evento, promovido pelo Tele.Síntese, reúne representantes das maiores empresas do setor com objetivo de debater o cenário de mercado e suas tendências. A participação é gratuita e a exibição online. A programação vai até quinta-feira, 7 (saiba mais abaixo).

Para Rodrigo Leite, Co-fundador e Managing Director do Brasa Capital, a separação estrutural que já aconteceu em empresas grandes de telecomunicações também pode ocorrer nas menores. “Existem vários grupos que têm interesse declarado em adquirir essas redes”.

No entanto, Leite explica que existe uma preocupação por parte das ISPs. “A preocupação do lado do vendedor é que ele sempre agiu no sentido de que deter a rede é estratégico, então… Se eu vender a rede fico sujeito às idas e vindas do mercado, quando trocarem as tecnologias, quando renegociar o contrato, posso ficar prejudicado no médio e longo prazo”, explica.

Rodrigo Leite, Co-fundador e Managing Director do Brasa Capital. (Crédito: Tele.Síntese)

Na visão do executivo, as ISPs vão se espelhar nos cases de outras ISPs que tiverem a “ousadia” de fazer uma separação estrutural e mostrar resultados bem sucedidos. “Antes de ter essa comprovação de mercado, vai ser muito difícil o cara pegar o maior patrimônio dele e perder o risco.

Leite ainda destaca que a dimensão da rede será definitiva.”Não é qualquer rede que vai ser comprada porque precisa ver a qualidade do business plan e quem fica com aqueles clientes. Tem infra company olhando para poder comprar provedores junto com a compra do client company por um parceiro dele mais robusto”.

Critérios para infraestrutura de ISPs negociáveis

Rafael Marquez, Diretor de Marketing da V.tal, ressalta os critérios a serem avaliados em uma possível incorporação da infraestrutura de ISPs.

“Quando um detentor de uma verticalizada, dependendo do porte, for segregar uma infra da client company, obviamente que [se pergunte] qual é a sustentabilidade dessa client company per si? Não é uma decisão fácil”, afirmou.

Rafael Marquez, Diretor de Marketing da V.tal (Foto: INOVAtic Sudeste 2022)

A V.tal mantém os planos de investir R$ 30 bilhões até 2025 no aumento da capacidade e capilaridade da rede. Segundo Marquez, as ações terão como conceito de fundo “evitar a sobreposição de rede” e, por isso, a incorporação da infraestrutura de ISPs “pode ser uma equação que se sustenta para o futuro”

“O nosso DNA é deter a rede e fazer esse trabalho de construção, o que não impede da gente avaliar a oportunidade, como o Rodrigo falou. A gente faz conta sempre, entre a gente construir ou pegar um provedor resiliente, com qualidade, que a gente possa colocar nosso ativo para poder oferecer isso como compartilhado, aberto, há uma possibilidade de avaliar”, disse Marquez.

INOVAtic Sudeste

Totalmente virtual, o INOVAtic Sudeste reune ISPs do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, mostrando o panorama do setor na região. Para participar, basta se inscrever no site do evento.

Nesta quinta, 7, último dia de evento, haverão paineis sobre o mercado secundário de espectro, a relação entre os ISPs e o 5G, além do Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações. Veja a programação completa neste link.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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