IA no setor público: desafios e oportunidades para a telecomunicação

Especialistas debateram desafios e oportunidades no uso da IA em órgãos governamentais durante a Futurecom 2024 - a transformação digital foi citada como um meio de transformar o serviço público
IA no setor público: desafios e oportunidades para a telecomunicação
Painel abordou o uso da IA no setor público | Foto: Tele.Síntese

Durante a Futurecom 2024, especialistas em tecnologia e telecomunicações discutiram a implementação de soluções de Inteligência Artificial (IA) no setor público federal brasileiro. A mesa contou com a participação de Manuela Maia Ribeiro, coordenadora da pesquisa TIC Governo Eletrônico; Fernanda Montenegro, diretora de TI do Tribunal Regional Federal da Justiça Federal em Pernambuco; e Mário Rachid, diretor executivo de soluções digitais da Embratel. As discussões focaram nas dificuldades e possibilidades da adoção da IA nas entidades governamentais.

De acordo com Manuela, a pesquisa TIC Governo Eletrônico, realizada a cada dois anos, revela que a IA é a tecnologia mais mencionada entre as novas inovações, embora ainda seja utilizada por menos de um terço dos órgãos federais e estaduais. “A automação de processos de fluxo de trabalho e a predição e análise de dados foram os usos mais citados”, disse Ribeiro. No entanto, a adoção da IA enfrenta desafios significativos, como a falta de habilidades entre os trabalhadores do setor público, prioridades divergentes e incompatibilidade com equipamentos existentes.

O Judiciário

Fernanda Montenegro ressaltou que o judiciário brasileiro já iniciou um processo de digitalização em 2005, e a pandemia acelerou a necessidade de serviços digitais. “O maior bloqueio era a questão cultural. A pandemia mostrou que é preciso esse tipo de serviço”, afirmou Montenegro. Ela explicou que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) regulamentou a IA em 2020 com a Resolução 332/2020, que estabelece diretrizes para a implementação responsável da tecnologia. Em 2022, a popularização de ferramentas como o ChatGPT, fez com que o CNJ precisasse revisar essa regulamentação para considerar os riscos e as implicações das novas tecnologias generativas.

Desafios

Mário Rachid, da Embratel, destacou que a mão de obra especializada é um desafio comum para as empresas e o setor público. “A Embratel investe na capacitação de profissionais para atuar nesse mercado. O governo tem um papel importante como usuário de dados e ferramentas de IA para melhorar a experiência do cidadão”, afirmou Rachid. Ele observou que, atualmente, 30% do governo fala sobre IA, refletindo um cenário próximo ao do setor corporativo.

As discussões também abordaram a questão da transparência no uso de IA. Manuela Maia Ribeiro enfatizou a importância de se pensar em soluções de IA que sejam transparentes e auditáveis, citando casos internacionais onde a automação levou a injustiças. “Um dos caminhos para minimizar esse tipo de risco seria pensar em usos dessa tecnologia que sejam mais transparentes”, disse ela.

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Gabriel Gameiro

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