Huawei aumenta investimentos em P&D para superar bloqueio comercial

A empresa direcionou no ano passado 25% de suas receitas para P&D, volume bem maior do que nos anos passados, cuja média era de 15%.

Shanghai* – A Huawei aumentou significativamente os recursos destinados a pesquisa e desenvolvimento (P&D) no ano passado, saindo de uma alocação de 15% de sua receita para 25%. Isso significa que a empresa destinou nada menos do que R$ 106,5 bilhões para a inovação. Segundo Paul Michel Scanlan, senior adviser do presidente, o incremento dos recursos foi direcionado, em sua maioria, para pesquisa básica.

¨Precisamos produzir produtos inovadores mais rápido e mais barato¨, afirmou o executivo. Scanlan apontou que, além de os recursos para P&D terem sido direcionados para suprir novas áreas de atuação da empresa, como as de energia e veículos autônomos, também tiveram que suprir algumas demandas mais urgentes, devido ao bloqueio dos Estados Unidos aos produtos da empresa.

Entre eles, a Huawei deixou de usar o sistema operacional do Google em seus celulares, criando o seu próprio sistema, o que, disse o executivo, demandou mais investimentos em P&D. Além disso, ressaltou, a empresa aumentou a pesquisa de novos materiais, para poder atuar no segmento da microeletrônica, segmento este no qual a China ainda não conseguiu alcançar a maioridade.

América Latina

Para Daniel Zhou, presidente da empresa para a América Latina, ainda é cedo para a o ou mesmo os países da região e mesmo o Brasil, que lidera a implementação do 5G na região, pensar em padrão mais avançado, como 5.5G, que estará em comercialização da China em dois anos. Mas ele acredita que a massificação da quinta geração deve acontecer rapidamente, principalmente se forem adotadas políticas de estímulo â construção da infraestrutura.  Afinal, afirmou, ¨o custo por megabit é  muito mais barato¨, o que significa, entende, que as prestadoras de serviço irão acelerar a sua adoção.

Infraestrutura

Terminal automatizado por 5G no Porto de Tianjin (China) (Foto: Divulgação)

Mas os casos de uso do 5G no segmento de infraestrutura já começam a surgir. Em Tianjin, cidade portuária há pouco mais de 100 quilômetros de Pequim, em 2019 foi construído o primeiro terminal totalmente automatizado e conectado com o 5G (foto acima).

Lá, 92 robôs de transporte e dezenas de veículos autônomos manuseiam nada menos do que 2,5 milhões de contêineres por ano, 10% de toda a carga do porto.

Com a implementação de digital twins (simulação em tempo real do que efetivamente está ocorrendo no porto), e a conectividade 5G fornecida pela China Mobile, a automação do porto consegue ser ¨cloud thinking¨. E esse terminal é também carbono zero.

*A jornalista viajou a convite da Huawei.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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