Highline vai com fôlego para o leilão do 5G e avalia a licença nacional
A Highline vai com fôlego para o leilão do 5G da Anatel. Embora tenha recebido uma ducha de água fria com a recusa da agência ao seu pleito, para que as obrigações de cobertura da quarta licença de 3,5 GHz pudessem ser iniciadas em cidades do interior do país, a empresa não descartou a aquisição dessa licença no leilão que acontecerá no dia 4 de novembro. Mas se acabar optando por disputar as duas frequências regionais permitidas pelo edital, seus planos para se tornar a primeira rede neutra nacional exclusivamente móvel não se alteram .” Nós seremos realmente uma rede neutra móvel nacional e que buscará atender a todos os perfis de operadores – grandes e pequenos”, afirma Paulo Cézar Martins, diretor de Relações Institucionais e Novos Mercados da Highline Brasil.
Para consolidar essa estratégia, explica Martins, mesmo que a empresa acabe não comprando a licença nacional – decisão que será tomada às vésperas da entrega da proposta, em 27 de agosto – está em franca negociação com outros grupos interessados nas licenças regionais. “Mesmo os ISPS que realizaram as IPOS (ofertas públicas de ações) sabem que a telefonia móvel demanda volumosos investimentos, e que não há dinheiro para se fazer tudo”, assinala o executivo. E aí, observa, consolida-se o modelo de negócios da Highline, que tem como controlador o Digital Bridge, fundo especializado em infraestrutura digital, com mais de US$ 30 bilhões em ativos sob sua gestão e mais de 440 mil sites em todo o globo.
Embora Martins lamente o fato de a Anatel ter mantido a obrigação de cobertura do 5G apenas nas capitais e grandes cidades brasileiras nos primeiros quatro anos, ele entende que este leilão tem características diferenciadas, que se enquadram perfeitamente na estratégia do grupo.
“O fato de o leilão não ser arrecadatório, de as grandes operadoras não poderem disputar a faixa que resta do 700 MHz e mesmo as prerrogativas de se cumprir obrigações em cidades mais afastadas, além da grande quantidade de espectro, são componentes regulatórios únicos”, elencou.
Além disso, avalia, o mercado brasileiro também tem uma outra realidade diferente a de outros mercados, que estimula o ingresso de uma empresa de infraestrutura como a Highline. ” O mercado inimaginável de provedores regionais existente no país. Isto também não é algo que se observa lá fora. Lá fora, mesmo que existam pequenas operadoras, não há um número tão grande como no Brasil, não existe provedores com número tão profissionalizado como o que temos aqui e, ainda, o mais importante, aqui, os provedores são líderes de mercado”, afirmou.
Assim, assinala, o modelo da Highiline de rede neutra móvel diferencia-se ao de formatos conhecidos que precisam de empresas âncoras para mantê-los (a Vital com a Oi, ou a Fibrasil com a Vivo, por exemplo).
Outra modelagem
A Highilne já tem se manifestado sobre o seu interesse no leilão da Anatel, e como um bom comprador, não explicita integralmente a sua estratégia para o leilão. Mas Martins continua a deixar as pistas. No caso da faixa de 700 MHz – que muitos do mercado afirmam que terá o maior ágio – Paulo Cézar Martins aponta para as pesadas obrigações que vêm com a frequência. ” O cálculo dos custos dessas obrigações é bem complexo. Basta pensar que, se até hoje não tem cobertura nas estradas, é porque não tem mercado”, afirma. Mas as contas foram feitas……
Embora considere que o preço das CPEs (as centrais celulares) do FWA (banda larga fixa por rede móvel) estejam extremamente elevados, ele afirma que o FWA também faz parte da estratégia da empresa, o que significa interesse pela faixa de 26 GHz que estará a venda. “Estão prometendo uma queda forte no preço desses equipamentos”, diz.
Segundo o executivo, além de contar com infraestrutura de torres (a empresa já tem em carteira cinco mil sites) e espectro para entregar aos operadores que vão prestar o serviço ao cliente final, a Highiline tem também uma modelagem de venda de capacidade que a diferencia das demais iniciativas do mercado. “Sobra muito pouco dinheiro para os MVNOS, porque os contratos estão calcados por volume de tráfego. No nosso caso, ao contrário, é contrato de logo prazo pelo uso da infraestrutura”, afirma.
Paulo Cezar Martins fala do ineditismo do posicionamento da Highline com a tranquilidade de quem já foi pioneiro no mercado brasileiro de telecomunicações. No início da TV por assinatura no país, ele criou a Blue, operadora de TV paga de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Passou por todo o processo de expansão dessa operação e de consolidação do mercado e agora retorna ao setor com a segurança de quem sabe as nuances regulatórias finais. ” Mesmo sem podermos ingressar de imediato em cidades menores, o fato de a Anatel sinalizar que poderá ser oferecida a 5G em polígonos distintos pode ser uma flexibilidade que esperamos”, aponta.