Gomes: O potencial do Nordeste para se transformar em um hub de dados

A crescente demanda por infraestrutura digital sustentável impulsiona o desenvolvimento de data centers no Brasil
O potencial do Nordeste para se transformar em um hub de dados
Especialista fala sobre o potencial do Nordeste de se tornar um hub de dados | Foto: Divulgação

Por: Rui Gomes*

O Nordeste do Brasil está prestes a entrar em uma nova era de infraestrutura digital. E Pernambuco tem potencial para encabeçar essa transformação. O Estado possui uma posição geográfica vantajosa, central na Região, o que lhe permite oferecer conectividade com uma latência de apenas 13 milissegundos para 90% da população da região, ou seja, cerca de 50 milhões de pessoas.

O crescimento exponencial das tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial (IA), que exige enormes capacidades de processamento e altos níveis de consumo energético, está criando uma demanda global sem precedentes por data centers, bem como fontes de energia sustentáveis. Para se ter uma ideia, uma simples pesquisa no ChatGPT consome, em média, 10 vezes mais energia do que uma busca convencional no Google. Já a criação de uma imagem pelo aplicativo de IA generativa consome a mesma quantidade de energia que um chuveiro elétrico durante um banho de 5 minutos. Esse cenário mostra como é urgente a necessidade de se investir em infraestrutura robusta e eficiente de telecomunicações alimentada primordialmente por energia renovável.

O Brasil ainda tem uma participação modesta no mercado global de data centers, mas o potencial do País é grande. Estados Unidos e Europa, onde está concentrada a maior parte desses equipamentos, enfrentam desafios relacionados à oferta de energia e água, além de novas regulamentações de eficiência energética e emissões de carbono. O cenário no Brasil é extremamente favorável. Temos capacidade para expandir a geração de energia limpa, como solar e eólica, além de disponibilidade de água para resfriamento. Somando-se a tudo isso, os custos tornam o País o cenário ideal para atrair novos investimentos em data centers.

Por outro lado, é importante destacar a necessidade de descentralizarmos as infraestruturas críticas de tecnologia dentro do território brasileiro. Para se ter uma ideia, hoje apenas quatro cidades do país contam com estações de aterrisagem de cabos submarinos internacionais, e cerca de 90% dos datacenters estão concentrados na Região Sudeste. Criar polos fora dessas áreas posicionará o país como um fornecedor seguro e estável, estando protegido contra desastres naturais ou incidentes de causas diversas que possam a isolar regiões onde hoje está concentrada quase a totalidade desses equipamentos.

A Um Telecom, presente em todos os Estados do Nordeste, está comprometida em ser uma empresa catalisadora dessa mudança. A construção do nosso data center Tier III no Parque Tecnológico (Parqtel) do Recife, no bairro do Curado, não é apenas um projeto de infraestrutura; é uma declaração do nosso empenho em fortalecer a posição de Pernambuco no cenário digital global. O empreendimento recebeu investimento de R$ 41 milhões do BNDES. Esse é um marco que reflete a nossa visão e compromisso com a excelência em tecnologia e inovação, contribuindo para a transformação de Pernambuco em um hub de dados vital para o Brasil, aproveitando ao máximo essa localização estratégica.

O Relatório STAR: Data Centers’ Exponential Growth and Opportunities for Brazil, publicado pelo Santander, mostra que o mercado brasileiro de data centers atingiu US$ 4,6 bilhões em 2023, representando 1,4% do mercado global. A previsão é que esse número cresça para US$ 6,5 bilhões até 2028. O dado representa um incremento anual de 7,1%, superior à média mundial. O levantamento destaca, ainda, a vantagem competitiva das empresas com data centers no Brasil, com apenas 15% das fontes de energia sendo não-renováveis, enquanto a média global é de 61%.

O Nordeste está se posicionando para aproveitar essas oportunidades. Fortaleza já se consolidou como um hub de cabos submarinos. Mas o potencial da Região é muito maior. A capacidade de gerar energia renovável é um ativo valioso. É crucial que haja um esforço colaborativo entre governos e o setor privado para desenvolver essa infraestrutura essencial.

Com uma capacidade inicial para até 150 racks e potência útil de TI de até 1 MW, o data center Tier III da Um Telecom proporcionará serviços digitais essenciais, como computação em nuvem, 5G, cibersegurança e internet das coisas e também criará um ecossistema robusto capaz de impulsionar a economia digital de Pernambuco e do Nordeste.

Estamos ansiosos para a conclusão da primeira fase do projeto, prevista para o final de 2025. Acreditamos que este investimento representa um marco para o desenvolvimento tecnológico e econômico de Pernambuco e do Nordeste. O presente e o futuro são digitais, e a Um Telecom está na vanguarda para assegurar que nossa região esteja pronta para liderar esta revolução.

* Rui Gomes é CEO da Um Telecom

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