Anatel propõe ao MDIC medida para baratear roteadores FWA
Dez meses após o início da ativação do 5G no País, as operadoras ainda enfrentam dificuldades para rentabilizar a nova geração de internet móvel. No entanto, a curto prazo, de acordo com executivos da indústria, boas opções para monetizar a tecnologia já estão disponíveis: as redes privativas e o FWA (Fixed Wireless Access).
Segundo Jaqueline Paiva, gerente de novos negócios da Ericsson, o interesse pelo FWA vem crescendo no mundo e já há casos exitosos de uso, principalmente nos Estados Unidos e na Austrália. Para alavancar a tecnologia no Brasil, contudo, ela sugere a adoção de algum tipo de incentivo fiscal ou a utilização de recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), tendo em vista o preço elevado do CPE, equipamento que funciona como roteador da rede 5G.
“Isso massificaria a tecnologia e a tornaria mais sustentável em termos de negócio”, afirmou, nesta terça-feira, 4, em painel do evento Pós-MWC Barcelona by Futurecom, realizado na sede da KPMG, em São Paulo, com transmissão online. “O FWA, por exemplo, poderia ser usado para conectar escolas”, acrescentou.
Nesse sentido, Abraão Balbino, superintendente executivo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), informou que o órgão regulador prepara um acordo de cooperação com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para tornar os CPEs mais acessíveis no País.
“Vai ser uma agenda interessante para os fabricantes. Levamos isso ao MDIC na semana passada e a recepção foi muito boa”, disse Balbino.
A gerente da Ericsson também apontou as redes privativas como forma de rentabilizar, de forma imediata, o 5G.
“Temos a tecnologia e o espectro disponível, e as operadoras vêm trabalhando na frente B2B. No entanto, as empresas e os usuários também precisam se preparar para a transformação digital”, advertiu Jaqueline.
Luiz Henrique Barbosa, presidente da Telcomp, comentou que a busca por monetizar a quinta geração móvel se deve ao fato de a tecnologia ter sido impulsionada no Brasil pelas operadoras. Ele acredita que formas de rentabilizar o serviço virão com o tempo.
“O iPhone veio em 2007. Só depois vieram o 4G e o Waze. Com o 5G, também vai ser assim”, conjecturou Barbosa.
Na opinião de Daniela Martins, diretora de Relações Institucionais e Comunicação da Conexis, as operadoras, inicialmente, buscaram trazer os consumidores para o 5G adotando a estratégia de não cobrar um preço mais elevado pela nova tecnologia. A expectativa é de que os serviços rentáveis sejam demandados em um segundo momento.
“Acreditamos que B2B pode ser uma resposta, mas precisamos construir um ambiente de investimento de inovação para propiciar um ciclo favorável”, disse Daniela.