Foxconn retoma trabalho na China, mas em “bolha”
A China decidiu adotar novamente a operação Zero Covid para enfrentar a nova onda do vírus, mas está permitindo que algumas empresas trabalhem em esquema de “bolha”, entre elas a Foxconn.
Também conhecida como Hon Hai Precision, a Foxconn é uma das principais fornecedoras da Apple e uma das empresas que interromperam a produção para cumprir as restrições do Covid, enquanto a China enfrenta seu maior surto desde o início de 2020 e alimenta a preocupação com mais interrupções nas cadeias de suprimentos globais.
Em tal procedimento de “bolha”, funcionários ficando morando na empresa, isolados.
Nesta quarta, 16, a Foxconn disse, em comunicado, que conseguiu reiniciar parte da produção e operações na cidade de Shenzhen, no sul, depois de adotar um sistema de “gerenciamento de ciclo fechado”.
A empresa explicou que tem um sistema, em suas instalações na cidade de Shenzhen, que submete os funcionários que moram lá às medidas de saúde necessárias.
“Esse processo, que só pode ser feito em lugares que incluem alojamento de funcionários e instalações de produção, segue diretrizes rígidas da indústria e políticas de gerenciamento de circuito fechado emitidas pelo governo de Shenzhen”, apontou a Foxconn, no comunicado.
Experiência anterior
O sistema foi usado durante as recentes Olimpíadas de Inverno em Pequim e manteve a equipe do evento bem isolado do público. Ao mesmo, os trabalhadores faziam testes regulares de Covid-19. Foi elogiado e visto como bem-sucedido na prevenção da propagação do coronavírus nas Olimpíadas ou na comunidade.
Na segunda, 14, autoridades do centro comercial de Xangai, cidade que também impôs duras restrições para o combate ao cOVID, disseram que muitos projetos teriam que adotar um sistema semelhante para retomar o trabalho.
A imprensa internacional comenta que é improvável que esse sistema seja viável para muitas empresas e espera-se uma interrupção em larga escala da fabricação, à medida que a China aperta as restrições.
Atrasos
Fabricantes da província de Guangdong, um dos principais centros de exportação do país e sede de Shenzhen, disseram à agência Reuters que o fechamento de fábricas está causando atrasos nas entregas, e que as dificuldades logísticas dificultam o envio de mercadorias para clientes estrangeiros.
As filas de navios porta-contêineres fora dos principais portos chineses estavam aumentando e, embora esses portos permanecessem abertos e os navios continuassem a atracar, o congestionamento crescia. Alguns navios porta-contêineres estavam sendo redirecionados para evitar atrasos esperados.
A Associação de Comércio Eletrônico Transfronteiriço de Shenzhen, que agrupa cerca de 2.800 varejistas usando plataformas como a Amazon, afirmou que seus membros sentiram a dor das interrupções no fornecimento.
“Haverá algum impacto de curto prazo em plataformas transfronteiriças como a Amazon, porque não podemos vender agora, caso contrário, os compradores sofrerão, porque as mercadorias não serão entregues com eficiência”, disse o chefe da associação, Wang Xin.
Justin Jia, gerente geral da Baimi Tech, que fabrica equipamentos para impressoras do centro de fabricação de Dongguan, disse que estava tendo problemas com a entrega internacional, pois seu fornecedor local suspendeu os serviços esta semana.
Apesar das dores, ele apoiou a política de zero covid da China.
“Se abandonarmos abruptamente essa política, existe a possibilidade de transmissão em larga escala”, disse ele. “Eu sinto que é necessário.”