Exchanges se juntam para criar stablecoin pareada ao real

Ricardo Dantas, CEO da Foxbit, diz que falta de stablecoin em real trava crescimento do mercado de criptos, o que levou exchange a formar consórcio com Bitso, Mercado Bitcoin e Cainvest para lançar BR 1

Bitso, Foxbit e Mercado Bitcoin são competidoras naturais no mercado de criptoativos. Mas, as três exchanges decidiram se juntar na formação de um consórcio inédito para o lançamento de uma stablecoin pareada ao real. Batizada de BRL 1, a moeda estará disponível nas exchanges ainda este ano. Implementada inicialmente nas redes Ethereum e Polygon, ela é integralmente lastreada em reais e títulos do governo brasileiro, com a primeira emissão de R$ 10 milhões.

“O mercado de criptoativos é muito pequeno para se falar em concorrência direta. As dificuldades desse negócio, que ainda é muito novo, fez com que esse mercado já nascesse muito unido”, diz Ricardo Dantas, chief executive officer (CEO) da Foxbit. “A falta de uma stablecoin em real travava o crescimento do mercado como um todo. Por isso, as maiores corretoras se juntaram para lançar a BRL 1 juntos”, conta.

Por que uma stablecoin pareada ao real
Ricardo Dantas, CEO da Foxbit | Foto: divulgação

Já a Cainvest, empresa que representa 60% do mercado bancário nas Ilhas Cayman e uma das principais provedoras de liquidez para o mercado institucional de criptomoedas no Brasil, fornecerá liquidez nos pares BTC e ETH que serão listados contra a BRL1 nas três exchanges, assim como outros pares a serem futuramente listados.

Transações diretas

De acordo com Dantas, com a nova stablecoin haverá menos fricção entre os grandes operadores de criptomoedas. Em outras palavras, isso significa que ao realizar um saque ou transferência de valores em criptos entre as exchanges, o cliente não vai mais precisar ter que acessar sua instituição financeira tradicional para, por exemplo, realizar um Pix.

Por exemplo, atualmente, se o cliente decide comprar uma criptomoeda na Foxbit, primeiro, precisa fazer um Pix para a corretora. Se, em seguida, quiser comprar outro tipo de cripto em uma das outras exchanges, terá que realizar nova transferência instantânea.

“Apesar de termos o Pix, que é uma ferramenta maravilhosa, com a BRL 1 as transações ficarão mais diretas. Além disso, outro ponto positivo, é que haverá a rastreabilidade do blockchain, deixando tudo registrado”, observa Dantas.

Próximos passos

O CEO da Foxbit conta que as empresas estão na parte final dos preparativos para que a stablecoin em real comece a ser utilizada pelo consórcio ainda este ano. Depois disso, a ideia é que em breve o grupo convide outras corretoras para se juntarem ao consórcio.

“Já estamos em contato com outras corretoras para mostrar o modelo de incentivo. Entendemos que essa é uma maneira de fazer esse mercado crescer”, afirma.

O consórcio também tem em vista o lançamento do Drex, o real digital, que está em fase piloto, sendo desenvolvido pelo Banco Central (BC). “Costumo dizer que a BRL 1 já nasceu Drex ready. Quando o Drex sair, já podemos fazer algo integrado”, conta Dantas. Isso significa que será possível transacionar ativos 100% digitais, assim como tokens de investimentos e até empréstimos.

Dantas também diz que os passos seguintes da BRL 1 incluem a sua transformação em uma ferramenta como meio de pagamento. “Somando tudo isso, o consórcio tem a Fireblocks, que é uma maiores custodiantes e está arquitetando todo o modelo”, afirma.

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Simone Costa

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