EUA cita a Vivo na exclusão da Huawei como fornecedora do 5G

Secretário de Estado americano afirma que diversos países estão acordando para o que chamou de "estado de vigilância" do Partido Comunista da China, como o Canadá, que se associou à Ericsson, Nokia e Samsung

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, emitiu comunicado à imprensa, citando que a Vivo estará no Brasil em “um futuro próximo sem equipamentos de fornecedores não confiáveis”, referindo-se aos contratos para a montagem das redes de comunicações da tecnologia móvel de quinta geração, o 5G.

Também afirmou que três grandes empresas de telecomunicações do Canadá decidiram se associar à Ericsson, Nokia e Samsung, porque a opinião pública era predominantemente contra permitir que a Huawei construísse as redes 5G no país.

Trata-se de nova ação divulgada ontem, 24, pelo governo dos Estados Unidos, como parte da ofensiva lançada pelo presidente Donald Trump para excluir a gigante chinesa Huawei da lista de fornecedores da nova tecnologia para os países aliados.  Com isso, o objetivo é impedir que a empresa asiática atenda no Brasil as operadoras que vierem a vencer o leilão das frequências do 5G, previsto para o final deste ano, mas que deverá ser realizado somente em 2021.

Em um trecho do comunicado intitulado “A maré está se voltando para fornecedores 5G confiáveis”,  Pompeo faz referência à  Telefônica, da qual a Vivo faz parte, mencionando que a empresa  declara em seu Manifesto Digital que “a segurança é fundamental”, tema central dos ataques desferidos contra a Huawei por Trump.

No comunicado é reproduzida declaração recente que atribui ao CEO e Presidente da Telefônica, José María Álvarez-Pallete López:  “A Telefónica se orgulha de ser uma empresa 5G Clean Path [Caminho Limpo]. A Telefónica Espanha e a O2 (Reino Unido) são redes totalmente limpas, e a Telefónica Deutschland (Alemanha) e a Vivo (Brasil) estarão em um futuro próximo sem equipamentos de fornecedores não confiáveis.”

Clean Path é o nome de um plano do Departamento de Estado dos EUA que busca informações de fornecedores do setor sobre como eles implementariam um plano 5G Clean Path, para dar segurança à rede 5G dentro e fora das instalações diplomáticas dos EUA em casa e no exterior, eliminando equipamentos ​de fornecedores considerados “não confiáveis” como Huawei Technologies ou ZTE Corporation.

Perigo comunista

No texto, divulgado pela embaixada dos EUA em Brasília, Pompeo afirmou que os contratos da gigante chinesa estão “evaporando” em todo o mundo, porque os países estão preferindo apenas empresas confiáveis em suas redes 5G.

“A maré está se voltando contra a Huawei, à medida que cidadãos de todo o mundo estão acordando para o perigo do estado de vigilância do Partido Comunista Chinês”, disse o secretário de Estado dos EUA. “Os acordos da Huawei com operadoras de telecomunicações em todo o mundo estão evaporando, porque os países estão permitindo apenas fornecedores confiáveis em suas redes 5G”.

O secretário de Estado também citou como exemplos de países que estão adotando essa postura República Tcheca, Polônia, Suécia, Estônia, Romênia, Dinamarca e Letônia. Acrescentou que, recentemente, a Grécia concordou em usar a Ericsson em vez da Huawei para desenvolver sua infraestrutura 5G.

Resistências e justificativas

Está na caneta do presidente Jair Bolsonaro decidir se os equipamentos da Huawei ficará ou não fora da lista dos fornecedores autorizados a implementar o 5G no Brasil. Se vetar a concorrente chinesa, o governo enfrentará resistências de operadoras e até no Congresso por temor de encarecimento da implantação da nova tecnologia.

Essa decisão do presidente terá de passar também pelo crivo do TCU (Tribunal de Contas da União). Esse tipo de restrição é prática incomum em telecom, segundo a área técnica da Corte de Contas. Por isso, o governo precisará apresentar justificativas bem embasadas para sustentar a exclusão de qualquer fornecedor.

Vivo
Consultada a respeito pelo Tele.Síntese, a assessoria da operadora respondeu: “A Telefônica informa que não irá comentar” o comunicado do secretário de Estado.

Recentemente, Christian Gebara, o CEO da  da Vivo no Brasil, em Live promovida pelo jornal Valor Econômico, defendeu o uso de equipamentos da Huawei em redes de telecomunicações atuais e futuras. O executivo lembrou que a fabricante chinesa é grande fornecedora de sistemas para a operadora que dirige.

Ele observou que a Huawei já é responsável por parte da rede da Vivo no Brasil, o que não afeta a segurança. “A Huawei é uma das empresas tecnologicamente mais avançadas. É um dos nossos fornecedores. Cumprimos todos os protocolos de segurança. Nada do que usamos da Huawei põe em risco nossos sistemas ou o consumidor”, afirmou.

 

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Abnor Gondim

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