Estatal de chips quer passar faturamento de R$ 5 mi para R$ 100 mi em três anos
O Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada – Ceitec S.A –pretende multiplicar exponencialmente sua receita em apenas três anos. A estatal, controlada pela União, atualmente fatura R$ 5 milhões ao ano. Mas definiu como objetivo chegar aos R$ 100 milhões ao fim dos próximos três anos.
Como? Segundo o novo presidente da empresa, Paulo de Tarso Luna, isso será possível devido ao ganho de contratos com o governo em logística, identificação pessoal, de veículos e animais. A ideia é participar de políticas públicas do governo, como o programa Cidades Inteligentes, o Registro Civil Nacional e o Sistema de Identificação Automática de Veículos (Siniav), além da produção dos passaportes brasileiros. Hoje, a empresa atende somente a empresas privadas.
“Desde o segundo semestre do ano passado a gente tem feito uma série de contatos institucionais para mudar um pouco essa realidade. Fizemos contato com a Casa da Moeda e agora vamos retomar a questão de homologação do passaporte. Estamos em contato com o Exército, o Inmetro, ANTT, governos estaduais e até com concessionárias de rodovias”, diz Luna.
A Ceitec tem um parque fabril que trabalha com tecnologia de 600 nanômetros e um protótipo para passaportes de 180 nanômetros. A capacidade de produção é de 7 milhões de chips por mês. No caso do chip do passaporte, que é um pouco mais complexo, a empresa pode produzir 300 mil unidades por mês. “Para os chips de menores dimensões, uma parte é fabricada fora do país, como na Malásia. O projeto é feito aqui, a fabricação é feita fora e a finalização da fabricação é feita aqui, o que inclui toda a parte de teste, afinamento, inicialização de cada chip, verificação de qualidade e corte do chip no silício”, explica.
A Ceitec quer participar da discussão do Registro Nacional Civil. Há um projeto de lei na Câmara dos Deputados tramitando em regime de urgência que determina a criação desse documento. A empresa vai entrar em contato com o Tribunal Superior Eleitoral para apresentar as competências da Ceitec, pois o órgão vai fornecer a sua base biométrica para o registro nacional. “Nossa competência demonstrada no caso do passaporte vai nos habilitar a contribuir para esse projeto nacional importante, que tem um potencial de 200 milhões de unidades”, calcula.
Mercado potencial
Um dos chips produzidos pela empresa, que poderá ser usado nos passaportes, recebeu o certificado de segurança internacional “Commom Criteria”, exigido pela Casa da Moeda. O chip foi desenvolvido em quatro anos. Esse chip pode gerar em torno de R$ 15 milhões por ano para Ceitec, no segundo ano de implantação. Luna diz estar em negociação com os ministérios das Relações Exteriores, Justiça e Fazenda para implantar o chip nos passaportes brasileiros, que hoje utiliza um chip produzido fora do país.
“Não se trata apenas de uma discussão operacional, trata-se de uma definição estratégica, porque ao chip do passaporte também estão associadas questões de segurança e de soberania nacional”, ressalta.
A Ceitec também vê potencial em implantar os chips de identificação de veículos no projeto do governo que institui o Sistema de Identificação Automática de Veículos (Siniav). O chip ainda não está sendo utilizado nos carros brasileiros por falta de regulamentação. Fixado ao para-brisa, o chip facilita a fiscalização por órgãos de trânsito e permite o monitoramento de itinerários, o controle de estacionamento e a cobrança de pedágio.
Outro produto com potencial para alavancar os negócios é o chip de identificação do boi, utilizado para controlar grandes rebanhos. O sensor diz como está a saúde do boi com dados sobre vacinação, peso, idade e tipo de ração de cada animal específico. Nesta semana,Luna vai apresentar o chip no I Fórum dos Governadores do Brasil Central, que acontecerá em Goiânia (GO). (Com assessoria de imprensa)