Especialistas dizem que ainda falta adesão ao Open Finance

Em painel do Digital Money Meeting, líderes das empresas do sistema financeiro discutiram o impacto do Open Finance no ecossistema e abordaram temas como cibersegurança e desafios para sua implementação

Especialistas dizem que ainda falta adesão ao Open Finance

Lançado em 2021, o Open Finance está na quarta e última fase de implementação e para que, de fato aconteça, precisa da adesão completa das instituições financeiras. “O grande desafio que temos de enfrentar é a busca pelo aumento da adesão dos bancos ao processo do Open Finance”, acredita José Luiz Rodrigues, sócio titular da JL Rodrigues & Consultores Associados.

Também presidente do conselho da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), Rodrigues fez a afirmação ao abrir a mesa sobre Open Finance e o Ecossistema Financeiro em Evolução no Digital Money Meeting, evento organizado pelo Tele.Síntese, que acontece nesta segunda-feira (3) e terça-feira (4).

A demora para a entrada das instituições financeiras, tanto bancos quanto fintechs, no Open Finance tem por trás a obrigação regulatória que precisam cumprir. “É algo complexo, mas posso dizer que 95% das instituições já estão no caminho para resolver essa parte da regulação”, disse Marcelo Martins, CEO do Iniciador e Diretor da ABFintechs.

De acordo com ele, as barreiras são maiores para aquelas instituições que ainda não têm autorização do Banco Central (BC) para funcionar como fintech de pagamento. Depois disso, ainda precisam realizar testes funcionais e garantir o funcionamento de toda a parte de software.

O executivo lembrou também que há uma inconsistência do ecossistema, o que causa problemas com a qualidade da conexão entre as instituições. A expectativa é que a Instrução Normativa nº 441 do BC, prevista para entrar em vigor neste mês, consiga resolver esse problema. “Essa medida visa a aprimorar as regras de compliance do Open Finance para que tenhamos uma evolução condizente com o nível de maturidade do projeto”, observou Martins.

Segundo Mardilson Queiroz, chefe adjunto do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, o objetivo da normativa não é penalizar, nem multar as instituições financeiras participantes do Open Finance, mas encontrar métricas de observância adequadas para que o ecossistema funcione bem. “O BC está passando por uma reestruturação de como abordar a supervisão do Open Finance. É tudo muito novo para o mercado e para o BC”, disse.

Avanços para clientes e sistema financeiro

No Banco do Brasil (BB), os benefícios do Open Finance já começam a ser sentidos. Com a prévia autorização dos clientes, a instituição consegue, por exemplo, ver que eles fizeram compras em grandes sites de e-commerce. Isso permite que o BB envie lembretes a esses clientes informando sobre a solução de cashback caso eles comprem no marketing place do próprio banco. “Com isso, tivemos uma taxa de conversão três vezes maior do que em outras campanhas”, afirmou Pedro Bramont, diretor de Meios de Pagamento e Serviços Bancários do BB.

Na Efí Bank, as oportunidades também estão sendo exploradas. “Um dos pontos que a gente teve muita preocupação foi com a escalabilidade das nossas APIs”, contou Karen Carvalho, group product manager de Meios de Pagamento da fintech.

Na instituição, a interface de programação de aplicação (API, na sigla em inglês) é 100% aberta. “Para nós, sempre fez sentido ofertar uma API 100% aberta para os clientes que possibilitasse esses integradores iniciarem pagamentos a partir do Open Finance”, disse Carvalho. De acordo com ela, em 2023, 6 bilhões de transações foram processadas por esse sistema na instituição.

Acompanhe o Digital Money Meeting, que acontece até amanhã e é gratuito. As inscrições podem ser feitas aqui.

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Simone Costa

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