Escritório de dados e centro de estudos: conheça projetos de cidades inteligentes no Brasil

Gestores estaduais e representantes da iniciativa privada compartilham, no Smart Cities Mundi, planos em curso e desafios para aprimorar soluções IoT na gestão de serviços públicos.
Escritório de dados e centro de estudos: conheça projetos de cidades inteligentes no Brasil
Campinas é um dos maiores polos tecnológicos do mundo (Crédito: Alesp/Divulgação)

A busca por desenvolver projetos de cidades inteligentes no Brasil mobiliza parcerias entre prefeituras e empresas da iniciativa privada. Gestores públicos e especialistas compartilharam planos e desafios no Smart Cities Mundi, organizado pelo Tele Síntese em parceria com o Fórum das Américas, nesta segunda-feira, 20. O evento, online e gratuito, segue até quarta, 22.

Em Campinas (SP), a prefeitura espera construir um centro de estudos para cidades inteligentes. Ao anunciar o projeto no painel, o prefeito Dário Saadi destacou que o município, que reúne startups e universidades, é “vocacionada para tecnologia”.

“Nós vivemos um momento importante de trazer soluções em tecnologia para melhorar a vida das pessoas na cidade, mas precisamos estudar quais as iniciativas que funcionam”, disse Saadi.

Secretária de Desenvolvimento Econômico Adriana Flosi, prefeito Dário Saadi e presidente do IMA, Elias Tavares. (Crédito: Reprodução/SmartCities Mundi)

Entre as ações para viabilizar o desenvolvimento da cidade, o prefeito citou a abertura do Estado para Parceria Público Privadas (PPP’s), que estão sendo acompanhadas pela Informática de Municípios Associados (IMA). A empresa, que tem a prefeitura como acionista, destacou o trabalho de migração dos dados estatais para nuvem até o final deste ano, por meio de acordo com o Google, de R$ 100 milhões. “É o que há de mais tecnológico e seguro”, disse Elias Tavares, presidente da IMA .

Iluminação pública entre projetos de cidades inteligentes

Ainda entre os projetos desenvolvidos em Campinas está a implementação de tecnologia IoT na rede de iluminação pública, como explica Adriana Flosi, secretária de Desenvolvimento Econômico do município.

“Hoje, Campinas tem um parque de iluminação de 110 mil pontos. Serão mais 30 mil, incluindo praças públicas, praças de esportes, ginásios e similares. A concessionária pode usar até 30% dessas luminárias para a instalação de IoT, então, esse é o grande diferencial, para que a gente tenha, redução de iluminação durante à noite, nas áreas que não estão sendo usadas”.

 

Carlos Sanchez, Ceo da Hightrend Brasil, empresa que compõe o consórcio que ganhou a PPP do projeto em Campinas,  destaca a importância da iniciativa. “Há muitos dados dentro de uma cidade, é preciso organizar para poder transmiti-los. A iluminação pública tem a melhor infraestrutura que pode haver para isso”, afirma.

Entre as medidas que podem ser tomadas com a conectividade da rede estão a otimização do consumo de energia, impactos na segurança pública e redução de gastos públicos.

Há ainda iniciativas que atingem todo o país. Luciano Rosito, diretor Comercial na Tecnowatt/Simoneletric e Coordenador do Comitê de Telegestão da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Iluminação Pública (ABCIP), ressaltou a Portaria 221 do Inmetro, publicada em maio deste ano, que regulamenta a medição de energia para os sistemas telegestão, como um “ marco importante para a confiabilidade e a difusão do uso dessa tecnologia nas PPPs”.

“Existia uma grande dúvida em relação a de que maneira a distribuidora aceita essa medição, sabendo da precisão dos equipamentos de telegestão e como eles medem a energia elétrica e como padronizar isso”, afirma Rosito, que cita a Portaria como uma resposta para dúvidas de implementação.

“O que se espera: que se adote mais sistemas de gestão de iluminação, que as próximas PPPs podem ter 100% das cidades com telegestão e que esse sistema se pague, ou seja, tenha um retorno de investimento mais rápido, que praticamente saia de graça para os municípios”, disse Rosito.

Escritório de dados

Willington Feitosa, Coordenador de Cidade Inteligente da Prefeitura do Rio de Janeiro, destacou a iniciativa de criar um “escritório de dados” no município, para guiar a gestão pública.

“Usando uma analogia, é como um grande sistema de saneamento. Temos muitos canos e dentro desses canos tramitam dados, muitas informações, dados não tratados. Então, criamos esse grande sistema de saneamento [escritório de dados] que canaliza os dados para um base e a partir dessa centralização vai organizar todos esses dados”, afirmou.

A ideia, de acordo com Feitosa, é resguardar os dados sensíveis, que devem ser preservados de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e disponibilizar para consulta da sociedade aqueles que podem ser divulgados. Entre as ações possíveis com a ferramenta está a localização da necessidade de manutenção em asfalto e conservação da rede pluvial, por exemplo.

No mesmo sentido, Andrea Calace, vice-presidente de vendas da Quantela, subsidiária da Cisco, destacou contrato de telegestão entre a prefeitura de Belo Horizonte e a Logicalis, em contrato para iluminação pública, ainda em 2017.

Calace também compartilhou iniciativas de cadastro de territórios para basear a estrutura para cidades inteligentes. Projeto que está sendo elaborado em países da Ásia, mas com expectativa de avançar também na América Latina. Questionado sobre os impasses da tecnologia no Brasil, explicou que a ferramenta ajuda no diagnóstico do cenário, citando dados da Colômbia, que teria estrutura semelhante à brasileira.

“Na Colômbia, dos dados [de território] são de 50% do país ou estados, dependendo da jurisdição, não estão atualizados e às vezes há pedaços de terra onde os impostos não são pagos. O ganho é justamente esse, de poder cadastrar, modernizar o governo e permitir a cobrança correta de impostos sobre a propriedade”, afirmou.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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