Ericsson e Nokia consideram positiva norma do governo sobre redes de 5G

Para os fabricantes, a Instrução Normativa do governo publicada hoje confirma que a 5G é muito mais potente do que uma mera evolução tecnológica do celular.

Dois entre os três maiores fornecedores de equipamentos para a redes de telecomunicações no Brasil – Ericsson e Nokia – elogiaram a Instrução Normativa publicada hoje, 27, pelo Gabinete de Segurança Institucional. A chinesa Huwaei, a outra grande fornecedora de equipamentos de telecom no Brasil ainda não havia se manifestado até o fechamento dessa matéria.

Para o CEO da Ericsson, Eduardo Ricotta, o aspecto mais positivo da nova IN é que o governo aponta uma direção para a Cyber Segurança, que, na sua avaliação,  precisa ser endereçada por todos os países.

” Foi dado o primeiro passo importante para estruturar a Cyber Security no país”, afirma. Ricotta assinala que a medida engloba  os pontos chaves que devem ser tratados para a segurança dos dados e das redes, quando aborda a questão do roaming, do backdoor ( porta de trás dos equipamentos, em tradução livre), e do  core (coração) das redes.

Na avaliação de Wilson Cardoso, CTO da Nokia, a norma tem o  mérito de reconhecer que o governo não vê a 5G como uma simples evolução das tecnologias móveis. ” A 5G passa a ser vista não apenas como mais um “G”, mas como uma ferramenta de produtividade e, por isso, é enquadrada em política do Estado, e não apenas do mercado”, afirmou o executivo.

Outro aspecto considerado positivo por Cardoso é que a instrução normativa explicita que as plataformas deverão ser interoperáveis e abertas, independente dos fabricantes.

Divisão de Mercado

Os executivos acreditam  que caberá aos responsáveis pela regulamentação do setor – embora a norma não explicite, eles entendem que os reguladores são o Ministério da Ciência, Tecnologia Inovações e Comunicações e a Anatel – definir questões que ficaram “em aberto” por esse ato,  como a explicitação de quais serão as áreas geográficas para a convivência de dois fabricantes por prestador de serviço.

” A legislação brasileira não permite que se escolha fornecedor ou operador”, afirmou Ricotta, e por isso entende que a decisão do governo em estabelecer a competição com pelo menos dois vendors,  conforme prevê a medida, foi a mais acertada.

O executivo remete ao debate interno que estava ocorrendo no governo, para o qual existiam duas propostas formuladas: o banimento total de fabricantes chineses, como a Huawei, nos moldes do que foi feito nos Estados Unidos; ou estabelecimento de cotas de mercado, como foi decidido pela Inglaterra.

Para Cardoso, a medida, tal como foi publicada, tem ainda o mérito de impedir uma “compra sistemática de mercado”, que, segundo ele, estaria ocorrendo no país.

Leilão

O CEO da Ericsson mostra-se, porém, preocupado com o adiamento do leilão da 5G. Para ele, a prorrogação da consulta pública, anunciada hoje pela Anatel,  joga o calendário do leilão para o primeiro trimestre do próximo ano.

Ricotta observa que os países que saíram na frente na adoção das novas tecnologias de celular são também aqueles que saem na frente na oferta de serviços e aplicativos inovadores. “Quando foi lançada a 4G, que o Brasil demorou para adotar, ninguém tinha ouvido falar de streaming de vídeo ou de áudio ou de aplicativos de mensagens sobre as redes de telecom, e esses serviços nasceram onde a 4G começou primeiro”, assinalou.

Anatel 

A Anatel lançou no dia 4 de março consulta pública sobre segurança cibernética para os equipamentos de telecomunicações. A consulta ficará aberta até maio. E poderá ter que incorporar as orientações dessa Instrução Normativa, informa fonte da agência.

A consulta da agência abrange regras gerais de segurança de software, gerenciamento e configurações iniciais, entre outros; não cria restrições a fabricantes; abrange a 5G e outras tecnologias e as avaliações das certificações serão feitas em pós-venda.

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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