Eduardo Rabboni: Transformação digital com foco na experiência do consumidor

Empresas devem criar uma área dedicada à Transformação Digital, calcada em pelo menos dois pilares: a eficiência de negócio e percepção de cliente.
eduardo-rabboni-algar
*Eduardo Rabboni é diretor de Transformação Digital da Algar Telecom

*Por Eduardo Rabboni

Está mais do que evidente que o consumidor de hoje não é o mesmo de ontem. Ele exige canais de relacionamento ágeis e eficientes e serviços personalizados que se adequem perfeitamente ao seu estilo de vida. E essa exigência deve se intensificar nos próximos anos. Segundo um estudo da Walker Information, em 2020 as expectativas estarão ainda mais altas: as empresas deverão utilizar informações e dados disponíveis para antecipar as necessidades dos clientes. Não basta atender, tem que surpreender.

A forma de se comunicar evoluiu. No celular, por exemplo, o uso de dados já superou o serviço de voz. Por isso, mais que uma tendência, o atendimento omni channel (telefone, mensagem e redes sociais) é quase uma obrigação nas organizações. Inevitavelmente, a melhoria da experiência do cliente requer uma transformação digital, cuja aplicação engloba uma série de processos, metodologias e, principalmente, mindset, não se limitando apenas à tecnologia.

A transformação digital teve início, no mundo inteiro, como um movimento da área de tecnologia. Várias empresas que acordaram para essa nova realidade começaram a atualizar, virtualizar e modernizar sua infraestrutura. Com o tempo, foi constatado que a digitalização não deveria se restringir a melhorar somente aos processos de back end. Era importante que o cliente percebesse que seu serviço, seja ele qual for, estava mais rápido, mais barato e personalizado.

Para facilitar essa transição de um movimento com origem na área de tecnologia, para uma estratégia mais abrangente, o ideal é a criação de uma área de Transformação Digital, calcada em pelo menos dois pilares: a eficiência de negócio e percepção de cliente (customer experience). O papel de uma área com esse escopo não é executar, mas sim orquestrar as diretorias da organização, desenhar o processo para que ele seja mais simples. Costumo dizer que a nossa missão é desburocratizar. Mas, como vencer a burocracia? Não é uma tarefa fácil. É necessário atuar em várias frentes, simultaneamente, aliando tecnologia e revisão dos processos.

Recentemente, o Gartner – renomada empresa de pesquisa e consultoria – alertou que é urgente evoluir no uso de business analytics para resolver problemas do negócio. As plataformas de análise de dados estão cada vez mais precisas e podem ser úteis desde a tomada de decisão para investimentos de expansão, e até em estratégias de marketing.

Uma alternativa é optar por soluções de big data, como o CEM (Customer Experience Management) – um supercomputador que processa dados em tempo real, complementado por um software poderoso que modela e dá uma tratativa de analytics -, que são capazes de monitorar a experiência do cliente, analisar 100% dos eventos que acontecem em uma rede de celulares, por exemplo, processar esses dados em tempo real e entregar um diagnóstico. Dessa forma, é possível identificar problemas que os clientes estão passando na utilização do serviço, de forma pontual e concentrada, para que a empresa possa aplicar ações antecipadas que evitem uma percepção de queda da qualidade do serviço, contribuindo para a melhoria da experiência do cliente.

No atendimento, o uso de inteligência artificial para auxiliar a interação com os consumidores tem ganhado força. A ferramenta diminui o esforço do cliente e melhora a eficiência operacional. A tendência é que o robô possa resolver cada vez mais problemas e que a transição da máquina para o humano, que deve estar sempre disponível para casos mais complexos, seja imperceptível.

É importante ressaltar que transformação digital é muito recente e não tem fórmula pronta. Algumas estratégias e ferramentas funcionam em uma organização, mas em outras não passam da fase de teste. Não é só a metodologia. Tem um pouquinho de crença, de persistência e habilidade na implantação. Nada é muito simples e os resultados dependem também da cultura praticada nas empresas. Essa cultura, por uma questão de sobrevivência, deve estar cada vez mais aberta às mudanças constantes que essa nova realidade exige.

Avatar photo

Colaborador

Artigos: 369