Edtechs podem contribuir para mais qualidade no ensino e inclusão

Representantes da 1STI, Escola DNC e mLearn abordaram como a tecnologia pode contribuir para dar mais oportunidades de educação no país e diminuir desigualdades

 

Edtechs podem contribuir para mais qualidade no ensino e inclusão
Painel debateu as edtechs e contribuições pela qualidade do ensino e inclusão

Como preparar os estudantes de hoje para enfrentar um mercado de trabalho que ainda está por se configurar a partir do desenvolvimento de novas tecnologias como a inteligência artificial (IA)?

“As escolas precisam desenvolver nos alunos habilidades socioemocionais e de adaptabilidade. O aluno da escola pública precisa, mais do que nunca, aprender a aprender”, acredita Ricardo Drummond, CEO da mLearn, plataforma de treinamento online que oferece mais de 300 cursos grátis a cerca de 30 mil alunos em parceria com empresas de telecom.

Para o executivo, a construção de parcerias entre edtechs e escolas públicas podem ajudar nesse sentido. Drummond foi um dos participantes do painel Edtechs e contribuições pela qualidade do ensino e inclusão, que aconteceu nesta sexta-feira, 23 de agosto, fechando a 3ª edição do EdTechs e as Escolas Públicas. Evento online e gratuito realizado pelo Tele.Síntese debateu, durante dois dias, alternativas para o avanço da qualidade do ensino público com o apoio de ferramentas da tecnologia digital.

Mateus Pellegrino, diretor de Unidade de Negócio da Escola DNC, instituição especializada em transição de carreira que oferece cursos gratuitos na área de dados, concordou com o ponto de vista e chamou a atenção para a atual escassez de mão de obra qualificada, principalmente, nas áreas de tecnologia, enquanto a taxa de desemprego segue alta.

“Existe uma demanda e as empresas precisam investir na própria formação interna. Isso já vem acontecendo por meio de parcerias com instituições”, disse. Segundo ele, a própria Escola DNC é procurada por empresas para desenvolver seus colaboradores.

Com cerca de 5 mil alunos, a instituição já formou 20 mil pessoas e tem outra preocupação que é atingir as mulheres em suas comunicações para que vejam a carreira de dados como possibilidade de carreira. “Enquanto na formação acadêmica de dados há cerca de 15% de mulheres, nós chegamos a 40%”, conta. Fazemos esse esforço de comunicação e mostramos exemplos de sucesso de mulheres nessa carreira”, conta.

Qualidade e acessibilidade

Outro ponto levantado por Pellegrino é sobre como entregar uma educação de qualidade e, ao mesmo tempo, acessível. Ele deu exemplos de como a Escola DNC desenvolveu os cursos tentando aliar aulas gravadas com aulas ao vivo, entregas de cases e o desenvolvimento de projetos práticos.

Ele deu exemplos de jovens que conseguem acesso ao ensino superior privado graças a programas de governo, mas que não tiram proveito das aulas porque, muitas vezes, trabalham o dia todo e se deslocam por grandes distâncias para acompanhar os cursos.

“É preciso integrar os dados com o menor viés possível para analisar os principais indicadores e pensar como trabalhar a verdade dura, que é o fator renda e o fator janela de atenção e perda cognitiva dos alunos”, disse.

Igor Couto, CEO e diretor de Tecnologia da 1STI, que desenvolveu o projeto Vai na Web, voltado para formar em alta tecnologia jovens de áreas pouco atendidas, também comentou sobre a necessidade de melhorar o processo de ensino e aprendizagem.

O projeto Vai na Web, que começou em 2017 no Rio de Janeiro, hoje tem cerca de 1.200 alunos em todos os estados do país.

O modelo desenvolvido pela 1STI visa não só formar, como aproximar os jovens do mercado de trabalho. Depois da aprendizagem, eles passam por uma espécie de estágio numa empresa júnior do projeto, quando já recebem salário pelo trabalho desenvolvido.

De acordo com Couto, 100% da verba que vem da empresa júnior ajuda a custear a formação de mais alunos. Do estágio, os novos profissionais têm a chance de sair com um emprego. “Em vez de dizer para as empresas patrocinarem uma turma, eu digo: contratem nossos melhores alunos”, explicou.

Neste ano, o projeto já formou 480 jovens. “Temos que pensar como usar o digital para superar o abismo de aprendizagem e de competitividade entre as faixas de renda”, completou Couto.

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Simone Costa

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