EAF prepara-se para disputar direito de passagem para a rede privativa do governo

Segundo o presidente da empresa, Leandro Guerra, a rede privativa do governo precisará ter que compartilhar a infraestrutura de dutos e postes. O planejamento já começou.
Leandro Guerra presidirá a EAF do 5G. Foto- Gabriel-Jabur- Tele.Síntese
Foto- Gabriel-Jabur- Tele.Síntese

A EAF – empresa que deve entregar todas as obrigações estabelecidas para as operadoras de celular no leilão do 5G, também conhecida como “Siga Antenado”– tem um balanço positivo do que já conseguiu entregar, passados dois anos de sua criação.  Leandro Guerra, presidente da empresa, afirma, otimista, que todas as obrigações assumidas (que irão consumir mais de R$ 6 bilhões arrecadados no leilão) serão entregues até o prazo final, fevereiro de 2026, estipulado no edital. ” 2024 é o ano chave”, afirma.

Segundo o executivo, para cada uma das obrigações estipuladas, os desafios são grandes e distintos. Entre eles, elenca,  a construção da rede fixa privativa do governo, cujo planejamento para a chegada em cada capital brasileira já começou, poderá ser de alta complexidade.

“Começamos o planejamento em cada cidade para saber como e onde chegaremos com os cabos das redes metropolitanas que teremos que construir para ligar os seis mil e quinhentos prédios públicos do Governo Federal. E, já identificamos que poderemos precisar construir a própria rede dentro de algumas cidades, o que vai nos trazer o desafio do compartilhamento de infraestrutura”, assinala ele.

Para o executivo, conquistar o direito de passagem para alcançar os 6.500 pontos que deverão ser interligados com a rede de banda larga fixa será uma tarefa mais complexa do que a construção da rede de celular privativa, no Distrito Federal, cujas propostas para a compra dos equipamentos já foram lançadas.

A rede móvel, de 4G, já virá com os equipamentos prontos para fazer o up grade para tecnologias mais avançadas como a 5G, mas nesse caso a dificuldade é a pouca disponibilidade de banda, já que essa rede conta apenas com 10 MHz (5+5 MHz) em 700 MHz destinados pela Anatel no leilão. ” Iremos também integrar todas as plataformas que são hoje usadas pelos órgãos de segurança do governo”, observa ele.

Infovias

Em outra frente, e também muito desafiadora para a EAF, está a entrega das seis infovias de banda larga que vão conectar a Região Norte do país. ” Não é só uma infovia. Precisamos dar conta de SEIS redes. Mas entregaremos no prazo”, afirma, apontando que, nesse caso, o maior desafio é mesmo a condição hidrográfica da região. A seca dos rios no ano passado, por exemplo, comprometeu o cronograma da infovia 02, que corta o estado do Amazonas. Mas Guerra prefere dizer que não houve atraso no projeto, mas alteração no cronograma de antecipação das obras.

A infovia 03, que liga Belém (PA) a Macapá (AP), por exemplo, está pronta para ser lançada ao rio. Hoje, comemorou o executivo, a obra obteve o licenciamento ambiental do Ibama. A partir de agora, a empresa aguarda apenas o sinal verde do Gaispe (grupo dirigido pela Anatel) para fazer o lançamento dos cabos. Como tudo na Amazônia tem dimensões gigantescas, a partir do início do lançamento dos cabos, serão necessários mais 25 dias para que esta rede sub-fluvial ligue as duas capitais. A infovia 04, que liga uma cidade do Amazonas (Vila de Moura) à capital de Roraima (Boa Vista) também já está com tudo pronto para ser lançada, faltando apenas a licença ambiental.

Concluída esta primeira etapa do projeto de infovias, a EAF já prepara as compras para a segunda etapa, que vai construir as outras três infovias programadas. E, neste caso, as redes são ainda mais extensas, e natureza  mais adversa, com rios mais caudalosos. Serão mais de 6  mil quilômetros de cabo conectando municípios do Amazonas, Rondônia e Acre.

Parabólicas

Este ano também a logística para a entrega das parabólicas às famílias de baixa renda que integram o Cadastro Único é maior, assinala o presidente da EAF, visto que a demanda por esses equipamentos está se interiorizando no Norte e Nordeste do país. Já foram entregues quase 2  milhões de kits de antenas parabólicas, 60% delas no Nordeste e a expectativa, disse Guerra, é que mais 3 milhões de kits sejam ainda distribuídos. Também já está quase concluída a ação para a mitigação dos equipamentos profissionais de TV e quase concluída em todos os municípios brasileiros a migração dos canais de TV, que tiveram que ceder suas frequências para o 5G. “Nesse segmento, estamos um ano à frente do cronograma”, comemorou.

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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