É hora de vender provedor, dizem especialistas
“O dono do provedor que quiser vender, que faça agora. Estamos no auge do preço. Logo vão valer menos do que valem hoje”. O aviso é de Vicente Gomes, fundador da Sumicity Telecom e um dos convidados do webinar Por Que Vender Meu Provedor?, realizado pela IT Investimentos, com apoio do Ponto ISP e do Tele. Síntese.
O evento reuniu especialistas para responder a questão. Adriano Marques, fundador do Wirelink, concordou com Gomes. “Estamos vivendo o ápice do preço de provedor. Mas o provedor tem que ter um pouco de gestão, um pouco de governança”, falou.
“O mercado está se fechando, então os compradores estão escolhendo. Tem muito mais empresas do que dinheiro para se comprar empresas. Nós mesmos queremos comprar mais empresas e pagar menos”, foi adiante Vicente Gomes.
“Mas é preciso estar com balanço em dia, estar organizado em contabilidade, de preferência com um único CNPJ, e fazer uma auditoria”, complementou.
E tem um detalhe. “Os fundos que querem comprar precisam saber o que estão comprando. E concordo que vai chegar uma hora que não haverá mais interesse. Quem queria comprar já comprou, já se posicionou na região que queria”, pontuou Marques.
Os quatro convidados do webinar apresentaram razões parecidas para que a decisão seja de vender.
“Por que vender? Vai chegar uma hora que o mercado vai canibalizar, daí um vai pegar o outro. Tem hora que você chega num tamanho que não consegue mais uma boa gestão sem uma ajuda profissional”, disse Paulo de Tarso Peres, fundador do LPNet Internet Provider.
Gabriel Sartor, fundador da Ligue, completou: “Ou a gente cresce, ou a gente engloba. Quando você chega num certo nível, ou você tem um capital muito grande para girar ou a conta não fecha. Tem que investir muito para crescer e não encolher”.
Ele deu suas orientações. “Balanço auditado é essencial para negociação do provedor. E também documentação em ordem, 100% legalizada.”
Questão tributária
Sob a moderação de Gustavo Barros, sócio fundador e CEO da IT Investimentos, os convidados avançaram para questões futuras.
“A principal dificuldade que vejo para os próximos anos é que a internet não tem aumentado. Em 2002, eu vendia internet a R$ 80. Em 2021, cobro mais ou menos o mesmo, mas os custos subiram. Poste tem reajuste, contratos em geral têm reajuste, funcionários têm reajuste. E o custo da internet se mantém para o consumidor. Então você tem que ter um número muito maior de assinantes para sobreviver”, observou Vicente Gomes.
Segundo o fundador da Sumicity, “ou você é pequeno e pode ter pouca banda, ou é grande e tem volume de banda”. Para ele, “o regime tributário pune os médios”.
Adriano Marques concordou e complementou. “O grande divisor de águas é a questão tributária, como disse o Vicente. Se você é um ISP organizado no Simples, se passar do simples vai ter uma dificuldade de tamanho inimaginável. Então você fica no Simples e se contenta com isso. Ou fica quase impossível trabalhar com essa carga tributária.”
“A grande dificuldade é fazer com que a economia consiga dar fôlego. Cobramos US$ 15. Lá fora é US$ 60, US$ 70 para ter internet da mesma qualidade. Se os pequenos e médios não se organizarem e criarem escala, vai ficar cada vez mais difícil concorrer com os grandes, que estão criando escala”, concluiu o fundador do Wirelink.